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São Paulo, segunda-feira, 06 de outubro de 2003

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HAJA LAGOAS

Para fazer filé, artesanato vendido no Pontal da Barra, utiliza-se mesmo tipo de agulha que tece rede de pesca

Criatividade para ser rendeiro não tem sexo

DO ENVIADO ESPECIAL A ALAGOAS

Não há idade nem sexo determinado para ser rendeiro. No Pontal da Barra, homens, mulheres e crianças tomam as calçadas para fazer o filé, renda típica de Alagoas, cujo traçado inicial parece com o de uma rede de pesca.
As ruas desse bairro estão apinhadas de lojas que vendem produtos feitos com esse tipo de renda. A artesã Joseli Celso de Lima, 48, explica que o filé é feito com pontos em cima de uma rede colocada em um tear.
Podem ser utilizadas diversas cores de linha (de crochê). "Há vários tipos de ponto: jasmim, aranha, olho-de-pombo-coberto, casa-de-noca, entre outros", diz.
Joseli conta que a agulha usada para fazer o filé é a mesma que os pescadores empregam na confecção das redes de pesca. "Só que eles usam náilon."
Os homens, que também pegam no batente, abusam da criatividade para criar roupas e artigos de cama, mesa e banho. O artesão Guilherme dos Santos, 32, faz xales coloridos (entre R$ 50 e R$ 70) que fazem bastante sucesso. Ele também tece caminhos de mesa, blusas, toalhas etc.
"O segredo do bom filé é que a rede do tear tenha os quadradinhos pequenos porque fica mais trabalhado", diz.
Na loja Píer Pontal, a proprietária e artesã Dagmar Canesi, 48, utiliza o filé e as matérias-primas da região em roupas e acessórios. Assim, a bolsa de palha de buriti ganha uma alça feita de casca de coco, também utilizada em vestidos de algodão. As calças de algodão são aprimoradas e ganham toque especial com detalhes de filé na barra.

Renascença
Além da técnica do filé, são empregadas outras, como bilro, renascença e redendê.
A renascença, comum também no interior da Paraíba, utiliza desenho em papel sobre o qual é passado o "lacê" (linha de seda). O bilro, tradicional no Ceará, utiliza almofada e agulhas.
Joseli reclama que alguns guias pedem 10% do valor das vendas para levar turistas para o bairro. "Vou fazer o movimento SOS Pontal. Não temos condição de pagar esses 10%", dispara. Além das lojinhas de filé, o Pontal da Barra abriga a lagoa do Mundaú (leia abaixo), onde são feitos passeios de barco.
(AUGUSTO PINHEIRO)


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