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CIDADE ETERNA
Sítio arqueológico da Tarquinia tem cerca de 200 tumbas quase intactas e afrescos com detalhes do dia-a-dia
Civilização etrusca se revela em necrópole
DA ENVIADA ESPECIAL A ROMA
Visitar uma necrópole, à primeira vista, pode não parecer um
passeio muito agradável. Mas essa
impressão logo se dissipa ao entrar em uma das cerca de 200
tumbas da Tarquinia, uma antiga
cidade etrusca (civilização do Mediterrâneo) que se estende por 3
km e fica a 71 km de Roma.
Esse povo, que viveu do século
7º a.C. ao século 2º d.C., construía
os sarcófagos como se fossem casas, inclusive mantendo alguns
utensílios, e não sentiam medo da
morte. Pelo contrário: aguardavam por ela, já que representava a
passagem para outra vida.
Ricos e pobres
As tumbas trazem afrescos praticamente intactos, com cores naturais, cenas do cotidiano e de
animais que explicam com clareza como era a vida daquela civilização. A qualidade do desenho,
segundo arqueólogos, depende
da classe social do homenageado.
A maioria das urnas é coletiva,
mas pelo tamanho é possível
identificar as individuais, que são
menores e mais estreitas.
A "Tomba della Caccia e Pesca",
de 520 a.C. a 510 a.C., por exemplo, retrata o período mais importante dessa civilização. Nela há
contraste de cores e diversidade
de imagens. As linhas são tão delicadas que lembram o traço de
Botticelli (autor da "Vênus").
Na câmara subterrânea de Cadarelli, de 470 a.C., um poeta da
região, há a representação de um
banquete extremamente rico em
detalhes, com os convidados bebendo, comendo e dançando.
As semelhanças com a arte helênica existem, e não por acaso.
Muitos gregos estavam na Tarquinia em busca de trabalho e,
mesmo distantes, reproduziam
pontos de sua cultura.
Tudo é bem resguardado e nem
todas as câmaras podem ser visitadas. Ao descer os degraus que
separam as civilizações, um vidro,
além de evitar o contato de pessoas, protege contra a umidade.
Mas o passeio pela vida dos
etruscos não termina no sítio arqueológico. Próximo à necrópole
podem ser vistos uma reprodução da cidade e das tumbas e o
Museu Nacional Etrusco.
Na reprodução, agora sem o vidro protetor, os detalhes ficam
mais perceptíveis.
O museu tem uma grande coleção de objetos fabricados com o
"bucchero", cerâmica própria dos
etruscos que se assemelha ao
bronze, material muito caro e por
isso substituído pela cerâmica em
tumbas da "classe média".
Um dos sarcófagos mais detalhados é o de um sacerdote, todo
feito em mármore, que mostra,
provavelmente, cenas de escravos
que trabalhavam para ele. A confirmação de seu poder está justamente no material utilizado: como não havia mármore na Itália,
era importado e usado só em
tumbas de pessoas importantes.
Para visitar a necrópole, a reprodução e o museu, é preciso desembolsar 12 mil liras (R$ 12,55).
Se preferir ir a apenas um deles, o
preço é 8.000 liras (R$ 8,37).
(PL)
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