São Paulo, segunda-feira, 02 de agosto de 2004

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RIO SAGRADO

Momentos de harmonia e paz às margens do Ganges superam caos e sujeira do país

Turista transcende percalços na Índia

Claudia Jordão
Ritual de despedida do sol, que acontece diariamente às 18h na Dasaswamedh Ghat em Varanasi


CLAUDIA JORDÃO
NA ÍNDIA

Ao pensar na Índia, vem à mente um país zen, dono de uma misticidade única, representada pelo perfume de incensos e pela sonoridade dos mantras (espécie de reza hindu). O imaginário popular se apega às imagens de palácios suntuosos, de cenas coloridas, com marajás e súditos viajando em elefantes decorados com jóias. A fantasia não é enganosa, mas a Índia é bem mais do que isso. Para que a imaginação se transforme em realidade, o visitante tem que, primeiro, superar algumas dificuldades.
Programe a viagem para os meses de outubro a março. Essa é a melhor época para ir ao país. O clima é agradável e, nesses meses, não há as chuvas constantes, torrenciais e inconvenientes, dos meses de monções.
É preciso também que o viajante tome certas precauções. Compre sempre água mineral e não deixe de checar o lacre -até o ano passado era comum ouvir histórias relatadas por viajantes de que indianos reaproveitavam as garrafas de água descartadas para vender água sem qualidade.
As viagens de trem ou de ônibus -principais meios de locomoção dentro do país- são longas e cansativas. Viajar sozinho é pouco viável, e o trânsito não é um mito, é mesmo caótico.
O sentido de uma via se confunde com a outra mão. Nos ônibus de viagem não existem setas. Os sinais de trânsito são privilégio apenas dos grandes centros. Desta forma, a buzina é a melhor amiga do motorista e dificilmente pára de tocar durante o trajeto.
A miséria é explícita das vilas às grandes cidades, como a capital, Nova Déli, e Mumbai. Há sujeira nas ruas, e o assédio dos indianos aos turistas é constante, muitas vezes beirando o insuportável.
Com esses "poréns", só numa viagem à Índia de pelo menos uma semana -o tempo médio que se leva para transcender às dificuldades- se passará a curtir, de fato, a maneira como vivem os indianos, os perfumes dos incensos e o sabor das comidas.
Passada essa fase de transição, percebe-se que por detrás do rígido sistema de castas -que apesar de legalmente não existir mais, é presente em cada esquina de qualquer cidade indiana-, a convivência entre as pessoas é tranqüila. A falta de higiene começa a não agredir tanto, e é comum ver turistas rendidos aos temperos e sabores das comidas de rua da Índia. E, além disso, aprende-se automaticamente a lidar com o assédio do povo.

Varanasi
O desembarque de turistas ocidentais acontece em geral em Nova Déli ou Mumbai, duas grandes cidades. Uma solução para fugir da vida urbana é seguir para locais onde o caos dá um tempo e a calmaria pode ser encontrada.
Varanasi, uma das mais antigas e religiosas cidades do mundo e um dos mais incríveis e completos destinos para quem vai à Índia, é um desses lugares. Uma viagem de trem de Nova Déli até lá leva entre nove e 14 horas, dependendo da concessionária que faz o trajeto.
Na cidade que pode parecer uma bagunça aos olhos ocidentais, há momentos de paz e harmonia, facilmente vividos em passeios às margens do Ganges.
Prefira se hospedar na parte antiga da cidade, que reúne dezenas de hotéis com terraços que proporcionam belas vistas do rio.
Na parte nova da cidade, os turistas preferem ficar em Godaulia, que é mais barato e oferece boas lojas e restaurantes com "cardápio higiênico", como dizem os próprios indianos.


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