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LUZ, DESERTO, AÇÃO!
Estudos sobre sustentabilidade do Jalapão podem sugerir cobrança de ingresso em locais turísticos
Turismo desmedido deixa marcas na areia
DA ENVIADA ESPECIAL AO JALAPÃO
O recente falatório na mídia sobre o deserto do Jalapão tem provocado resultados bastante negativos na conservação da área. O
boom do turismo, feito de forma
descontrolada, já deixa suas marcas no deserto.
Aliado a isso, o Jalapão enfrenta
ainda outras duas dificuldades: a
demora na implementação do
parque estadual (leia abaixo) e a
ausência de uma fiscalização eficiente, já que o Ibama tem apenas
dois fiscais para todo o deserto.
A falta de fiscalização nos pontos turísticos, os passeios sem
guias e os ralis no deserto já começam a imprimir suas marcas na
região. O Jalapão já fez parte da
rota do Rally Internacional dos
Sertões, a maior corrida "off-road" da América Latina, que
projetou o local em todo o Brasil e
que levava dezenas de jipes anualmente à prova. Neste ano a região
não abrigará a prova, porém esses
veículos continuam sendo usados
por visitantes.
Dunas de até 40 m de altura, que
levaram milhares de anos para se
formar, ficam arrasadas depois de
serem "pisadas" por turistas a
bordo de jipes ou motocicletas.
Também o fervedouro, uma
nascente de rio de cerca de 20 m2,
já apresenta sinais de degradação
pelo grande número de turistas e
pela visita indiscriminada.
"O ideal é um grupo de seis pessoas por dez minutos. Se não controlar o número de pessoas no poço do fervedouro, ele acaba", diz
Luciano Cohen, sócio da Korubo
Expedições, operadora que organiza passeios pela região.
O lixo deixado nas trilhas e em
cachoeiras e a aceleração do processo erosivo das estradas e dos
platôs são outros resultados nefastos da visita indiscriminada.
"Há falta de respeito às trilhas e
às placas de orientação", diz Cohen, que critica quem "deixa quilos de lixo" pelo caminho.
A coordenadora do parque estadual, Beatriz Gonçalves, alerta
para o perigo. "É claro que o turismo é bem-vindo. Ele é bom para
as pessoas que moram aqui, que
vivem da venda do artesanato local, e para a divulgação do Tocantins. Mas, do jeito que está sendo
feito, só irá contribuir para acabar
com o deserto do Jalapão."
A partir da criação do parque,
serão feitos estudos para avaliar a
sustentabilidade do Jalapão. Uma
das idéias é fazer lá o que se fez em
Bonito (MS), onde só são permitidas visitas guiadas aos pontos turísticos. Como a maioria desses
pontos estão localizados em propriedades particulares, a cobrança de ingresso em alguns deles
também deverá se tornar obrigatória. Parte do dinheiro irá para o
guia, parte para o parque e parte
para o proprietário do local.
"É uma forma de controlarmos
o turismo e preservar o lugar",
adianta Beatriz. Ela pede que os
turistas entrem em contato com o
Naturatins (Instituto Natureza do
Tocantins, tel. 0/xx/63/218-2603;
www.naturatins.to.gov.br) antes
de ir ao Jalapão, para que a visita
possa ser organizada. Também é
possível visitar a região adquirindo programas prontos, que normalmente incluem guias (veja
"Pacotes" na pág. F3) e têm cuidados com a manutenção da área.
(SABRINA PETRY)
Colaborou Margarete Magalhães, da
Reportagem Local.
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