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RONDA CULTURAL
Museu do Prado, ponto inicial de roteiro pela arte, reabre salas nos 400 anos de Velázquez
Descubra o mapa do tesouro em Madri
CARLA ARANHA
enviada especial à Espanha
"Olha, está ali", diz, como quem
acha um tesouro, a jovem brasileira. "É lindo", completa depois,
repetindo, sem saber, uma frase
dita em mil idiomas, todos os
dias, numa das salas mais visitadas do museu do Prado.
O quadro é "Saturno Devorando um Filho", de Francisco Goya
(1746-1828), que agora tem sua
obra disposta em ordem cronológica na ala a ele dedicada, facilitando a apreciação de suas telas.
E o melhor: essa é apenas uma
das boas novas que o roteiro cultural de Madri apresenta neste semestre, começando pelo museu
do Prado, cuja reestruturação já
está praticamente finalizada. A
obra foi feita para dar destaque a
Diego Velázquez (1599-1660),
que, como Goya, projetou a Espanha no cenário internacional das
artes plásticas.
Em junho foram comemorados
os 400 anos de nascimento do artista, que influenciou desde os impressionistas até Pablo Picasso
(1881-1973). O calendário de exposições em homenagem ao pintor fecha o ano com uma mostra
que será aberta pelo rei Juan Carlos (veja quadro abaixo).
Onde? No Prado, é claro. Deliciosamente localizado em um perímetro onde a densidade artística é equivalente à quantidade de
dólares gasta nos hotéis grã-finos
das redondezas, o museu é a
maior iguaria desse menu cultural, que parte do Paseo del Prado.
Trata-se de uma famosa avenida da região conhecida como Madri dos Bourbon, que reúne quilates da arte internacional -ali fica
também o museu Thyssen-Bornemisza; mais adiante, está o Centro de Arte Reina Sofía.
Prado
O museu do Prado possui a
maior coleção mundial de pintura
espanhola -só de Goya, são 118
obras. Inaugurado em 1819 em
um edifício projetado em 1785
por Juan de Villanueva, merece
ser visitado pelo menos duas vezes. Mas quem não dispõe de
muito tempo já se delicia dedicando-se só ao principal: pintura
espanhola, italiana, flamenga e
holandesa.
Da coleção Goya, não perca "Saturno Devorando um Filho"
(1820-3) e todas as demais obras
de sua fase negra. De Velázquez,
você não pode deixar de ver "As
Meninas" (1656), sua obra-prima,
além de uma série de retratos de
nobres. O Prado conta ainda com
obras de El Greco.
A pintura italiana brilha com artistas como Botticelli, Tintoretto,
Veronese, Ticiano e Caravaggio,
entre outros. No setor de arte flamenga e holandesa, uma das
maiores estrelas é Hieronymus
Bosch (c.1450-1516), com obras-primas como "Tentação de Santo
Antônio" e "Carroça com Feno".
O prestigiado Centro de Arte
Reina Sofía (Calle Santa Isabel,
52) exibe trabalhos de pesos-pesados como Pablo Picasso, Miró e
Dalí. É o lugar certo (e também a
hora certa) para quem quiser se
antecipar à exposição "Picasso
-Anos de Guerra, 1937-1945",
com 150 obras do artista (pinturas, gravuras, desenhos etc.), que
chega ao Masp em setembro após
uma temporada no MAM-RJ.
O lirismo de Miró, com várias
de suas telas, também está muito
bem representado no museu, dedicado à arte moderna. De Dalí,
uma tela representativa é "Paisagem de Cadaqués" (1923).
Outro museu indispensável no
roteiro cultural é o Thyssen-Bornemisza, no Paseo del Prado. Seu
estranho nome foi herdado do barão que doou a coleção, aberta ao
público em 1992, composta por
obras de Ticiano, Goya, Picasso e
Rubens, entre outros.
Ali, entre uma obra magistral e
outra, a mesma jovem que se deslumbrou com Goya no museu do
Prado poderia muito bem dizer,
ao ver uma tela como "São Jerônimo no Deserto", de Ticiano:
"Agora sim cheguei onde queria".
Carla Aranha viajou a convite da STB (Student Travel Bureau).
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