Bares tentam recuperar prestígio do Maksoud
Hóspedes convivem com badalada vida noturna aberta a visitantes
Local ainda prevê, até o primeiro semestre de 2016, reformatar o restaurante e inaugurar cinema e 'planteria'
O relógio apontava mais de 3h15 de uma madrugada de sexta para sábado.
No lobby, com jazz e rock clássico ainda a tocar, funcionários do bar que fechava as portas brincavam, um carregando o outro nos ombros.
A cena era vista do último andar, das suítes presidenciais, onde o silêncio dos corredores vazios era quebrado, lá no fundo, por um batuque de música eletrônica –por entre as estruturas metálicas do teto via-se os reflexos dos holofotes de uma balada.
Mas, nos quartos, não havia barulho. A noite podia terminar com conforto.
Não que o Maksoud Plaza tivesse motivos para eventualmente reclamar dos ruídos da vida noturna intensa que se instalou por lá neste ano.
A balada PanAm Club, aberta em janeiro, e o Frank Bar, de abril, ajudaram a reavivar um espírito que marcou o hotel, na região da avenida Paulista, desde sua inauguração, em dezembro de 1979.
Na década seguinte, a elite tinha na casa de jazz 150 Night Club, no restaurante La Cuisine du Soleil, no teatro, refúgios para pôr em prática o clichê ver e ser visto. Em 1981, Frank Sinatra ali se apresentou pela última vez no Brasil. Na Folha da época, Mino Carta, cobrindo as apresentações, escreveu que encontrara "o hotel da minha glória".
Mais tarde, estiveram entre as atrações locais ou na lista de hóspedes Ray Conniff, Julio Iglesias, Catherine Deneuve, Guns N'Roses.
Não é por acaso o fato de a lista acima não trazer nomes mais contemporâneos. Passados os anos 1980, o Maksoud entrou em uma espiral que combinou crises nas finanças, brigas na família de donos, novidades mais luxuosas no setor hoteleiro. Lembrando 30 anos dos shows de Sinatra, a mesma Folha tachou o hotel apenas de "decadente".
PONTO DE ENCONTRO
Foi para entender se os bons tempos voltaram que a reportagem se hospedou no Maksoud no final de julho –e frequentou os restaurantes, o PanAm, o Frank.
Em um fim de semana, o hotel que à primeira vista parece ter perfil mais executivo (são 38 salas de evento), vivia seus dias de resort.
Na noite de sexta, uma família aproveitava a piscina, enquanto filas se formavam no bar um andar abaixo. No sábado, casais perfumados desciam pelos elevadores. Um menino brincava com seu coelho de pelúcia na mesa de café do domingo. Ouvia-se idiomas e sotaques de várias partes –italiano, chinês, francês, mineiro, carioca...
É verdade que "datado" pode ser adjetivo para os tapetes dos corredores (uma cor por andar, segundo o padrão de suítes), mensageiros de quepe vermelho, o olho-d'água com fontes e os preços da comida (R$ 47 o hambúrguer).
Mas a decoração dos quartos (com diárias a partir de R$ 430) não fica a dever em modernidade e conforto.
"O Maksoud nasceu a uma quadra da Paulista para ser ponto de encontro; acabou ensimesmado, parou de olhar para São Paulo", diz Facundo Guerra, parceiro do hotel, que criou o conceito do Frank e administra o PanAm. "É um local com memória afetiva, de arquitetura singular; estamos atualizando o software".
O hotel prevê, para os próximos meses, reformatar o restaurante e inaugurar um cinema e uma "planteria" com restaurante orgânico no estacionamento.
MAKSOUD PLAZA
ONDE al. Campinas, 150, Jardim Paulista (SP); tel. (11) 3145-8000
DIÁRIAS a partir de R$ 430
MAIS maksoud.com.br