São Paulo, segunda, 4 de maio de 1998

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ISRAEL, 50
País celebra data de fundação com gala

SERGE SCHMEMANN
do "Travel/The New York Times"

Antes de ler a programação oficial das celebrações pelos 50 anos da criação do Estado de Israel, tenha em mente que, desde de novembro do ano passado, poucos foram os dias sem eventos de gala associado ao jubileu.
E o furor festeiro vai perseverar até uma grande cerimônia de encerramento marcada para o final deste ano.
Na verdade, a festa de encerramento ainda não foi agendada, e a grande maioria dos eventos listados é composta por atividades anuais ou locais.
Alguns desses eventos têm muito pouco a ver com o cinquentenário, mas foram inseridos na programação comemorativa.
Até certo grau, essa é a natureza da besta. Aniversários são épocas naturais para atividades cívicas, museus, festivais anuais, grupos de veteranos, conselhos municipais, organizações militares e a oportunidade de conseguir uma atenção extra.
Em Israel, contudo, o programa "Israel Celebra Seu 50º Aniversário" é um esforço para erguer uma fachada de animação num evento cuja organização foi marcada por brigas internas e cujo brilho foi ofuscado pelo clima político, responsável por uma séria queda na chegada de turistas.
Isso não significa que as festas deixarão de acontecer.
Muitas mostras especiais estão agendadas. O museu Israel de Jerusalém vai manter durante todo o ano oito mostras que exploram a tradição cultural de Israel.
Entre os temas dessas mostras estão o menorá (candelabro sagrado com sete braços), o orientalismo na arte israelense, o lar na sociedade israelense, fotografia em Israel e aquarela na arte israelense.
Caravana
Entre os mais coloridos eventos ligados ao jubileu estão partidas simultâneas de xadrez nos dias 19 e 21 de maio.
O campeão mundial Gary Kasparov vai enfrentar a equipe nacional de Israel na academia de xadrez Kasparov, em Tel Aviv.
Outro evento importante começa no dia 10 de maio, em Londres, de onde partem 25 carros antigos com o intuito de chegar a Israel e levantar fundos para as reservas no deserto de Neguev.
Com os carros chegará a bandeira britânica que foi tirada de Haifa em 1948, com o fim da administração britânica na Palestina.
A chegada dos carros a Haifa está prevista para 24 de maio, depois de fazer a última perna do trajeto por mar a partir da Grécia. Por fim, eles ficarão expostos em Jerusalém nos dias 26 e 27 de maio.
Em agosto, o governo israelense vai montar uma mostra em homenagem ao jubileu (com um evento de gala marcado para 3 de agosto), traçando a evolução do Estado.
Nas palavras do programa oficial, "a exibição também tem como alvo a geração jovem. Eles vão saber como apreciar a magnitude do feito chamado Estado de Israel e, assim, reforçarão suas raízes no único Estado judeu do mundo".
Essa mostra fica em cartaz até o dia 31 de agosto. No dia 6 de outubro haverá uma assembléia pública na praça do Muro das Lamentações, em Jerusalém.
A intenção da assembléia é "renovar a antiga tradição judaica de organizar grandes encontros no templo a cada sete anos".
Brigas internas
Outro evento ligado ao cinquentenário é o Festival do Humor, Comédia e Sátira, na cidade de Beersheva, entre os dias 6 e 8 de outubro. Esses eventos festivos falharam ao tentar disfarçar a confusão e controvérsia que marcaram suas preparações.
Três diretores do comitê organizador do jubileu pediram demissão motivados por problemas políticos, orçamentários ou pessoais com o ministro do Turismo de Israel, Moshe Katsav.
Como resultado, a abertura da comemoração do cinquentenário foi várias vezes postergada.
Originalmente, ela estava programada para o dia 29 de novembro, aniversário do plano da ONU para a partilha da Palestina. Depois, ela passou para 23 de dezembro, primeira noite do hanukkah.
A inauguração oficial aconteceu finalmente em 11 de fevereiro e acabou passando despercebida.
Embora o mote do jubileu seja "juntos com orgulho, juntos na esperança", o Partido Trabalhista reclama que seu papel importante nas primeiras décadas do Estado está sendo subestimado e que seus principais líderes não foram convidados para alguns eventos.
A colagem na capa do programa oficial inclui vários eventos históricos, mas exclui o aperto de mãos entre o primeiro-ministro Yitzhak Rabin e o líder palestino Yasser Arafat em 1993.


Tradução de Edson Franco



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