São Paulo, segunda, 3 de março de 1997. |
Próximo Texto | Índice SAFÁRI À BRASILEIRA Selva alagadiça ocupa área de 200 mil km2 em terras que são brasileiras, bolivianas e paraguaias Pantanal é região selvagem e inusitada
SILVIO CIOFFI enviado especial ao Pantanal Para alguém acostumado com as grandes cidades, a viagem ao Pantanal mato-grossense é a oportunidade de descobrir espaços novos, selvagens e imprevisíveis numa área de 200 mil km2. A selva alagadiça brasileira mistura, entre tantos, panoramas de cerrado e outros semelhantes aos da Amazônia, e é rasgada por rios e lagoas que se comunicam por canais, os corixos. O antropólogo franco-belga Claude Lévi-Strauss, 89, que descreveu o Pantanal em ``Tristes Trópicos'' (1955), notou que, ``vista do avião, essa região de rios serpenteando através das terras planas mostra o espetáculo de arcos e de meandro em que as águas jazem estagnadas''. Também registrou em seu livro clássico que ``o próprio leito do rio aparece rodeado de curvas leves, como se a natureza tivesse hesitado antes de lhe dar o seu atual e temporário traçado''. Chamado de melgaço (sinônimo de melado) pelos portugueses até 1850, a região é rota migratória de um sem-número de aves. Com seus diferentes ecossistemas, a maior planície alagável da América tem temperatura média anual de 24 graus e duas estações climáticas principais. Uma é vista nesta época do ano, a das chuvas, especial para quem quer pescar ou observar animais -são 80 as espécies de mamíferos-, que encontram refúgio em terras mais altas, como as ``cordilheiras'', trechos de mata que não submergem nas cheias. A outra estação é a da seca, quando os ipês-rosas, os cambarás amarelos e as piúvas, que florescem de julho a setembro, quase viram do avesso, de tanta flor. E, além de chuva e flor, o Pantanal é bicho, é peixe, é ave. Ave! São 650 espécies -desde a maior cegonha do mundo, o tuiuiú (também chamado de jaburu), até a arara-azul, ``avis rara'' da qual restam apenas de cinco a dez mil. Cuidados especiais Mas, antes de muito entusiasmo, municie-se de roupas fortes e arejadas, inclua protetor solar e repelente na mochila, escolha um equipamento para fotografar com uma lente maior do que as de 35 mm ou 50 mm, usadas no dia-a-dia. Se você não quer gastar em filmes e revelação, a saída pode ser adquirir um binóculo. Você já foi ao Pantanal? Não? Então vá! Mas, na volta à cidade grande, prepare-se para coçar as muitas mordidas de mosquito por pelo menos uma semana. Elas são o troféu de um safári de observação pela selva alagada que, além de terras brasileiras, ocupa áreas da Bolívia e Paraguai. Silvio Cioffi, editor de Turismo, viajou ao Pantanal a convite do Refúgio Ecológico Caiman e da Varig Próximo Texto | Índice |
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