São Paulo, quinta-feira, 01 de setembro de 2011

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Santiago merece visita de pelo menos uns três dias

Em três andares, museu da Memória relembra os anos da ditadura no país

Instituição dedicada à moda tem mais de 10 mil peças em exibição, incluindo vestido raro de Yves Saint Laurent

JAIME BÓRQUEZ
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE SANTIAGO

Ficou para trás o tempo em que a capital chilena era usada apenas como ponto de escala: a metrópole virou atração e destino. O "The New York Times", por exemplo, indicou Santiago como a primeira cidade que merece ser visitada em 2011.
Portanto, numa viagem ao Chile, não se esqueça de reservar ao menos três dias para explorar novos e antigos endereços da cidade.
Uma das coisas boas é que as atrações são acessíveis a pé ou de metrô. Para quem faz sua primeira incursão na capital chilena, há roteiros básicos, de reconhecimento.
O mais comum é partir da estação do metrô Universidad de Chile em direção ao palácio presidencial. Os pátios da morada dos presidentes podem ser visitados -basta passar pela revisão policial. No lado sul deste, num amplo subterrâneo, está o Espacio Cultural, com sala de cine-arte, livraria, café e até um museu de brinquedos típicos.
A poucos quarteirões dali, é possível percorrer o calçadão Ahumada até a praça de Armas, onde fica a catedral Metropolitana, o correio e o prédio da Municipalidad de Santiago, e, então, seguir até o Mercado Central.

PARTICULARIDADES
Curiosamente, muitos chilenos não aceitam a revista "Playboy", mas têm no jornal "La Cuarta" capas com meninas voluptuosas, além de classificados algo explícitos.
E, se isso não é prova da moral conservadora que se aferra ao passado, ainda há gente que tem em Pinochet o responsável por ter salvo a pátria das garras comunistas.
A divisão é imagem latente. Não importam os anos de democracia chilena: a ferida é profunda e não está cicatrizada. Quem não entende a razão deve ir ao Museu da Memória e dos Direitos Humanos (www.museodelamemoria.cl).
Nos três andares, mesmo quem não tem muita ideia dos tempos escuros que o Chile viveu sob o regime de Augusto José Ramón Pinochet Ugarte fica estarrecido. O museu mostra os acontecimentos passo a passo, desde a manhã do 11 de setembro do 1973, quando foi bombardeado o palácio presidencial no qual morreu o presidente Salvador Allende Gossens, até a euforia do retorno da democracia, em 10 de março de 1990. O projeto é de autoria do escritório Figueroa, Ferb e Dias, arquitetos brasileiros.
Para conhecer um Chile mais leve e solto, convém ir ao Museu da Moda (www.museodelamoda.cl), uma instituição privada, produto da dedicação de Jorge Yarur Bascuñan, filho único do maior e mais poderoso industrial têxtil do Chile dos anos 1950 até os anos 1980.
Estão à mostra mais de 10 mil peças -sabe-se que Yarur tem mais que o dobro do que está sendo exibido.
As vitrines têm tecnologia sofisticada para manter essas preciosidades. Sim: não há outro nome para qualificar, por exemplo, o vestido inspirado num quadro de Modrian feito por Yves Saint Laurent. Há só dois no mundo (o outro está no museu Victoria and Albert, em Londres).


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