São Paulo, quinta-feira, 03 de março de 2005

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A ILHA

Medida do Ministério do Turismo restringe contato de trabalhadores do setor ao mínimo necessário

Regra proíbe gorjeta para cubanos

DA REDAÇÃO

Cuba ordenou que os trabalhadores da área de turismo restrinjam o contato com estrangeiros ao mínimo estritamente necessário. A nova regra, que inclui não aceitar gorjeta, integra um esforço para defender o socialismo e ameaça cortar drasticamente a renda de empregados que trabalham no setor, principal fonte de renda em moeda forte de Cuba.
Segundo a agência Reuters, a justificativa das novas regras é proteger os valores socialistas. A medida é parte de uma série de movimentos do governo para aumentar o controle estatal na ilha.
Para alguns cubanos, a decisão soa como uma espécie de resgate do estilo soviético de comando, em vigor antes da abertura de Cuba para o turismo e para o investimento internacional nos anos 90.
A nova política coloca em risco a qualidade do serviço dos hotéis, que já não é propriamente um ponto alto do país. "Turistas freqüentemente reclamam de baratas e da comida e não voltam", diz o diretor de um grupo de comércio entre EUA e Cuba.
A resolução foi assinada pelo ministro do Turismo da ilha, Manuel Marrero, um coronel do Exército cubano encarregado de disciplinar todo o setor. Ela ordena que os mais de cem mil empregados que trabalham na indústria de turismo "mantenham a conduta fiel à pátria e o respeito à Constituição, às leis socialistas e à política do governo". Também exige que eles portem uma permissão escrita caso queiram comparecer a festas em casa de não-cubanos, conclama-os a observar a conduta de seus chefes estrangeiros e prega que eles declarem presentes recebidos.

Rendimento
Gerentes de hotéis afirmam que a regra vai acabar com o incentivo dos empregados do setor.
Um cubano que trabalha no turismo ganha em média um salário mensal de US$ 12 a US$ 15, pagos em pesos cubanos, e depende fortemente das gorjetas para complementar sua renda. Com os extras, esses trabalhadores são alguns dos mais bem pagos da ilha.
Nos últimos meses, o dólar -cuja posse havia sido regularizada em 1993- foi tirado de circulação na ilha.
John Kavulich, presidente do Conselho de Comércio e Economia entre EUA e Cuba, que monitora os negócios com a ilha, disse que a nova regra fere a indústria do turismo. "Os empregados vão ficar com medo de interagir com os hóspedes", afirmou.
O ditador Fidel Castro disse que a recentralização permite que o Estado cubano renasça, como uma fênix.


Com agências internacionais


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