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egito antigo
Explorador tenta fortalecer papel do país na egiptologia
PLANO>> Medidas de Hawass para missões estrangeiras de exploração incluem a obrigatoriedade de treinar egípcios
Saedi Press 05.jan.2005
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Em rara aparição sem chapéu à Indiana Jones, Hawass submete a múmia de Tutancâmon a exame
DA REPORTAGEM LOCAL
Para entender a relação de
Zahi Hawass com a mídia, é
preciso vê-lo em ação. É inegável: o homem tem o dom de entreter e alcançar o grande público, ressaltando o drama e o
mistério de relatos que poderiam ser apenas científicos.
Em sua longa carreira no
Conselho Supremo de Antiguidades do Egito -o primeiro de
seus vários cargos no órgão foi
o de inspetor de antiguidades
de Tuna el Gebel e Mallawi, a
partir de 1969-, Hawass coleciona grandes descobertas, como o cemitério dos construtores das pirâmides em Gizé e o
chamado vale das Múmias
Douradas, em Baharyia.
A lista de eventos que geraram grande publicidade não fica atrás. Um deles foi a reedição
da exposição itinerante dedicada a Tutancâmon (www.kingtut.org) cerca de três décadas
após o sucesso da primeira exposição, de 1976 a 1979.
Explorador residente da National Geographic, Hawass liderou os exames mais detalhados já feitos na múmia de Tutancâmon, incluindo uma tomografia computadorizada, e a
reconstrução da face do faraó
com base nos dados do estudo.
Outro sucesso televisivo foi a
incursão de um robô equipado
com uma câmera na Grande
Pirâmide de Gizé.
Hawass é frequentemente
descrito como "o arqueólogo
mais famoso desde Howard
Carter". Para ele, a comparação
com o famoso explorador britânico que descobriu a tumba
de Tutancâmon em 1922 vem
exatamente do fato de ambos
serem relacionados com a figura do menino faraó.
"Howard Carter tinha paixão
por arqueologia, e eu também
tenho. Ele fez grandes descobertas e é reconhecido no Egito
e em todo o mundo. Eu também fiz grande descobertas e
sou reconhecido no Egito e em
todo o mundo. No entanto, a
maioria das pessoas provavelmente faz essa conexão entre
nós porque eu trabalhei com a
tumba e a múmia de Tutancâmon, que foram descobertos
por Carter", diz.
O plano ambicioso que deu
fama a Hawass visa fortalecer o
papel do Egito na egiptologia
-área tradicionalmente dominada por americanos e europeus. O primeiro passo foi assegurar o fim dos tempos em
que exploradores estrangeiros
podiam trabalhar no Egito sem
regras rígidas e fiscalização.
Uma de suas medidas foi regulamentar pedidos de concessões de sítios arqueológicos para missões estrangeiras -que
agora têm a obrigação de treinar egípcios, para formar mão-de-obra qualificada.
Após uma descoberta, o explorador deve conservar o que
foi encontrado e publicar artigos sobre o trabalho em sua língua e em árabe, para facilitar o
acesso dos egípcios às informações. Os exploradores não podem anunciar sozinhos suas
descobertas -elas precisam
ser examinadas pelo SCA, que
faz o anúncio em nome deles.
A construção de novos museus e locais de armazenamento e catalogação de artefatos
também vem de encontro com
o propósito de valorizar a herança cultural do país entre os
próprios egípcios -e de rebater
o principal argumento dos museus instados a devolver ao Egito cinco peças consideradas
por Hawass como essenciais
para a cultura egípcia, a suposta falta de capacidade e interesse do país em preservar seus tesouros ao longo da história.
Há um grande número de artefatos que ficaram muito tempo esquecidos em depósitos,
incluindo objetos descobertos
por Carter no túmulo de Tutancâmon. Agora, com os novos depósitos, os artefatos estão sendo catalogados em uma
só base -os objetos achados
por Carter continuam na fila.
Sem papas na língua, Hawass
criou um neologismo para os
que acreditam que as pirâmides são obras de extraterrestres: "pyramidiots", ou "piramidiotas". Espetáculos à parte,
ele tem certeza da eficiência de
seu papel no resgate da herança histórica do Egito. "O SCA
conseguiu mais realizações em
seis anos do que no último século", diz, sem rodeios ou modéstia.
(MARINA DELLA VALLE)
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