São Paulo, Segunda-feira, 02 de Agosto de 1999
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RONDA CULTURAL
Museu do Prado, ponto inicial de roteiro pela arte, reabre salas nos 400 anos de Velázquez
Descubra o mapa do tesouro em Madri

CARLA ARANHA
enviada especial à Espanha

"Olha, está ali", diz, como quem acha um tesouro, a jovem brasileira. "É lindo", completa depois, repetindo, sem saber, uma frase dita em mil idiomas, todos os dias, numa das salas mais visitadas do museu do Prado.
O quadro é "Saturno Devorando um Filho", de Francisco Goya (1746-1828), que agora tem sua obra disposta em ordem cronológica na ala a ele dedicada, facilitando a apreciação de suas telas.
E o melhor: essa é apenas uma das boas novas que o roteiro cultural de Madri apresenta neste semestre, começando pelo museu do Prado, cuja reestruturação já está praticamente finalizada. A obra foi feita para dar destaque a Diego Velázquez (1599-1660), que, como Goya, projetou a Espanha no cenário internacional das artes plásticas.
Em junho foram comemorados os 400 anos de nascimento do artista, que influenciou desde os impressionistas até Pablo Picasso (1881-1973). O calendário de exposições em homenagem ao pintor fecha o ano com uma mostra que será aberta pelo rei Juan Carlos (veja quadro abaixo).
Onde? No Prado, é claro. Deliciosamente localizado em um perímetro onde a densidade artística é equivalente à quantidade de dólares gasta nos hotéis grã-finos das redondezas, o museu é a maior iguaria desse menu cultural, que parte do Paseo del Prado.
Trata-se de uma famosa avenida da região conhecida como Madri dos Bourbon, que reúne quilates da arte internacional -ali fica também o museu Thyssen-Bornemisza; mais adiante, está o Centro de Arte Reina Sofía.

Prado
O museu do Prado possui a maior coleção mundial de pintura espanhola -só de Goya, são 118 obras. Inaugurado em 1819 em um edifício projetado em 1785 por Juan de Villanueva, merece ser visitado pelo menos duas vezes. Mas quem não dispõe de muito tempo já se delicia dedicando-se só ao principal: pintura espanhola, italiana, flamenga e holandesa.
Da coleção Goya, não perca "Saturno Devorando um Filho" (1820-3) e todas as demais obras de sua fase negra. De Velázquez, você não pode deixar de ver "As Meninas" (1656), sua obra-prima, além de uma série de retratos de nobres. O Prado conta ainda com obras de El Greco.
A pintura italiana brilha com artistas como Botticelli, Tintoretto, Veronese, Ticiano e Caravaggio, entre outros. No setor de arte flamenga e holandesa, uma das maiores estrelas é Hieronymus Bosch (c.1450-1516), com obras-primas como "Tentação de Santo Antônio" e "Carroça com Feno".
O prestigiado Centro de Arte Reina Sofía (Calle Santa Isabel, 52) exibe trabalhos de pesos-pesados como Pablo Picasso, Miró e Dalí. É o lugar certo (e também a hora certa) para quem quiser se antecipar à exposição "Picasso -Anos de Guerra, 1937-1945", com 150 obras do artista (pinturas, gravuras, desenhos etc.), que chega ao Masp em setembro após uma temporada no MAM-RJ.
O lirismo de Miró, com várias de suas telas, também está muito bem representado no museu, dedicado à arte moderna. De Dalí, uma tela representativa é "Paisagem de Cadaqués" (1923).
Outro museu indispensável no roteiro cultural é o Thyssen-Bornemisza, no Paseo del Prado. Seu estranho nome foi herdado do barão que doou a coleção, aberta ao público em 1992, composta por obras de Ticiano, Goya, Picasso e Rubens, entre outros.
Ali, entre uma obra magistral e outra, a mesma jovem que se deslumbrou com Goya no museu do Prado poderia muito bem dizer, ao ver uma tela como "São Jerônimo no Deserto", de Ticiano: "Agora sim cheguei onde queria".


Carla Aranha viajou a convite da STB (Student Travel Bureau).


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