São Paulo, segunda-feira, 05 de agosto de 2002

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Fundador da dinastia Ming repousa em Nanquim

Otávio Dias
Barco em canal de Nanquim, em área lotada de riquixás e lojas, perto do templo de Confúcio


NA CHINA

Nanquim (Nanjing) é uma das mais importantes cidades chinesas do ponto de vista geográfico, histórico, intelectual e econômico. E uma excelente opção para quem quer acrescentar algo além do eixo mais convencional formado por Xangai, Pequim e Xian.
Situada em torno de um grande lago, com várias montanhas cobertas de bosques em volta e próxima ao rio Yangtze, a cidade impressiona à primeira vista. Não é, entretanto, fácil de conhecer. Há diversos centros, as distâncias são grandes e as ruas, bem confusas, com trânsito e poluição.
Não deixe de acordar bem cedo e visitar o parque Xuanwu Hu, banhado pelo lago situado no coração de Nanquim. Logo cedo, a área fica cheia de gente se exercitando e de criadores de passarinhos que trazem as aves para cantar e tomar sol.
Outro passeio fundamental é para Zijin Shan, uma montanha verdejante e tranquila (coisa rara na China!) onde ficam a antiga tumba do fundador da dinastia Ming (séc. 14 ao séc. 17) e o mausoléu de Sun Iatsen.
O trajeto para a Xiaoling (tumba) deve ser feito a pé, por um caminho de pedras ladeado por uma série de estátuas de grandes dimensões feitas cada uma com um único bloco de pedra. São quatro pares de soldados e 12 pares de animais (leões, elefantes e camelos, entre outros).
Construída em 1383, a tumba era protegida por uma muralha de 22 km de extensão e possuía diversos halls e pavilhões, mas quase tudo foi destruído.
O que restou é um imponente portão recém-restaurado. Ao fundo, sob uma colina coberta de vegetação, permanecem intocados os restos mortais do imperador. Como outras importantes tumbas imperiais, por exemplo, as de Pequim e Xian, a de Nanquim é mantida inviolável pelo governo.
Também chama atenção o Zhongshan Ling, o mausoléu do primeiro presidente da China. O médico Sun Iatsen (1866-1925) assumiu o poder em 1911, quando a dinastia Qing foi derrubada, e renunciou dois anos depois, por não conseguir evitar o início de uma guerra civil no país.
Ele é provavelmente o único líder político chinês reverenciado tanto pelo regime comunista estabelecido em 1949 quanto pelos nacionalistas do Kuomintang, derrotados naquele ano.
Concluído em 1929, é uma grandiosa construção situada no cume de uma colina, de granito branco e telhas de porcelana azuis. Uma escada de mármore com 392 degraus dá acesso ao pavilhão, no interior do qual está a estátua de Sun Iatsen, de 5 m.

Área turística
Uma volta por Fuzi Miao, onde fica o templo de Confúcio, à beira de um canal cercado pelas poucas casas tradicionais que ainda restam na cidade de Nanquim, leva o visitante a uma área bem turística, lotada de riquixás, pedalinhos, lojas de pinturas e de caligrafias, restaurantes e bares.
Também não deixe de visitar pelo menos um dos portões ainda remanescentes da imensa muralha que protegia a cidade. O mais grandioso é o colossal Zhonghua Men, onde até 3.000 soldados podiam oferecer resistência em caso de ataque.
Pegando um táxi, pode-se conhecer a ponte de 1,5 km sobre o rio Yangtze. Dentro, há uma grande estátua de Mao Tsé-tung.
Em chinês, Nanquim é Nanjing e quer dizer "capital do sul" -em oposição a Beijing (Pequim), que significa "capital do norte".
A cidade já foi sede do poder em diversos momentos, como no reinado do primeiro imperador da dinastia Ming, a partir de 1368, ou no meio do século 19, durante a Revolta dos Taiping, que desafiou a dinastia Qing (séc. 17-séc. 20).
Em 1911, quando os Qing finalmente foram destronados e a República da China, fundada, Nanquim voltou a ser capital. Mas apenas por dois anos, devido à disputa pelo poder que se seguiu e à sequência de acontecimentos posteriores: Primeira e Segunda Guerras Mundiais e o conturbado período entreguerras.
Em 1937, foi conquistada pelo Exército japonês: 300 mil civis foram mortos, num dos episódios mais sangrentos da guerra, documentado no Memorial para o Massacre de Nanquim.
(OTÁVIO DIAS)


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