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BALANÇA MAS NÃO CAI
Henry Miller enaltece até terreno baldio grego
País oferece "cinco séculos em cinco minutos", disse escritor
DO ENVIADO ESPECIAL À GRÉCIA
Na Grécia, "mesmo os terrenos baldios têm um encanto
eterno", garante um empolgado Henry Miller (1891-1980)
em "O Colosso de Marússia"
(L&PM editora, R$ 17), livro sobre sua passagem pelo país no
final da década de 30.
Lá, "a gente pode passar pelas mudanças de cinco séculos
no espaço de cinco minutos.
Tudo está delineado, esculpido,
gravado", escreveu o norte-americano, que rasga outros
elogios aos gregos: "Fico feliz
em ter chegado a Atenas durante aquela incrível onda de calor,
feliz de tê-la visto nas piores
condições possíveis. Senti a força bruta do povo, a sua pureza,
sua nobreza e resignação".
Ou: "Há muitas maneiras de
se passear, e a melhor, na minha opinião, é a grega, porque
não tem objetivo, é inteiramente anárquica e muito humana".
A própria Atenas não merece
menos: "No final da rua Anagnastopolou, onde mora Durrell
[Lawrence, escritor inglês e
amigo seu], há uma colina da
qual se avista boa parte da cidade. Noite após noite, ao deixar
sua casa, fiquei parado nessa
colina, caído em transe, intoxicado pelas luzes de Atenas e pelas luzes lá em cima. A sensação
que se tem em Sacré-Coeur, em
Paris, é inteiramente diferente;
a das altitudes do Empire State
Building, em Nova York, também. Já contemplei Praga, Budapeste, Viena, a baía de Mônaco, todas elas lindas à noite,
mas não conheço cidade que se
compare a Atenas em seu esplendor noturno", manifesta o
escritor norte-americano.
A lista de cidades que Miller
conheceu na Grécia é extensa:
além da capital, passou por
Corfu (leia mais na pág. F12),
Creta, Santorini, Marússia,
Knossos, Micenas e outras.
Empolgado em chegar por
mar a muitas delas, escreveu
que "há algo de extravagante
em relação à iluminação dos
portos gregos, algo que dá a impressão de um festival prestes a
começar"; empolgado com os
milênios de história local, afirmou que "o sono dos mortos é
tão profundo que a terra, e todos os que a pisam, sonham".
(THIAGO MOMM)
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