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Artigo anacrônico ainda vende
O empresário Miguel Mixeu, sócio da Catodi, loja que comercializa cerca de 2.000 agulhas e cápsulas para toca-discos por mês
da Reportagem Local
Modernidade é bom, mas também tem seus inconvenientes. Um
deles surgiu para quem tem discos
de vinil em casa e não quer transformá-los em simples objetos de
decoração na estante.
Em tempos de CD e DVD (videodisco digital), substituir aquela
agulha quebrada do toca-discos
pode virar tarefa de garimpeiro.
Isso porque poucas lojas ainda
trabalham com o produto. Uma
delas é a Catodi, que funciona há
33 anos na rua Santa Ifigênia, centro de São Paulo, e vende uma média de 2.000 agulhas e cápsulas para toca-discos por mês.
"As vendas vêm caindo bastante
nos últimos anos, mas ainda há
muita procura", conta Miguel Mixeu, 70, sócio e fundador.
Se depender do fabricante, as
"bolachas" de vinil não devem ser
aposentadas tão cedo. "Não temos
intenção de deixar de produzir os
componentes", diz José Fazio Filho, 53, gerente de vendas da Le
Son, que, segundo ele, é o único
fabricante de agulhas hoje no país.
A produção, no entanto, é intermitente. De tempos em tempos, a
Le Son produz até 20 mil unidades
para reabastecer o mercado. No final dos anos 60, auge da produção, eram mais de 2 milhões.
A empresa prioriza agora a fabricação de "tweeters" (alto-falantes
para sons agudos) e microfones.
Outro produto que está quase
em extinção, mas que ainda garante os negócios de algumas empresas, é a pena para caligrafia,
usada para fazer inscrições em
convites, por exemplo.
Só algumas papelarias especializadas e mais tradicionais, como a
Rosário, em São Paulo, ainda têm
o produto nas prateleiras.
Especializada em material técnico para arquitetura e artes plásticas, a Rosário vende as penas especiais para calígrafo há mais de
40 anos. Hoje comercializa entre
50 e 100 unidades por mês.
São cerca de 15 modelos diferentes de pena, que custam, em média, R$ 1,50. O cabo da caneta sai
por, no máximo, R$ 8.
Como não encontra fornecedores, a papelaria trabalha com um
estoque antigo e limitado, que hoje reúne cerca de 4.000 unidades.
"Corremos o risco de ficar sem o
produto, quando os estoques acabarem", diz o gerente, Alvaro
Oriani, 46. Segundo ele, ainda há
esperança de encontrar fabricantes na Europa.
Onde encontrar - Catodi: (011)
221-3537; Le Son: (011) 831-8199; Papelaria Rosário: (011) 214-3641.
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