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São Paulo, segunda-feira, 05 de maio de 2003

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ALÉM DE LONDRES

O Britannia, único lugar onde a rainha relaxava, foi o palácio flutuante de Elizabeth 2ª por 44 anos

Reino Unido abre iate real a seus plebeus

DA ENVIADA ESPECIAL AO REINO UNIDO

Morar num palácio como rainha e, ao mesmo tempo, viver na santa paz da privacidade, só mesmo se mandando para o alto-mar -sem deixar em terra a mordomia, o "staff" real. Parece ter sido isso o que a rainha Elizabeth 2ª descobriu logo que sucedeu o pai no trono, o rei George 6º.
Dando prosseguimento aos planos dele de construir um novo iate real, ela, com o marido, o príncipe Philip, envolveu-se pessoalmente nos detalhes do projeto, do design do barco à escolha dos móveis, tecidos e quadros. Resultado: o Royal Yacht Britannia, lançado ao mar em 1953, transformou-se no palácio flutuante da rainha, o único lugar onde ela, como dizia, conseguia relaxar de verdade.
Mesmo com a lotação completa (cerca de 300 pessoas, com tripulação e serviçais), era lá que a sua majestade usufruía de privacidade. Gostava tanto das estadas marítimas que se tornou a monarca mais viajada da história.
E não apenas a família real viajava por todo o mundo, como o mundo a visitava. Winston Churchill, Nelson Mandela, Bill Clinton, Boris Ieltsin e Ronald Reagan foram alguns dos líderes que participaram dos banquetes oficiais a bordo do barco, nas 968 viagens oficiais, durante os 44 anos em que serviu à família real.
Hoje qualquer plebeu sobe a bordo do Britannia. E mais: se tiver uma conta bancária robusta, promove uma festa ou um jantar servido com o mesmo requinte dos banquetes reais. É que o barco foi aposentado e consiste em uma das mais novas atrações de Edimburgo, além de estar disponível para eventos.
Entre os momentos tops do tour, que inclui visita aos cinco deques do barco, está o espaço preferido da rainha: o "sun lounge". A sala onde ela gostava de tomar o café da manhã e o chá da tarde tem uma vista deslumbrante: um amplo deque de vigas na proa do barco. Dali o visitante desvenda a ala íntima. Um hall com fotos da família em momentos de descontração leva aos aposentos reais, onde você descobre, por exemplo, que Sua Majestade dormia em uma cama diminuta e separada do marido -cada um tinha o seu quarto.
Do lado oposto, o "santuário" dos pombinhos reais, o quarto onde quatro casais passaram a lua-de-mel. A princesa Margaret e Antony Armstrong-Jones foram os primeiros, viajando para o Caribe, em 1960. Depois, a princesa Anne e o capitão Mark Phillips fizeram um cruzeiro para as Índias Ocidentais, em 1973.
Em 1981, foi a vez do mais célebre casal real, o príncipe e a princesa de Gales. Diane e Charles voaram até Gibraltar, onde embarcaram rumo a 16 dias de viagem no Mediterrâneo. O último casal, o duque e a duquesa de York, passou cinco dias cruzando os Açores. Pelo destino dos casais, é possível presumir que o Britannia foi o paraíso da rainha, mas não o melhor lugar para começar uma vida a dois. Todos os casais se separaram.
A decoração do barco, sem pompa, é a cara da rainha. Na sala de estar dá para imaginá-la jogando quebra-cabeça -ela adorava- ao lado da lareira acesa, com lady Di ao piano.
A sala de jantar é outro ponto alto da visita: arrumar a mesa para 65 pessoas era uma produção de horas, em que a posição dos talheres era medida com régua.
O Britannia (www.royalyacht britannia.co.uk) está atracado no histórico porto de Leith. Mas, para chegar a bordo, é preciso atravessar um shopping center, o Ocean Terminal (Ocean Drive, Leith), com lojas manjadas como Gap e Body Shop. O tour no barco custa 8 libras, mas prepare outro tanto para a loja de suvenires, que vende de bombons a ursinho com a grife Britannia. (BELL KRANZ)


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