São Paulo, quinta-feira, 05 de maio de 2005

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PELAS ESTANTES

Entidade terá mostra permanente de obras e setor de livre acesso, onde o leitor poderá procurar livros

Biblioteca do Rio busca atrair turistas

CRISTINA TARDÁGUILA FERREIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Dois projetos inovadores farão que a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro (www.bn.br) entre definitivamente no roteiro turístico da Cidade Maravilhosa até o fim do segundo semestre deste ano, garante seu presidente, Pedro Corrêa do Lago.
Com a inauguração de uma exposição permanente composta por entre 80 e cem peças escolhidas a dedo no acervo da instituição e a abertura de uma biblioteca de livre acesso, que permitirá ao próprio leitor buscar nas estantes o material que lhe interessa, o edifício instalado na avenida Rio Branco, 219, desde 1910, pretende disputar com outros pontos de visitação da cidade a atenção de turistas e curiosos em geral.
Segundo revelou Corrêa do Lago à Folha, a exposição permanente, com preciosidades que vão de obras datadas de 1200 a trabalhos contemporâneos, ficará no mezanino do quarto andar da biblioteca e reunirá, entre outras peças, a segunda Bíblia mais antiga do mundo, a primeira cartilha em português, do século 16, e alguns retratos feitos pelo artista plástico contemporâneo Vik Muniz. "Essa não será de forma alguma uma mostra para eruditos. Qualquer um poderá apreciar e se entreter com fotos antigas, manuscritos de Castro Alves, trabalhos de Walt Disney no Brasil e, até mesmo, um dos menores livros do mundo, que faz parte do nosso acervo", acrescenta.
A biblioteca de livre acesso, por sua vez, colocará à disposição do público de forma direta, ou seja, sem a intermediação dos funcionários da instituição, cerca de 3.000 livros sobre os mais diversos assuntos.
Dessa forma, "transformaremos o local em um verdadeiro playground de adultos em pleno centro da cidade", brinca Corrêa do Lago, ao prometer que, até o fim do segundo semestre de 2005, as pessoas que trabalham na região poderão usar sua hora de almoço para ler um livro em meio à tranqüilidade da biblioteca.
Indo às estantes, que terão uma classificação temática (a consulta, portanto, será mais fácil), os leitores ganharão tempo e verão outras obras relacionadas ao assunto que procuram. "O que certamente os instigará a não se ater apenas a um livro e a ampliar seus conhecimentos", ressalta Corrêa do Lago, orgulhoso de estar finalmente dando os primeiros passos para implantar dois projetos que visam a transformar a instituição que preside há mais de dois anos em um centro cultural ativo do Rio de Janeiro.
"A biblioteca é como uma tia-avó velha que a gente sabe que está sempre no mesmo lugar, mas que costumamos não visitar muito porque ela não oferece atrativos evidentes. A biblioteca precisa se abrir mais ao público e mostrar que guarda maravilhas culturais inigualáveis", diz o presidente.
A Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro é a instituição cultural mais antiga do Brasil e é considerada a oitava maior biblioteca nacional do mundo, com um acervo de 8 milhões de peças e com capacidade de atender mensalmente 15 mil pedidos de consulta. O acervo inicial, trazido para o Brasil logo depois que Napoleão Bonaparte invadiu Portugal e obrigou a família real a se mudar para o Rio colonial, recebe desde 1805 pelo menos um exemplar de toda obra impressa no território nacional, razão pela qual se mantém atual e ampla.
O edifício oferece um dos saguões mais impressionantes do país, de arquitetura eclética, do fim do século 19 e início do 20. Nele, misturam-se elementos neoclássicos e de art nouveau num estilo não muito valorizado na época de sua criação, mas com muitos fãs ao redor do mundo atualmente. A última reforma no local aconteceu há dez anos e, sem dúvida, deixou-o pronto para se transformar definitivamente em mais um ponto de interesse turístico do Rio de Janeiro.


Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro - Funciona de segunda a sexta, das 9h às 20h; e aos sábados, das 9h às 15h; entrada gratuita.

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