|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
HAJA LAGOAS
Para fazer filé, artesanato vendido no Pontal da Barra, utiliza-se mesmo tipo de agulha que tece rede de pesca
Criatividade para ser rendeiro não tem sexo
DO ENVIADO ESPECIAL A ALAGOAS
Não há idade nem sexo determinado para ser rendeiro. No
Pontal da Barra, homens, mulheres e crianças tomam as calçadas
para fazer o filé, renda típica de
Alagoas, cujo traçado inicial parece com o de uma rede de pesca.
As ruas desse bairro estão apinhadas de lojas que vendem produtos feitos com esse tipo de renda. A artesã Joseli Celso de Lima,
48, explica que o filé é feito com
pontos em cima de uma rede colocada em um tear.
Podem ser utilizadas diversas
cores de linha (de crochê). "Há
vários tipos de ponto: jasmim,
aranha, olho-de-pombo-coberto,
casa-de-noca, entre outros", diz.
Joseli conta que a agulha usada
para fazer o filé é a mesma que os
pescadores empregam na confecção das redes de pesca. "Só que
eles usam náilon."
Os homens, que também pegam no batente, abusam da criatividade para criar roupas e artigos
de cama, mesa e banho. O artesão
Guilherme dos Santos, 32, faz xales coloridos (entre R$ 50 e R$ 70)
que fazem bastante sucesso. Ele
também tece caminhos de mesa,
blusas, toalhas etc.
"O segredo do bom filé é que a
rede do tear tenha os quadradinhos pequenos porque fica mais
trabalhado", diz.
Na loja Píer Pontal, a proprietária e artesã Dagmar Canesi, 48,
utiliza o filé e as matérias-primas
da região em roupas e acessórios.
Assim, a bolsa de palha de buriti
ganha uma alça feita de casca de
coco, também utilizada em vestidos de algodão. As calças de algodão são aprimoradas e ganham
toque especial com detalhes de filé na barra.
Renascença
Além da técnica do filé, são empregadas outras, como bilro, renascença e redendê.
A renascença, comum também
no interior da Paraíba, utiliza desenho em papel sobre o qual é
passado o "lacê" (linha de seda).
O bilro, tradicional no Ceará, utiliza almofada e agulhas.
Joseli reclama que alguns guias
pedem 10% do valor das vendas
para levar turistas para o bairro.
"Vou fazer o movimento SOS
Pontal. Não temos condição de
pagar esses 10%", dispara. Além
das lojinhas de filé, o Pontal da
Barra abriga a lagoa do Mundaú
(leia abaixo), onde são feitos passeios de barco.
(AUGUSTO PINHEIRO)
Texto Anterior: Jangadas viram bar sobre piscina Próximo Texto: Lagoa Mundaú leva a encontro de águas Índice
|