São Paulo, quinta-feira, 01 de dezembro de 2005

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ESTAÇÃO NAS NUVENS

Perto da capital, Paranapiacaba mantém seu traçado

Ar inglês protege arte em vila em São Paulo

MARCELO GUTIERRES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

As casas são pequeninas, com três ou quatro cômodos, e foram construídas em meados do século 19. Ficam na parte baixa, onde as estruturas são de pinho-de-riga, madeira rara do norte da Europa. Na parte alta, estão as construções de alvenaria, mais recentes. É assim, conjugando nobreza a simplicidade, passado a presente, que a vila de Paranapiacaba, em Santo André, na Grande São Paulo (a 55 km da capital) se apresenta.
A vila é considerada patrimônio histórico nacional desde 2002. Sua divisão em duas partes obedece a aspectos geográficos, e, sobretudo, históricos.
Na parte inferior estão as 360 casas adquiridas pela Prefeitura de Santo André em 2001. Na parte superior, concentram-se os moradores que chegaram depois.
Paranapiacaba é uma herança da presença inglesa na mata atlântica. A parte baixa recebeu planejamento urbano para abrigar originalmente funcionários da São Paulo Railway Company.
A organização não é por acaso. Refletiu, em meio a ruas de terra ou pedra que raramente são incomodadas por um carro, a distribuição hierárquica da empresa.
Os operários moravam nos níveis mais baixos; e o engenheiro-chefe, em uma das partes mais altas da vila, cuja vista permitia o controle de uma das entradas. Em comum, o pinho-de-riga.
A madeira parece ser a inspiração dos artesãos de Paranapiacaba. Eles se concentram no Entreposto Cultural, reservado também para comércio de pinturas a óleo, fotografias e bordados.
Além de reunir a produção local, o lugar busca oferecer ao artista a possibilidade de cativar fregueses e, com isso, futuramente, trabalhar na sua própria casa.
São os primeiros passos para o ateliê-residência, onde é possível acompanhar a produção dos artistas. A vila possui nove espaços desse tipo.
Em um deles, o Pau d'Arco, dos artesãos Regina Miguel e Sérgio Chistou, o turista encontra peças com preços entre R$ 30 e R$ 800. Há quebra-cabeças, miniaturas (30 cm) de carros antigos, baús envelhecidos e porta-jóias.
Chistou diz que capta seu material em demolições, na capital ou no Grande ABC. "Presto atenção sobretudo em janelas e batentes. Já consegui materiais como ipê ou pinho-de-riga."
Os ateliês da vila ficam abertos só nos fins de semana e feriados, das 10h às 18h. O Pau d'Arco fica na trav. Campos Salles, 397.

Antigüidades
Para os amantes de antigüidades, Paranapiacaba oferece duas opções. Uma delas é o Antiquário & Decorações da Vila. No local, é possível comprar uma cristaleira por R$ 2.400, "com 90 anos de idade", garante o proprietário da loja, Juan Faustino Villalva.
Há ainda penteadeiras, que, segundo Villalva, são da década de 30, cujos preços variam entre R$ 250 a R$ 400.
Por valores mais modestos, entre R$ 80 e R$ 120, o cliente leva abajures de madeira ou ferro. É possível adquirir rádios a válvula, de R$ 80 a R$ 140, e vitrolas, com preços entre R$ 150 e R$ 400.
A loja funciona somente aos fins de semana e feriados, das 10h às 16h, e fica na rua Varanda Velha, 365, na parte baixa.


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