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PERNAMBUCO
Autor escreveu 'Guia'
Freyre revela uma cidade reservada
da Redação
Autor de uma extensa bibliografia sobre a história de Pernambuco, o historiador Evaldo Cabral de
Mello recomenda uma obra de um
conterrâneo para os interessados
na capital: o "Guia Prático, Histórico e Sentimental da Cidade do
Recife", de Gilberto Freyre.
Muito mais uma série de textos
do que um livro articulado, o
"Guia" permite ao leitor conhecer o espírito da cidade na primeira metade deste século, quando tinha 348.472 habitantes espalhados
"por casas e mucambos" -contra mais de 1,3 milhão atualmente.
Logo de início, um alerta aos que
esperam encontrar no Recife "o ar
de festa" do Rio ou de Salvador:
"Nenhum porto de mar do Brasil
se oferece menos ao turista". Para
Freyre, o Recife guarda um "recato quase mourisco, escondendo-se
por trás dos coqueiros".
Para que o visitante consiga superar essa reserva recifense, o autor de "Casa Grande e Senzala"
recomenda tempo para um namoro demorado, o que ele próprio reconhece ser incomum no turista.
Com mais tempo, o visitante poderá encontrar as influências estrangeiras pela cidade, entre elas as
inglesas -como o hábito de beber
uísque com água-de-coco.
No capítulo gastronômico, ainda
que muitas casas elogiadas por
Freyre já tenham fechado as portas, está o Leite, onde se prepara
(ou preparava-se) "bem muito
quitute pernambucano". Funciona na praça Joaquim Nabuco, 147,
em Santo Antônio.
Afinal, especialmente se vier de
uma visita mais prolongada pela
região nordestina, o turista talvez
entenda porque "o Recife é a metrópole sentimental do Nordeste
inteiro, e não apenas de Pernambuco".
(CLAUDIO GARON)
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