São Paulo, domingo, 29 de março de 1998

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Artigo anacrônico ainda vende

O empresário Miguel Mixeu, sócio da Catodi, loja que comercializa cerca de 2.000 agulhas e cápsulas para toca-discos por mês
da Reportagem Local

Modernidade é bom, mas também tem seus inconvenientes. Um deles surgiu para quem tem discos de vinil em casa e não quer transformá-los em simples objetos de decoração na estante.
Em tempos de CD e DVD (videodisco digital), substituir aquela agulha quebrada do toca-discos pode virar tarefa de garimpeiro.
Isso porque poucas lojas ainda trabalham com o produto. Uma delas é a Catodi, que funciona há 33 anos na rua Santa Ifigênia, centro de São Paulo, e vende uma média de 2.000 agulhas e cápsulas para toca-discos por mês.
"As vendas vêm caindo bastante nos últimos anos, mas ainda há muita procura", conta Miguel Mixeu, 70, sócio e fundador.
Se depender do fabricante, as "bolachas" de vinil não devem ser aposentadas tão cedo. "Não temos intenção de deixar de produzir os componentes", diz José Fazio Filho, 53, gerente de vendas da Le Son, que, segundo ele, é o único fabricante de agulhas hoje no país.
A produção, no entanto, é intermitente. De tempos em tempos, a Le Son produz até 20 mil unidades para reabastecer o mercado. No final dos anos 60, auge da produção, eram mais de 2 milhões.
A empresa prioriza agora a fabricação de "tweeters" (alto-falantes para sons agudos) e microfones.
Outro produto que está quase em extinção, mas que ainda garante os negócios de algumas empresas, é a pena para caligrafia, usada para fazer inscrições em convites, por exemplo.
Só algumas papelarias especializadas e mais tradicionais, como a Rosário, em São Paulo, ainda têm o produto nas prateleiras.
Especializada em material técnico para arquitetura e artes plásticas, a Rosário vende as penas especiais para calígrafo há mais de 40 anos. Hoje comercializa entre 50 e 100 unidades por mês.
São cerca de 15 modelos diferentes de pena, que custam, em média, R$ 1,50. O cabo da caneta sai por, no máximo, R$ 8.
Como não encontra fornecedores, a papelaria trabalha com um estoque antigo e limitado, que hoje reúne cerca de 4.000 unidades.
"Corremos o risco de ficar sem o produto, quando os estoques acabarem", diz o gerente, Alvaro Oriani, 46. Segundo ele, ainda há esperança de encontrar fabricantes na Europa.

Onde encontrar - Catodi: (011) 221-3537; Le Son: (011) 831-8199; Papelaria Rosário: (011) 214-3641.



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