|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESTAÇÃO NAS NUVENS
Perto da capital, Paranapiacaba mantém seu traçado
Ar inglês protege arte em vila em São Paulo
MARCELO GUTIERRES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
As casas são pequeninas, com
três ou quatro cômodos, e foram
construídas em meados do século
19. Ficam na parte baixa, onde as
estruturas são de pinho-de-riga,
madeira rara do norte da Europa.
Na parte alta, estão as construções
de alvenaria, mais recentes. É assim, conjugando nobreza a simplicidade, passado a presente, que
a vila de Paranapiacaba, em Santo
André, na Grande São Paulo (a 55
km da capital) se apresenta.
A vila é considerada patrimônio
histórico nacional desde 2002.
Sua divisão em duas partes obedece a aspectos geográficos, e, sobretudo, históricos.
Na parte inferior estão as 360
casas adquiridas pela Prefeitura
de Santo André em 2001. Na parte
superior, concentram-se os moradores que chegaram depois.
Paranapiacaba é uma herança
da presença inglesa na mata
atlântica. A parte baixa recebeu
planejamento urbano para abrigar originalmente funcionários
da São Paulo Railway Company.
A organização não é por acaso.
Refletiu, em meio a ruas de terra
ou pedra que raramente são incomodadas por um carro, a distribuição hierárquica da empresa.
Os operários moravam nos níveis mais baixos; e o engenheiro-chefe, em uma das partes mais altas da vila, cuja vista permitia o
controle de uma das entradas. Em
comum, o pinho-de-riga.
A madeira parece ser a inspiração dos artesãos de Paranapiacaba. Eles se concentram no Entreposto Cultural, reservado também para comércio de pinturas a
óleo, fotografias e bordados.
Além de reunir a produção local, o lugar busca oferecer ao artista a possibilidade de cativar fregueses e, com isso, futuramente,
trabalhar na sua própria casa.
São os primeiros passos para o
ateliê-residência, onde é possível
acompanhar a produção dos artistas. A vila possui nove espaços
desse tipo.
Em um deles, o Pau d'Arco, dos
artesãos Regina Miguel e Sérgio
Chistou, o turista encontra peças
com preços entre R$ 30 e R$ 800.
Há quebra-cabeças, miniaturas
(30 cm) de carros antigos, baús
envelhecidos e porta-jóias.
Chistou diz que capta seu material em demolições, na capital ou
no Grande ABC. "Presto atenção
sobretudo em janelas e batentes.
Já consegui materiais como ipê ou
pinho-de-riga."
Os ateliês da vila ficam abertos
só nos fins de semana e feriados,
das 10h às 18h. O Pau d'Arco fica
na trav. Campos Salles, 397.
Antigüidades
Para os amantes de antigüidades, Paranapiacaba oferece duas
opções. Uma delas é o Antiquário
& Decorações da Vila. No local, é
possível comprar uma cristaleira
por R$ 2.400, "com 90 anos de
idade", garante o proprietário da
loja, Juan Faustino Villalva.
Há ainda penteadeiras, que, segundo Villalva, são da década de
30, cujos preços variam entre R$
250 a R$ 400.
Por valores mais modestos, entre R$ 80 e R$ 120, o cliente leva
abajures de madeira ou ferro. É
possível adquirir rádios a válvula,
de R$ 80 a R$ 140, e vitrolas, com
preços entre R$ 150 e R$ 400.
A loja funciona somente aos
fins de semana e feriados, das 10h
às 16h, e fica na rua Varanda Velha, 365, na parte baixa.
Texto Anterior: Turista Noel: Escapada de SP é opção a shopping lotado Próximo Texto: Estação nas nuvens: Restaurações enobrecem marcos locais Índice
|