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A bordo do Archimedes, Losada desbrava os recantos do Brasil em viagens que duram meses
Engenheiro usa jipe como cartão de visita
DA REPORTAGEM LOCAL
Ele não tem dia nem hora certa
para chegar. A bordo do jipe Archimedes, Paulo Roberto Losada,
73, desbrava o Brasil todo em viagens que duram meses e diz usar
como instrumento de orientação
o PPI (para e pede informação).
Segundo ele, o Archimedes serve
como cartão de visita porque chama a atenção e assim fica mais fácil abordar as pessoas em lanchonetes e postos de gasolina.
Cada viagem é uma etapa do
projeto Recantos, que ele vai
manter "enquanto tiver gasolina"
e que tem por objetivo conhecer
os recantos do Brasil e da América do Sul. "São Paulo e Rio todo
mundo já conhece."
Antes de partir, Losada traça no
mapa um roteiro básico, no qual a
ida nunca coincide com a volta,
assim pode conhecer sempre lugares novos. Exemplos de itinerários? São Paulo-Curitiba-Missões
(RS)-Santa Maria (RS)-Rio Grande-Chuí e volta pela costa. Outro:
Governador Valadares (MG)-Teófilo Otoni (MG)-Bom Jesus da
Lapa (BA)-Chapada Diamantina
(BA)-Salvador e volta pela costa.
Antes de partir, ele lê um pouco
sobre a história de cada local em
livros e define antecipadamente
algumas das paradas. "Já fui rato
de sebo." Na bagagem, uma pequena muda de roupas ("não vou
desfilar para ninguém"), uma farmácia de emergência e as ferramentas do carro.
Sua alimentação na beira da estrada, quando não há restaurantes
confiáveis, é na base de sanduíche
de queijo ("porque não estraga")
e Coca-Cola ("porque é limpa;
não tomo refresco porque não conheço a origem da água").
A primeira parte da aventura foi
em maio de 2000, com uma festa
na praça Charles Müller, em São
Paulo, onde reuniu os amigos.
"Antigamente os jipeiros se reuniam no local." Antes de partir,
fez um curso de pilotagem para
aprender técnicas de "off-road".
Ele costuma deixar cada localidade entre 7h e 8h e, se não encontrar nada interessante no caminho, aporta em algum lugar entre
16h e 17h. Assim tem tempo de pedir indicações de hotéis, tomar
banho, jantar e dar uma volta. Se
gostar, fica mais dias. Se não, parte de novo no dia seguinte de manhã. Ele já demorou uma semana
para ir de São Paulo ao Rio pela
Rio-Santos, o que duraria umas
oito horas. "Não tenho pressa."
Mas sua vida não foi sempre assim. Losada trabalhava muito e
um dia seu médico perguntou:
"Você quer tanto dinheiro para
quê?" Ele saiu do consultório e foi
comprar uma caminhonete branca, a Margarida. "Ela tinha esse
nome porque era bonita e gostosona." Já o Archimedes homenageia o matemático grego que nasceu em 287 a.C. "Ele foi um cara
diferente na época, que rompeu
tradições. Para aumentar a ironia,
grafei seu nome com "ch"."
Viúvo há cerca de dez anos, o
engenheiro aposentado nunca
viaja sozinho, e seu tempo de estrada depende da disponibilidade
da companheira do momento.
"Minha atual namorada trabalha,
então não sei como vamos fazer.
Em um mês [de férias] só dá para
esquentar o motor."
De qualquer forma, ele já tem
dois roteiros na cabeça: um inclui
a Transamazônica até Belém (PA)
e Raimundo Nonato (PI), e o outro, Foz do Iguaçu (PR), Chile, Peru, Patagônia e Argentina.
(MV)
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