São Paulo, domingo, 30 de abril de 2000



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BANCAS

Sebrae orienta proprietários a investir só em diferenciais, como ambiente, atendimento e variedade

"Alternativos" rendem 30% das vendas

da Reportagem Local

A venda de produtos alternativos em bancas de jornais representa cerca de 30% do faturamento bruto desses estabelecimentos, de acordo com números do Sindicato dos Vendedores de Jornais e Revistas da cidade de São Paulo.
"O número não é grande, mas os produtos alternativos são uma maneira de alavancar as vendas. A pessoa vem para comprar um jornal e leva um chocolate", exemplifica Francisco Ranieri, 60, presidente do sindicato.
Para os proprietários de bancas e representantes de entidades da categoria, a venda de produtos alternativos, como brinquedos, doces e sorvetes, é a única maneira de sobreviver no setor.
Segundo Nice Simas de Almeida, 41, proprietária de duas bancas de jornal na Aclimação (zona sudoeste de São Paulo), o mercado pode ser lucrativo para quem trabalha com criatividade e oferece os produtos alternativos aos clientes.
"Nos três primeiros anos como dona de banca, consegui cerca de R$ 40 mil para comprar uma nova banca", afirma Nice, que nunca foi multada. Um de seus estabelecimentos fatura R$ 25 mil, com lucro de 30%. "Pelo menos consigo manter meus quatro filhos em colégios particulares."

Concorrência
De acordo com a Associação dos Proprietários de Bancas de Jornais e Revistas e Revistarias, a concorrência cerca o setor.
Porphirio da Silva Mello, 48, presidente da associação, afirma que a venda de jornais e revistas em supermercados e lojas de conveniência, o crescimento da Internet e o aumento no número de assinaturas tornam a concorrência bastante acirrada.
Para Carla Alvarez Gomes Viudes, 31, dona da banca Bancarla, em Perdizes (zona noroeste de São Paulo), essa concorrência faz com que a venda de jornais e revistas não seja mais suficiente para manter o negócio lucrativo.
"Acho que as bancas correm o risco de serem extintas. Elas precisam inovar e oferecer mais serviços aos clientes", afirma Carla, que era publicitária e está há oito anos no mercado, sem nunca ter sido multada.
Ela conta que não faz um controle rigoroso do faturamento, mas conquistou "estabilidade econômica". "Comprei carro, apartamento e vivo bem."

Alternativa
Luís Abílio de Oliveira Gonçalves, 33, encontrou uma forma de conseguir comercializar os produtos alternativos sem desrespeitar a lei: montou uma livraria em frente à banca de jornal de sua concessão, nos Jardins (zona sudoeste de São Paulo).
"Basta o cliente atravessar a rua para encontrar produtos como jornais, revistas, doces e brinquedos", diz o jornaleiro, que não fala em valores "por medo de assalto".
Quanto à banca, ele explica que existe uma série de restrições com relação ao tamanho do estabelecimento e aos produtos que são comercializados. "Os "alternativos" representam cerca de 50% do faturamento de uma banca e funcionam como um forte atrativo para as vendas", afirma.
Para o consultor do Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa) Sandro Luiz Neves, as bancas não deveriam se preocupar tanto com a venda de produtos alternativos.
Segundo Neves, os proprietários deveriam concentrar esforços para oferecer um bom atendimento, variedade de produtos e ambiente agradável. "Essa é a maneira de atrair os clientes para comprar jornais ou revistas, e não outros produtos." (CF)


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