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Índia em cores

Visita ao país suscita momentos de rara beleza e de puro horror

PEDRO CARRILHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM DÉLI

Dizer que uma viagem à Índia é um "assalto aos sentidos" talvez seja o mais batido dos clichês sobre o país na literatura turística. Mas negar isso, depois de ter viajado para lá, é tarefa difícil.

Não há como ficar indiferente à Índia, que acomete o turista de um choque cultural, já que uma viagem ao país acaba, para muitos, se tornando um caso de amor e/ou de ódio, pois o destino é desafiador até para o mais experiente dos viajantes.

Para o fotógrafo ou entusiasta da fotografia, o território indiano, de dimensões continentais, é uma espécie de Disneylândia de imagens.

A Índia consegue alternar, com maestria, momentos de rara beleza e, também, de profundo horror.

Sáris esvoaçantes tingem com suas cores saturadas os tons ocres de suas ruas empoeiradas. Rituais milenares e festivais religiosos hipnóticos escancaram a riqueza de seu caldeirão humano e expõem as idiossincrasias de uma sociedade aparentemente impenetrável.

Lado a lado convivem suntuosas relíquias de uma longa e turbulenta história e a mais abjeta miséria humana, que, por mais pujantes que estejam os indicadores econômicos no início deste século, continua simplesmente impossível de ser varrida para debaixo do tapete (belíssimo tapete, por sinal).

Suas diferentes etnias e costumes e suas vibrantes cidades fazem com que o país seja um excelente destino para quem gosta de um bom retrato. Para melhorar, os indianos são, em geral, bastante receptivos quando fotografados. Mesmo assim, não se esqueça de pedir permissão sempre que possível.

Em muitos casos, no entanto, são os próprios indianos, principalmente crianças e adolescentes, que pedem para ser fotografados. Não se assuste se pedirem para tirar fotos suas ou com você.

DICAS PARA CLICAR

A dica para melhorar as fotos de qualquer viagem é aproveitar ao máximo a boa luz nos horários próximos ao amanhecer e ao fim do dia.

Um mínimo de planejamento, portanto, se faz necessário, procurando sempre estar nos locais mais fotogênicos perto desses horários. E por mais que acordar de madrugada durante uma viagem de férias não seja normalmente a prioridade, na Índia urbana talvez seja a única oportunidade de fazer passeios longe das multidões, aproveitando as temperaturas mais amenas do horário e observando os locais em seus afazeres cotidianos.

Uma lente do tipo grande angular é essencial para fotografar os grandes monumentos, assim como uma teleobjetiva ajuda a captar cenas urbanas com mais discrição (ou vida selvagem nos parques nacionais).

Um tripé pode ter muita utilidade, mas pense com carinho antes da viagem se você realmente deseja carregá-lo o tempo todo. Não se esqueça de levar também um kit de limpeza para livrar as lentes da poeira abundante e de manchas gordurosas.

No momento de planejar uma viagem ao país é bom estar atento aos padrões climáticos do sul asiático.

Grandes cidades como Déli são frequentemente tomadas por um denso "smog" (ou névoa), principalmente nas manhãs de inverno, quando a visibilidade fica tão baixa que fotografar se torna um exercício inútil.

É bom evitar o calor opressivo do período pré-monções, que tem seu pico em maio. Entre junho e setembro o calor segue forte, mas as chuvas torrenciais trazem alívio e limpam o ar de tantas partículas suspensas.

Já o inverno pode ser uma boa época para conhecer o sul tropical, mas os Estados himalaicos estarão debaixo de neve e devem ser visitados durante o verão, enquanto as planícies estiverem torrando ou sob a água das monções.

Não são poucos os viajantes cujo choque inicial de uma viagem à Índia evolui rapidamente para o pavor total. Sair dali o quanto antes se torna uma obsessão para esses. Mas muitos mais acabam se encantando com o país, exatamente pelas contradições que essa sociedade caleidoscópica apresenta a quem decide desbravá-la.

Para esses, a Índia é uma montanha russa de altos e baixos vertiginosos, uma espécie de teste de fogo até mesmo para os viajantes mais experientes, onde a primeira regra é esperar o inesperado. Na Índia, como os próprios indianos gostam sempre de lembrar aos visitantes, tudo é possível.

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