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LETÔNIA, LITUÂNIA, ESTÔNIA
Capital cultural em 2009, Vilna enfileira igrejas e templos
Criada, segundo a lenda, a partir de sonho, cidade viu centro manter-se milagrosamente intacto após guerras
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
NA LITUÂNIA
Capital européia da cultura
no ano que vem (www.culturelive.lt) e mais antiga capital
do Báltico, Vilna impressiona
pelas igrejas em quantidade na
cidade velha. São mais de 50
construções dos mais diversos
estilos arquitetônicos.
A tradição de tolerância dos
lituanos deve estar ligada ao fato de terem sido o último povo
pagão da Europa a se converter
ao cristianismo. Hoje, mais de
80% da população é cristã.
Reza a lenda que Vilna foi
criada a partir de um sonho
profético do grão-duque de Gediminas, no século 14. Apesar
das inúmeras invasões e destruições, o centro histórico de
Vilna -ou Vilnius, seu nome
local- conseguiu ser milagrosamente preservado.
Caminhar pelas ruas calçadas com pedras de rio é a maneira de descobrir a cidade velha, considerado patrimônio da
humanidade pela Unesco.
Stebuklas
A praça Arkikatedros é o
ponto de partida ideal. Nos séculos passados, ela abrigava
mercados e feiras, e mais recentemente, foi cenário das
grandes manifestações para a
independência do país.
Antes de entrar na neoclássica catedral de Vilna, que lembra um templo greco, procure
pelo chão da praça a palavra
stebuklas -milagre em lituano- para fazer um pedido.
Na catedral, destaque para a
capela barroca de São Casimiro, o padroeiro do país, e do lado de fora, a torre com seus sinos e um relógio.
Entrar em todas as igrejas de
Vilna é programa para mais de
uma semana. Bem-vindo, então, ao roteiro essencial das relíquias religiosas da cidade.
A porta Aurora, onde fica a
imagem dita milagrosa de Nossa Senhora, local sagrado de peregrinação para os fiéis.
O magnífico interior branco
da igreja de São Pedro e São
Paulo e o enorme lustre de cristal em forma de navio. A igreja
Ortodoxa do Espírito Santo,
onde estão os corpos mumificados de Santo Antônio, Santo
Ivan e Santo Eustáquio.
A igreja de Santa Ana, considerada obra-prima do estilo gótico, e, bem perto dela, os afrescos da igreja de São Bernardino. Vale também ir à colina das
Três Cruzes, à bela igreja dos
Romanov, santuário ortodoxo
russo, e à Kenessa, a igreja dos
judeus caraítas.
Judeus, Vilna e a guerra
Vilna se tornou uma cidade
simbólica para a comunidade
judaica a partir do século 16.
Era conhecida como a Jerusalém do Norte até que, na Segunda Guerra Mundial (1939-45),
90% da população judaica foi
exterminada pelos nazistas.
Lasar Segall (1891-1957), artista-plástico radicado no Brasil, nasceu ali e legou gravuras,
desenhos e óleos que aludem a
esse período de êxodo.
Outro retrato dos anos de sofrimento dos lituanos é o museu da KGB, que funciona no
prédio do principal orgão de repressão da época da União Soviética. No porão, celas dos prisioneiros políticos, salas de torturas à prova de som e pátios de
execução. As instalações estão
intactas e as visitas são guiadas
por ex-prisioneiros.
Do alto da colina onde fica a
torre Gediminas, o símbolo de
Vilna, se tem o melhor panorama da cidade velha.
Essa fortificação foi o que
restou do castelo do século 14.
É possível chegar lá numa caminhada ou pegar um bondinho que sobe uma estradinha
sinuosa até o topo. A vista revela casas em tons pastéis com telhados vermelhos, cúpulas das
igrejas e ruelas medievais.
Outro bom programa é a visita à Universidade de Vilna, a
mais antiga do leste europeu.
Fundado por jesuítas em 1579,
esse renomado centro de estudos foi fechado na ocupação soviética. A biblioteca tem 5 milhões de livros, fica em uma sala
com afrescos.
Futuro próximo
Em 2009, Vilna será a capital
européia da cultura -e, os mais
boêmios, precisam conhecer o
seu bairro boêmio: Uzupio. A
Montmartre de Vilna é o mais
antigo e original bairro local.
A auto-proclamada República de Uzupio, criada por artistas na era soviética, tinha leis
próprias como: "um gato não
deve ser obrigado a amar seu
dono, mas deve apoiá-lo nos
momentos difíceis".
A Constituição, redigida por
poetas, tem 40 artigos. Diz "todo homem tem direito de morar perto de um riacho", e também, que "todo homem tem o
direito de morrer, mas isso não
é uma obrigação".
Hoje, com a especulação
imobiliária, a área perdeu charme, mas conserva alguns cafés
e galerias de arte.
(LETÍCIA FONSECA-SOURANDER)
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