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Graciliano Ramos iluminou Estado
da enviada especial
No melhor estilo "de Alagoas para o mundo", o escritor Graciliano
Ramos (1892-1953) é considerado
o maior escritor do Estado e também sua personalidade mais reluzente -por luz própria.
O "velho Graça", como era chamado por seus amigos e admiradores, nasceu em Quebrangulo e
morou em Palmeira dos Índios,
tomando emprestada do sertão a
temática da maioria de suas obras.
Mas é difícil dizer se havia mais
ódio ou amor nessa relação conflituosa, que, aliás, permeia seus livros ficcionais.
Graciliano Ramos dizia que o
Estado devia se transformar numa
ilha, devido ao coronelismo desde
sempre presente.
"Ele detestava Alagoas", conta
Valentim Facioli, professor de literatura brasileira da USP (Universidade de São Paulo) e co-autor
do livro "Graciliano Ramos, Antologia e Estudos" (editora Ática,
1987), organizado por José Carlos
Garbuglio.
De qualquer forma, segundo Facioli, a paisagem humana e social
de Alagoas influenciou, e muito, a
literatura do escritor.
Já em sua primeira obra, "Caetés" (1933), há uma metáfora da
própria terra, com uma divisão
entre o homem "selvagem" e o civilizado, vivida pelo personagem
João Valério.
Em "São Bernardo" (1934), um
de seus livros mais conhecidos e
cuja ação transcorre no sertão, o
tema da convivência entre o rural
e o urbano ganha novas cores.
Ramos criou um estilo todo pessoal no romance, pontuado pela
linguagem árida do sertanejo e da
própria paisagem.
Seu caminho literário só seria
interrompido, provisoriamente,
por Getúlio Vargas, que, em 1936,
ordenou a prisão do escritor. Após
ser "acusado" de comunista, ele
mofou por um ano na penitenciária de ilha Grande.
O período de reclusão gerou
"Memórias do Cárcere" (1953, publicação póstuma), relato da vida
na prisão, e provocou sua mudança para o Rio de Janeiro, onde
morreu.
Logo após deixar ilha Grande,
Graciliano Ramos escreveu "Vidas
Secas" (1938), considerado sua
obra-prima e que, em 1963, rendeu filme homônimo de Nelson
Pereira dos Santos.
Conheça outros livros de Graciliano Ramos: "Angústia" (1936),
"Histórias de Alexandre" (1944),
"Infância" (1945), "Dois Dedos"
(1945), "Insônia" (1947), "Linhas
Tortas" (1962), "Histórias Agrestes" (1967).
(CA)
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