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SAFÁRI À BRASILEIRA
Caiman é confortável
Hotel abriga
observadores
por natureza
do enviado especial ao Pantanal
A sensação de estar no Refúgio
Ecológico Caiman é comparável à
que se tem nos safáris sul-africanos de Sabi-Sabi e Mala Mala.
Localizado 236 km a oeste de
Campo Grande (MS), entre os rios
Miranda e Aquidauana, o local
tem área de 53 mil hectares.
É rústico, mas confortável, ideal
para descansar ou observar a natureza -o que, aqui como na África,
exige cuidados e dá trabalho.
Na verdade, a Caiman tem vários
tipos de acomodação. A pousada-matriz é a sede da antiga estância, com 11 apartamentos. Já a
Baiazinha, construção sobre pilares e à beira de uma baía, tem seis
quartos com terraço privativo. As
pousadas Piúva e Cordilheira também têm seis apartamentos cada.
Um sino acorda os hóspedes
quando o dia amanhece, às 6h15.
Depois disso, é tempo de fazer passeios a pé, de barco ou cavalo, e de,
aqui como na África, estar preparado para um safári sem armas.
As paisagens variam: existem
trechos de cerrado, outros de planícies, todos explorados com a
ajuda de guias bilíngues e com formação superior -muitos deles
graduados em biologia pela USP.
Existem basicamente duas estações do ano no Pantanal, a da cheia
e a da seca, estações que definem o
panorama da maior planície alagável da América.
Jacarés, sucuris, capivaras, veados e tamanduás, além de uma infinidade de pássaros que têm no
Pantanal sua rota migratória, são
sempre vistos, seja agora, na época
das cheias, seja na época das secas.
Mas, se os safáris sul-africanos se
esmeram em mostrar ao turista os
chamados ``cinco grandes'' (rinoceronte, leão, leopardo, búfalo e
elefante), o que as expedições no
Pantanal primam por revelar é a
enorme variedade de pássaros, se
bem que existem na região cerca
de 80 espécies de mamíferos.
"Birdwatchers"
Essa vocação tem trazido à região ornitólogos estrangeiros, os
``birdwatchers'' (observadores de
pássaros), que têm muitos adeptos
entre europeus e japoneses.
Aves longilíneas e de longas pernas, como o enorme tuiuiú, a
maior cegonha do mundo, cafezinhos, garças e colhereiros, além de
martins-pescadores, araras-azuis
(a maior arara do mundo, ameaçada de extinção) e uma infinidade
de cardeais estão na mira das lentes desses viajantes.
Se na seca, que vai em geral de
junho a outubro, o espetáculo fica
por conta dos ipês-rosas floridos e
dos pássaros que disputam os peixes presos nas poças, na época da
cheia, que dura de novembro a
abril ou maio, a comida é tão farta
que a vida pantaneira transborda.
Durante o pôr-do-sol, que nesta
época acontece por volta das 20h,
bandos de pássaros sobrevoam as
baías -lagoas temporárias ou
permanentes de água doce- e as
salinas -lagoas salobras com pequenas praias de areia onde a vegetação não cresce.
Além das revoadas de aves, outro
atrativo são os bandos de até vinte
capivaras, os maiores roedores do
mundo, que atravessam a nado e
em fila indiana as áreas alagadas.
As comitivas de gado podem fazer parte do programa e aí dá para
sentir como vivem os peões boiadeiros -a Caiman tem cerca de 30
mil cabeças de gado.
Exímios conhecedores da natureza local, eles cavalgam e lidam
com o gado com a mesma maestria
com que navegam em canoas por
entre os corixos ou trabalham o
couro fazendo tralha de montaria.
Mas, também aqui, há a mística
de ver alguns dos maiores felinos
brasileiros, as raras onça-parda e
onça-pintada. É provável que esses
animais não apareçam no seu safári. Mas, nem por isso você vai deixar de encontrar diversão e de
aprender sobre o Pantanal, que,
no Brasil, ocupa cerca de 600 km,
no sentido norte-sul, e até 250 km,
de leste a oeste.
(Silvio Cioffi)
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