São Paulo, segunda, 2 de fevereiro de 1998

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OLHA O TREM
Comboio da Vale do Rio Doce visita MG e ES
Passeio traz interior do país para a janela

Vailton da Silva Santos/Folha Imagem
Paisagem da viagem entre as capitais de Minas Gerais e do Espírito Santo, feita em um trem da Companhia Vale do Rio Doce


VAILTON SILVA SANTOS
enviado especial a Belo Horizonte

Os trilhos que ligam Belo Horizonte, em Minas Gerais, a Vitória, no Espírito Santo, permitem que o turista conheça cenários escondidos nesses Estados.
O interior do país se revela por meio da exuberante paisagem apreciada pelas janelas do trem, administrado pela Companhia Vale do Rio Doce. São quase 12 mil hectares de mata atlântica e cerrado salpicados por pontes e túneis cheios de mistério.
A apreciação desse visual pode ocorrer dentro de vagões de classes primeira, segunda ou executiva, que possui ar-condicionado e poltronas reclináveis. O serviço de lanchonete a bordo é outro ingrediente desse trajeto.
A viagem começa em Belo Horizonte, a capital que comemorou 100 anos em dezembro do ano passado. Aproveitando a visita à cidade, não deixe de conhecer o complexo da Pampulha, considerado um dos marcos da arte moderna brasileira da década de 40.
Alguns edifícios que rodeiam a lagoa, concebidos pelo arquiteto Oscar Niemeyer e pelo paisagista Roberto Burle Marx, mudaram com o passar dos anos.
Hoje, a Casa do Baile deveria ser uma discoteca, mas funciona como restaurante. Após ser reformado, o Iate Tênis Clube perdeu o formato de barco. O antigo cassino é o Museu de Arte da Pampulha.
Santa Bárbara
A viagem sobre os trilhos até Santa Bárbara dura exatamente duas horas e vinte e dois minutos.
No caminho, a serra do Gongo Sôco chama a atenção. Trata-se de uma mina que pertencia ao barão de Catas Altas, um homem assim apelidado porque ofertava diversos presentes ao imperador.
As mais belas construções de Santa Bárbara são a igreja matriz de Santo Antônio, a igreja Nossa Senhora do Rosário, a casa de Afonso Pena e o colégio do Caraça.
Considerado o berço da cultura mineira, o Caraça foi construído no final do século 18 com o propósito de abrigar meninos. Mas os padres lazaristas do começo do século 19 proibiram que religiosos permanecessem no colégio porque suspeitavam de um possível envolvimento dos padres com o contrabando de ouro.
A silhueta das montanhas próximas ao colégio lembram o perfil da cara de um homem gigante. A igreja é decorada com a pintura da Santa Ceia, feita pelo setecentista Manoel da Costa Athaíde.
No meio de uma área repleta de cachoeiras, trilhas e montanhas, o colégio funciona hoje como hotel e ainda é administrado por padres. Na varanda da construção, lobos-guarás comem carne praticamente nas mãos dos padres.
Vitória
Agora é hora de voltar ao trem e seguir até Vitória, no Espírito Santo. Fundada em 1551, a cidade é bela pelos inúmeros afloramentos rochosos, baías, encostas e praias.
O centro de Vitória guarda muito da história da cidade, com igrejas e construções coloniais. Nessa cidade, há muito o que ver. O teatro Carlos Gomes, que é réplica do teatro Scala, de Milão, construído em 1927, tem estilo neo-renascentista italiano.
Já a catedral Metropolitana, com estilo gótico e bizantino, possui vitrais de inestimável valor e capelas subterrâneas nas quais estão enterrados bispos da arquidiocese do Espírito Santo.
O convento da Penha foi construído em 1570 sobre um rochedo a 150 metros de altura, o que propicia uma excelente vista da cidade. No seu acervo, destacam-se obras de Benedito Calixto.


Vailton Silva Santos viajou a convite da Paradiso Viagens e Turismo



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