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Análise

É difícil ficar indiferente à carga histórica de Jerusalém

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

O fascínio exercido por Jerusalém foi documentado em centenas de livros, mas na literatura médica ele encontra sua versão mais intrigante.

Todos ano, vários visitantes são tratados com sintomas da "Síndrome de Jerusalém", estado psicótico que faz o paciente incorporar algum personagem bíblico (leia na pág. F6). Um médico do hospital psiquiátrico Kfar Shaul, em Jerusalém, especializado na síndrome, conta que certa vez havia três Virgens Marias dividindo o mesmo quarto.

Mesmo para quem não se liga em religião, é difícil ficar indiferente à carga histórica da cidade. Para muitos, o peso chega a ser opressivo.

Graças a Deus, dizem com sarcasmo os não religiosos, Jerusalém também tem seu lado mundano. Quem se dispõe a desviar do roteiro clássico descobre uma cidade com shows musicais diários, bons restaurantes, bares animados e museus de primeira.

E muito segura, apesar do conflito. Já as controvérsias fazem parte do dia a dia.

Um exemplo é o trem urbano de Jerusalém, que começou a operar em agosto. A prefeitura diz que o objetivo é integrar uma cidade que triplicou de tamanho nos últimos 40 anos. Os palestinos, que sonham em também ter sua capital na cidade, acusam Israel de usar o trem como mais um fato consumado da unificação de Jerusalém.

Enquanto modernos trens prateados circulam entre velhas construções de pedra, poucos creem que eles serão capazes de romper a barreira étnica que divide a cidade.

Jerusalém foi unificada na Guerra dos Seis Dias, em 1967. Desde então, foi ampliada de 40 km² para atuais 125 km², pouco menor que Guarujá (SP). Capital de Israel, não reconhecida pela comunidade internacional, é a maior cidade do país, com 800 mil habitantes -62% judeus, 36% muçulmanos e 2% cristãos.

A fronteira invisível persiste entre o lado oriental (árabe) e o ocidental (judeu) -como se moradores de uma mesma casa vivessem de costas uns para os outros. Disputas à parte, a dualidade é mais uma atração para o visitante. Dois mundos em uma cidade, a poucos passos de distância.

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