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São Paulo, segunda-feira, 03 de novembro de 2003

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A bordo do Archimedes, Losada desbrava os recantos do Brasil em viagens que duram meses

Engenheiro usa jipe como cartão de visita

DA REPORTAGEM LOCAL

Ele não tem dia nem hora certa para chegar. A bordo do jipe Archimedes, Paulo Roberto Losada, 73, desbrava o Brasil todo em viagens que duram meses e diz usar como instrumento de orientação o PPI (para e pede informação). Segundo ele, o Archimedes serve como cartão de visita porque chama a atenção e assim fica mais fácil abordar as pessoas em lanchonetes e postos de gasolina.
Cada viagem é uma etapa do projeto Recantos, que ele vai manter "enquanto tiver gasolina" e que tem por objetivo conhecer os recantos do Brasil e da América do Sul. "São Paulo e Rio todo mundo já conhece."
Antes de partir, Losada traça no mapa um roteiro básico, no qual a ida nunca coincide com a volta, assim pode conhecer sempre lugares novos. Exemplos de itinerários? São Paulo-Curitiba-Missões (RS)-Santa Maria (RS)-Rio Grande-Chuí e volta pela costa. Outro: Governador Valadares (MG)-Teófilo Otoni (MG)-Bom Jesus da Lapa (BA)-Chapada Diamantina (BA)-Salvador e volta pela costa.
Antes de partir, ele lê um pouco sobre a história de cada local em livros e define antecipadamente algumas das paradas. "Já fui rato de sebo." Na bagagem, uma pequena muda de roupas ("não vou desfilar para ninguém"), uma farmácia de emergência e as ferramentas do carro.
Sua alimentação na beira da estrada, quando não há restaurantes confiáveis, é na base de sanduíche de queijo ("porque não estraga") e Coca-Cola ("porque é limpa; não tomo refresco porque não conheço a origem da água").
A primeira parte da aventura foi em maio de 2000, com uma festa na praça Charles Müller, em São Paulo, onde reuniu os amigos. "Antigamente os jipeiros se reuniam no local." Antes de partir, fez um curso de pilotagem para aprender técnicas de "off-road".
Ele costuma deixar cada localidade entre 7h e 8h e, se não encontrar nada interessante no caminho, aporta em algum lugar entre 16h e 17h. Assim tem tempo de pedir indicações de hotéis, tomar banho, jantar e dar uma volta. Se gostar, fica mais dias. Se não, parte de novo no dia seguinte de manhã. Ele já demorou uma semana para ir de São Paulo ao Rio pela Rio-Santos, o que duraria umas oito horas. "Não tenho pressa."
Mas sua vida não foi sempre assim. Losada trabalhava muito e um dia seu médico perguntou: "Você quer tanto dinheiro para quê?" Ele saiu do consultório e foi comprar uma caminhonete branca, a Margarida. "Ela tinha esse nome porque era bonita e gostosona." Já o Archimedes homenageia o matemático grego que nasceu em 287 a.C. "Ele foi um cara diferente na época, que rompeu tradições. Para aumentar a ironia, grafei seu nome com "ch"."
Viúvo há cerca de dez anos, o engenheiro aposentado nunca viaja sozinho, e seu tempo de estrada depende da disponibilidade da companheira do momento. "Minha atual namorada trabalha, então não sei como vamos fazer. Em um mês [de férias] só dá para esquentar o motor."
De qualquer forma, ele já tem dois roteiros na cabeça: um inclui a Transamazônica até Belém (PA) e Raimundo Nonato (PI), e o outro, Foz do Iguaçu (PR), Chile, Peru, Patagônia e Argentina. (MV)


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