São Paulo, quarta-feira, 28 de julho de 2010

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Facebook sugere contato com amigo morto

JENNA WORTHAM
DO "NEW YORK TIMES"

Courtney Purvin teve um choque quando visitou o Facebook no mês passado. O site sugeria que ela retomasse o contato com um velho amigo da família, que tocou piano no casamento dela havia quatro anos. O amigo tinha morrido em abril. "Aquilo me deixou bem apavorada. Era como se ele tivesse voltando dos mortos", diz ela.
O Facebook, a maior rede social do mundo, sabe muito a respeito de seus cerca de 500 milhões de membros. Seu software é rápido em oferecer toques úteis sobre coisas como aniversários iminentes e amigos que você não contata há algum tempo.
Mas a empresa tem tido dificuldade em automatizar a tarefa de descobrir quando um de seus usuários morreu.
Isso pode levar a alguns momentos perturbadores ou estranhos para os usuários do Facebook, enquanto o site continua submetendo um amigo falecido aos seus algoritmos sociais. O Facebook diz estar tentando insistentemente descobrir uma forma de lidar com os fantasmas existentes em seu sistema, mas reconhece que não encontrou uma boa solução.
"Esse é um assunto muito delicado, e é evidente que ver amigos mortos aparecerem pode ser doloroso", disse Meredith Chin, porta-voz da empresa. "As pessoas morrem diariamente. Devido ao tamanho do site, nós nunca seremos perfeitos em descobrir isso", acrescentou ela.
James E. Katz, professor de comunicações da Universidade Rutgers, disse que a empresa está enfrentando um problema decorrente do amadurecimento. "Muitos dos primeiros usuários do Facebook eram jovens, e a morte era rara e excessivamente trágica", afirmou.
Agora, pessoas com mais de 65 anos estão aderindo ao Facebook em um ritmo mais acelerado do que qualquer outra faixa etária, com 6,5 milhões tendo se registrado em maio último, três vezes mais do que em maio de 2009, segundo a empresa de pesquisa comScore. As pessoas acima de 65 anos, é claro, também apresentam a taxa mais alta de mortalidade dos EUA, de modo que o problema tende apenas a piorar.
Tamu Townsend, uma escritora de 37 anos de Montreal, disse que recebia regularmente convites para se conectar com conhecidos e amigos que tinham morrido.
"Algumas vezes é bem confortante quando os rostos deles aparecem, mas outras não. Se for uma pessoa que morreu recentemente, isso dói", disse Townsend.
Purvin, uma professora de 36 anos que mora em Plano (Texas), disse que, depois de passar o susto inicial de ver o rosto de seu amigo, ficou feliz pela lembrança. "Aquilo me fez começar a falar sobre ele e a pensar nele, então foi bom.
Mas certamente foi um pouco assustador", disse ela.


Tradução de FABIANO FLEURY DE SOUZA CAMPOS


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