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HERANÇA ASTECA
Rivera, Siqueiros e Orozco retrataram dia-a-dia da população e história do país em prédios públicos
Muralistas tentaram popularizar a arte
MARGARETE MAGALHÃES
DA REDAÇÃO
Não à arte exposta em cavaletes,
exclusiva para um círculo de intelectuais e aristocratas. Sim àquela
visualmente acessível a todos e de
domínio público. Essa era a pretensão dos muralistas mexicanos
Diego Rivera (1886-1957), David
Alfaro Siqueiros (1896-1974) e José Clemente Orozco (1863-1949),
cujas pinceladas decoraram edifícios públicos no México.
Com temas relacionados à vida
do cidadão mexicano comum, os
muralistas retrataram as diferenças sociais, glorificaram a revolução (1910-1917) e a história pré-colonial mexicana.
Também conhecidos por "os
três grandes", esses artistas engajaram-se no movimento após a
saída do ditador Porfírio Diaz, em
1911. As semelhanças entre eles
não se limitam ao fato de terem
crescido durante o governo do ditador -numa época marcada
por profundas divisões nas esferas de poder e injustiça social.
Além de terem estudado na
mesma escola de artes plásticas, a
Academia San Carlos, acreditavam que os papéis da arte e da política se mesclavam.
De fato, convencido por Siqueiros e contando com o apoio de
Orozco, Rivera criou a União dos
Trabalhadores Técnicos, Pintores
e Escultores, uma organização
política em conjunto com outros
artistas, em 1923.
Apesar das semelhanças, o estilo e o temperamento de cada um
deles divergia. Tanto é que enquanto Rivera abrigava o líder revolucionário russo Trótski, jurado de morte pelos stalinistas, em
sua casa em Coyoacán, Siqueiros,
de longe o mais politicamente ativo e ligado ao stalinismo, era preso por ter atentado contra Trótski
em 1940 na casa em que o russo se
hospedava. Isso lhe valeu a prisão
no México e o exílio no Chile.
Pinceladas
Rivera, o mais popular dos muralistas, usava suas pinceladas e
sua arte com o objetivo de criar
esperança e fornecer uma visão de
mundo melhor.
Um de seus murais mais conhecidos, nas escadarias do Palácio
Nacional da Cidade do México,
retrata a luta dos mexicanos ao
longo da história e combina a luta
histórica dos oprimidos com a esperança para o futuro do México.
Apesar de sua posição política, Rivera foi convidado em 1933 para
pintar no Rockefeller Center de
Nova York. Polêmico, o artista escolheu o rosto de Lênin para decorar o mural "Homem numa
Encruzilhada", da RCA, que seria
destruído no ano seguinte.
Já Siqueiros pintou temas e imagens de guerra, por vezes, exageradamente expressivas e dramáticas, com o uso de cores fortes e figuras robustas. Um de seus murais mais famosos, "Nova Democracia", está no Palácio de Belas
Artes, na Cidade do México.
Orozco, considerado o mais
complexo dos muralistas, tinha
grande senso de realismo. Ilustrava a violência, o caos e a miséria,
dando ênfase ao sofrimento pessoal. Os três chegaram a produzir
murais nos EUA.
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