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ALÉM DE LONDRES
Fortaleza medieval foi berço de reis e rainhas
Castelo de Edimburgo exprime força da Escócia
Castelo de Edimburgo exprime força da Escócia
DA ENVIADA ESPECIAL AO REINO UNIDO
"Quando eu olho para fora de
manhã, é como se eu acordasse
em "Utopia'", disse George Eliot,
pseudônimo da escritora inglesa
Mary Ann Evans, uma das maiores expressões da literatura inglesa, a respeito de Edimburgo.
A capital da Escócia parece mesmo imaginária. Um cenário teatral caprichado, "dramático", como definem muito bem os padronizados folhetos turísticos.
É que tudo impressiona: a topografia da cidade, situada entre colinas vulcânicas e o mar Negro, a
arquitetura imponente, uma história carregada de batalhas e intrigas reais e o peso da tradição intelectual e literária.
Na chegada você logo se depara
com um castelo-fortaleza com
ares de mal-humorado, instalado
no alto de uma colina, como se vigiasse tudo o que acontece embaixo. A cidade divide-se em duas: a
chamada Cidade Antiga, que é
medieval e começa a partir do
castelo, e a elegante Cidade Nova,
que, apesar do nome, já completou 200 anos e reúne o conjunto
mais bonito de prédios e praças
georgianas do Reino Unido.
Pequena e compacta, é possível
conhecer Edimburgo a pé, especialmente a parte antiga, que integra a lista da Unesco dos patrimônios históricos mundiais. O castelo é visita obrigatória não apenas
pelo valor histórico -reúne
construções dos séculos 11 ao 20,
que já serviram de fortaleza e palácio real a prisão do governo-,
mas porque oferece uma vista panorâmica da cidade.
O prédio mais antigo de Edimburgo está lá dentro. É a capela de
St. Margaret, intacta há quase 900
anos. Outro momento alto do
tour pelo sombrio castelo é o
quarto -por sinal, minúsculo-
em que Maria Stuart, a rainha da
Escócia, deu à luz, no século 16,
um garotão que veio a ser o rei Jaime 6º da Escócia e também Jaime
1º da Inglaterra, responsável pela
união das duas Coroas.
Saindo do castelo, você desce a
famosa Royal Mile, constituída de
quatro ruas estreitas, de paralelepípedos, mais de 60 vielas e pátios
internos medievais e recheada do
que há de melhor para o turista:
pequenos museus, monumentos,
pubs e lojas. Ali você passa um dia
inteiro e ainda quer voltar.
Um dos monumentos históricos é a catedral St. Giles; de estilo
gótico, mantém a célebre flecha
em forma de coroa no alto da torre. E atenção: na frente da igreja,
observando o movimento dos
transeuntes, você pode ser levado
a julgar injustamente a educação
dos escoceses. É comum presenciar jovens ou velhos, bem vestidos ou não, lançando enérgicas
cuspidas ao chão.
Os mais supersticiosos nem pisam ali. É que sob a área, definida
de maneira pouco visível por pedras de granito arredondadas, ficava o corredor da morte, a cela
dos piores criminosos.
Na Royal Mile fica ainda a Lady
Stairs House, casa do século 17
que abriga o museu do Escritor,
dedicado à vida e às obras dos três
mais importantes escritores escoceses: Robert Burns (1759-1796),
Walter Scott (1771-1832) e Robert
Louis Stevenson (1850-1894).
A história está espalhada e conservada por toda a cidade. Dessa
forma, se der vontade de se largar
um pouco em uma mesinha da
região, a sugestão é a casa onde viveu o homem de dupla personalidade que inspirou o clássico do
suspense inglês "O Médico e o
Monstro", de Stevenson.
Transformada em café -The
Deacon's House Brodie-, ela fica
num beco minúsculo, muito
charmoso, coalhado de referências à vida do bizarro morador,
que de dia fazia parte do conselho
da cidade e à noite chefiava uma
quadrilha de ladrões.
Na hora de pagar a conta, não
pense que a tradição de roubar foi
mantida na casa de Willliam Brodie. Em qualquer lugar da cidade
você paga cerca de 1,40 libras (R$
6,50) por um cafezinho.
Saia e uísque
Se, mesmo sabendo que a libra
vale cerca de seis vezes o real, você
insistir em adquirir uma saia kilt
-um dos ícones escoceses-,
com um cashmere básico combinando, siga pela Royal Mile, onde
há uma das mais antigas lojas do
ramo, a The Tartan Gift Shop, de
1889, ou redondezas. Ainda no
quesito ícone, uma espécie de
museu do uísque conta a história
e mostra a fabricação da bebida
nacional, o Scotch Whisky Heritage Center.
(BELL KRANZ)
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