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ALÉM DE LONDRES
O Britannia, único lugar onde a rainha relaxava, foi o palácio flutuante de Elizabeth 2ª por 44 anos
Reino Unido abre iate real a seus plebeus
DA ENVIADA ESPECIAL AO REINO UNIDO
Morar num palácio como rainha e, ao mesmo tempo, viver na
santa paz da privacidade, só mesmo se mandando para o alto-mar
-sem deixar em terra a mordomia, o "staff" real. Parece ter sido
isso o que a rainha Elizabeth 2ª
descobriu logo que sucedeu o pai
no trono, o rei George 6º.
Dando prosseguimento aos planos dele de construir um novo iate real, ela, com o marido, o príncipe Philip, envolveu-se pessoalmente nos detalhes do projeto, do
design do barco à escolha dos móveis, tecidos e quadros. Resultado:
o Royal Yacht Britannia, lançado
ao mar em 1953, transformou-se
no palácio flutuante da rainha, o
único lugar onde ela, como dizia,
conseguia relaxar de verdade.
Mesmo com a lotação completa
(cerca de 300 pessoas, com tripulação e serviçais), era lá que a sua
majestade usufruía de privacidade. Gostava tanto das estadas marítimas que se tornou a monarca
mais viajada da história.
E não apenas a família real viajava por todo o mundo, como o
mundo a visitava. Winston Churchill, Nelson Mandela, Bill Clinton, Boris Ieltsin e Ronald Reagan
foram alguns dos líderes que participaram dos banquetes oficiais a
bordo do barco, nas 968 viagens
oficiais, durante os 44 anos em
que serviu à família real.
Hoje qualquer plebeu sobe a
bordo do Britannia. E mais: se tiver uma conta bancária robusta,
promove uma festa ou um jantar
servido com o mesmo requinte
dos banquetes reais. É que o barco
foi aposentado e consiste em uma
das mais novas atrações de Edimburgo, além de estar disponível
para eventos.
Entre os momentos tops do
tour, que inclui visita aos cinco
deques do barco, está o espaço
preferido da rainha: o "sun lounge". A sala onde ela gostava de tomar o café da manhã e o chá da
tarde tem uma vista deslumbrante: um amplo deque de vigas na
proa do barco. Dali o visitante
desvenda a ala íntima. Um hall
com fotos da família em momentos de descontração leva aos aposentos reais, onde você descobre,
por exemplo, que Sua Majestade
dormia em uma cama diminuta e
separada do marido -cada um
tinha o seu quarto.
Do lado oposto, o "santuário"
dos pombinhos reais, o quarto
onde quatro casais passaram a
lua-de-mel. A princesa Margaret e
Antony Armstrong-Jones foram
os primeiros, viajando para o Caribe, em 1960. Depois, a princesa
Anne e o capitão Mark Phillips fizeram um cruzeiro para as Índias
Ocidentais, em 1973.
Em 1981, foi a vez do mais célebre casal real, o príncipe e a princesa de Gales. Diane e Charles
voaram até Gibraltar, onde embarcaram rumo a 16 dias de viagem no Mediterrâneo. O último
casal, o duque e a duquesa de
York, passou cinco dias cruzando
os Açores. Pelo destino dos casais,
é possível presumir que o Britannia foi o paraíso da rainha, mas
não o melhor lugar para começar
uma vida a dois. Todos os casais
se separaram.
A decoração do barco, sem
pompa, é a cara da rainha. Na sala
de estar dá para imaginá-la jogando quebra-cabeça -ela adorava- ao lado da lareira acesa, com
lady Di ao piano.
A sala de jantar é outro ponto alto da visita: arrumar a mesa para
65 pessoas era uma produção de
horas, em que a posição dos talheres era medida com régua.
O Britannia (www.royalyacht
britannia.co.uk) está atracado no
histórico porto de Leith. Mas, para chegar a bordo, é preciso atravessar um shopping center, o
Ocean Terminal (Ocean Drive,
Leith), com lojas manjadas como
Gap e Body Shop. O tour no barco
custa 8 libras, mas prepare outro
tanto para a loja de suvenires, que
vende de bombons a ursinho com
a grife Britannia.
(BELL KRANZ)
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