São Paulo, segunda-feira, 04 de junho de 2001

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CIDADE ETERNA
Sítio arqueológico da Tarquinia tem cerca de 200 tumbas quase intactas e afrescos com detalhes do dia-a-dia
Civilização etrusca se revela em necrópole

DA ENVIADA ESPECIAL A ROMA

Visitar uma necrópole, à primeira vista, pode não parecer um passeio muito agradável. Mas essa impressão logo se dissipa ao entrar em uma das cerca de 200 tumbas da Tarquinia, uma antiga cidade etrusca (civilização do Mediterrâneo) que se estende por 3 km e fica a 71 km de Roma.
Esse povo, que viveu do século 7º a.C. ao século 2º d.C., construía os sarcófagos como se fossem casas, inclusive mantendo alguns utensílios, e não sentiam medo da morte. Pelo contrário: aguardavam por ela, já que representava a passagem para outra vida.

Ricos e pobres
As tumbas trazem afrescos praticamente intactos, com cores naturais, cenas do cotidiano e de animais que explicam com clareza como era a vida daquela civilização. A qualidade do desenho, segundo arqueólogos, depende da classe social do homenageado.
A maioria das urnas é coletiva, mas pelo tamanho é possível identificar as individuais, que são menores e mais estreitas.
A "Tomba della Caccia e Pesca", de 520 a.C. a 510 a.C., por exemplo, retrata o período mais importante dessa civilização. Nela há contraste de cores e diversidade de imagens. As linhas são tão delicadas que lembram o traço de Botticelli (autor da "Vênus").
Na câmara subterrânea de Cadarelli, de 470 a.C., um poeta da região, há a representação de um banquete extremamente rico em detalhes, com os convidados bebendo, comendo e dançando.
As semelhanças com a arte helênica existem, e não por acaso. Muitos gregos estavam na Tarquinia em busca de trabalho e, mesmo distantes, reproduziam pontos de sua cultura.
Tudo é bem resguardado e nem todas as câmaras podem ser visitadas. Ao descer os degraus que separam as civilizações, um vidro, além de evitar o contato de pessoas, protege contra a umidade.
Mas o passeio pela vida dos etruscos não termina no sítio arqueológico. Próximo à necrópole podem ser vistos uma reprodução da cidade e das tumbas e o Museu Nacional Etrusco.
Na reprodução, agora sem o vidro protetor, os detalhes ficam mais perceptíveis.
O museu tem uma grande coleção de objetos fabricados com o "bucchero", cerâmica própria dos etruscos que se assemelha ao bronze, material muito caro e por isso substituído pela cerâmica em tumbas da "classe média".
Um dos sarcófagos mais detalhados é o de um sacerdote, todo feito em mármore, que mostra, provavelmente, cenas de escravos que trabalhavam para ele. A confirmação de seu poder está justamente no material utilizado: como não havia mármore na Itália, era importado e usado só em tumbas de pessoas importantes.
Para visitar a necrópole, a reprodução e o museu, é preciso desembolsar 12 mil liras (R$ 12,55). Se preferir ir a apenas um deles, o preço é 8.000 liras (R$ 8,37). (PL)



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