São Paulo, quarta-feira, 31 de agosto de 2011

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I ♥ STEVE

Saída do executivo do comando da Apple desperta reações emocionadas de clientes-fãs, ofuscando a fama de tirano e 'pavio curto' que ele tinha na empresa

DE SÃO PAULO

O anúncio da renúncia de Steve Jobs ao comando da Apple, devido a seu frágil estado de saúde, provocou uma onda mundial de demonstrações de afeto pelo empresário -algo comum com pop-stars, mas raro em relação a executivos-chefes de grandes empresas.
Na última quarta, centenas de milhares de mensagens foram compartilhadas nas redes sociais logo após a divulgação da saída de Jobs. A maioria delas de conteúdo positivo, segundo a empresa de análise NetBase.
"Quero acordar e ver que tudo isso foi um pesadelo", escreveu Om Malik, blogueiro de tecnologia. Andrew Baughen, pároco londrino que estava em San Francisco, disse ver na Apple mais que uma corporação. "Ela se parece mais com uma família, com um movimento. Gostaria de encontrá-lo [Jobs] no Céu e dizer a ele 'obrigado'".
No Brasil, a reação dos clientes-fãs não foi muito diferente. "O cara é gênio e tem um carisma absurdo.
Para quem gosta de tecnologia, ele transformou a Apple no que a Ferrari é para quem gosta de automobilismo", diz Sérgio Miranda, editor da revista "Mac+" e colecionador de equipamentos e objetos relacionados a Jobs e à Apple.
"Ele sai por cima, deixa a companhia com um bom prospecto", complementa Mario Amaya, fotógrafo, que chegou a ter uma coleção com cerca de 40 produtos da Apple.

SHOWMAN
Para analistas, um dos motivos do amor ao executivo está na forte ligação entre a figura pública dele e as criações da Apple, sempre apresentadas por Jobs em grandes e concorridos "shows".
"É como se ele lhe entregasse pessoalmente um iPhone ou um iPod. Isso o torna especial. Para muitos consumidores, é como se recebessem um presente de alguém da família", opina Jon A. Krosnick, psicólogo social da Universidade Stanford.
Como resultado, clientes da Apple sentem como se tivessem um elo pessoal com Jobs.
Especialistas também apontam que a trajetória improvável de Jobs o aproxima do público. Demitido em 1985 da empresa que fundou em 1976, ele retornou em 1996 para transformar a companhia em uma gigante do mercado. E continuou a trabalhar enquanto lutava contra o câncer de pâncreas.

TERROR NO ELEVADOR
Esses fatores fizeram com que a imagem interna de Jobs, de chefe tirano e de "pavio curto", fosse deixada de lado na semana passada.
O executivo era temido pelos funcionários, que morriam de medo de encontrá-lo no elevador da empresa, como relatou o engenheiro Michael Dhuey, 53, ex-Apple, ao site VentureBeat.
Segundo ele, os funcionários pensavam em perguntas que fariam a Jobs caso o encontrassem acidentalmente. "Uma pergunta inteligente para o Steve poderia aliviar a pressão sobre você."
Dhuey conta que, quando Jobs ouvia algo que o entediasse numa reunião, não hesitava em interromper o interlocutor com rispidez. "Não preciso ver isso. Vamos em frente", dizia.
Apesar desses episódios, Jobs era aprovado por 95% dos funcionários da Apple, segundo uma pesquisa de abril da Glassdoor.com.

Com informações do "New York Times". Colaboraram RAFAEL CAPANEMA e ALEXANDRE ORRICO, de São Paulo.

FOLHA.com
Leia o especial 'A Apple sem Steve Jobs'
folha.com/stevejobs


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