São Paulo, segunda, 6 de outubro de 1997.



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PERNAMBUCO
Autor escreveu 'Guia'
Freyre revela uma cidade reservada

da Redação

Autor de uma extensa bibliografia sobre a história de Pernambuco, o historiador Evaldo Cabral de Mello recomenda uma obra de um conterrâneo para os interessados na capital: o "Guia Prático, Histórico e Sentimental da Cidade do Recife", de Gilberto Freyre.
Muito mais uma série de textos do que um livro articulado, o "Guia" permite ao leitor conhecer o espírito da cidade na primeira metade deste século, quando tinha 348.472 habitantes espalhados "por casas e mucambos" -contra mais de 1,3 milhão atualmente.
Logo de início, um alerta aos que esperam encontrar no Recife "o ar de festa" do Rio ou de Salvador: "Nenhum porto de mar do Brasil se oferece menos ao turista". Para Freyre, o Recife guarda um "recato quase mourisco, escondendo-se por trás dos coqueiros".
Para que o visitante consiga superar essa reserva recifense, o autor de "Casa Grande e Senzala" recomenda tempo para um namoro demorado, o que ele próprio reconhece ser incomum no turista.
Com mais tempo, o visitante poderá encontrar as influências estrangeiras pela cidade, entre elas as inglesas -como o hábito de beber uísque com água-de-coco.
No capítulo gastronômico, ainda que muitas casas elogiadas por Freyre já tenham fechado as portas, está o Leite, onde se prepara (ou preparava-se) "bem muito quitute pernambucano". Funciona na praça Joaquim Nabuco, 147, em Santo Antônio.
Afinal, especialmente se vier de uma visita mais prolongada pela região nordestina, o turista talvez entenda porque "o Recife é a metrópole sentimental do Nordeste inteiro, e não apenas de Pernambuco". (CLAUDIO GARON)



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