São Paulo, Segunda-feira, 06 de Setembro de 1999
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POR DENTRO DA AVIAÇÃO
Aos 80 anos, KLM quer fazer Wings decolar

SILVIO CIOFFI
enviado especial a Amsterdã

A empresa aérea holandesa KLM completa 80 anos no dia 7 de outubro investindo num megaacordo operacional com a companhia italiana Alitalia.
A aliança Wings -um dos segredos mais mal guardados da história da aviação- já estava esboçada quando, em 1977, a KLM se juntou à norte-americana Northwest, depois de ter adquirido ações de empresas menores como Air Uk, do Reino Unido, e Braathens, da Noruega. Com o nome de Wings ou não, essa aliança vem fazer frente às já existentes Star Alliance e Oneworld.
Até agora, nos acordos existentes, a tendência tem sido de acomodação de concorrentes diretos em alianças opostas.
Assim, se a United capitaneou a fundação da Star Alliance, sua concorrente American optou pela Oneworld. Descendo até a Oceania, se a australiana Qantas se associa a uma aliança, sua concorrente Ansett vai para a outra.
A pergunta que o setor faz é: que estratégias terá a Wings? Quem será seu parceiro na Ásia, por exemplo, onde as companhias aéreas são bem mantidas e sofisticadas? E no Brasil? Bem, no Brasil a Varig já está na Star Alliance. E as outras querem participar dessas alianças globais?
Como nada está definido nem é definitivo, Leo van Wijk, o presidente da KLM, não abordou essas questões no discurso que fez para a imprensa durante o jantar que ocorreu no Rijksmuseum (em Amsterdã), uma das mais belas pinacotecas da Europa, na segunda-feira passada. O evento também teve a participação da ministra da Economia, A. Jorritsma.

Números
A KLM chega aos 80 em boa saúde financeira. Faturou 166 milhões de florins (cerca de US$ 80,3 milhões) nos primeiros quatro meses deste ano -96 milhões (US$ 46,5 milhões) menos do que no igual período de 98.
Está emprestando 100 milhões de euros (cerca de US$ 106,7 milhões) para a reforma do aeroporto de Malpensa, em Milão, que pertence à Alitalia. A KLM, que reina absoluta no aeroporto de Schphol (Amsterdã), não tem seu próprio aeroporto.
Juntas, a KLM e a Alitalia cobrem uma área complementar do globo terrestre, de modo que a aliança deve encontrar terreno fértil para crescer.
A mais antiga companhia aérea do mundo a usar o mesmo nome (KLM Royal Dutch Airlines) foi fundada em 1919 por um grupo de armadores investidos de um ideal do século 17, quando a Holanda fundou um império comercial global, o maior que já houve.
Hoje a empresa holandesa esbanja aviões -tem 119 aeronaves na frota, incluindo 20 modernos B-747/ 400.
A estréia internacional da KLM ocorreu em 1920, ligando Amsterdã a Londres. A empresa iniciou sua operação para a Ásia já no ano seguinte, em 1921.
Primeira a introduzir a classe executiva, a KLM de hoje serve 34 cidades em 26 países asiáticos; voa para Sydney, na Austrália, e serve 13 cidades em dez países africanos. Na Europa, o emaranhado é ainda maior: 86 cidades em 24 países. Na América do Norte, vai a 18 cidades nos três países. Também voa para o Caribe holandês e para a América do Sul.
No Brasil, São Paulo e Rio de Janeiro estão ligados a Amsterdã pela companhia aérea. Não deixa de ser estratégico para o país: a Holanda é a sexta maior economia da Europa e o sexto maior investidor mundial.


Silvio Cioffi, editor de Turismo, viajou a convite da KLM


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