São Paulo, quinta-feira, 07 de setembro de 2006

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Abandono obscurece a riqueza arquitetônica de Belmonte

Márcio Freitas/Folha Imagem
Chafariz escocês na praça Godofredo Bandeira, encomenda de fazendeiro para decorar cerimônia de casamento da filha


Prédios erguidos no auge da produção do cacau integram patrimônio da Unesco

DO ENVIADO ESPECIAL À BAHIA

Passa longe de Belmonte aquela badalação e o fluxo de turistas das vizinhas da costa do Descobrimento. A 78 km na direção norte de Porto Seguro, vale caminhar pelas ruas desse município, meio primo pobre dos outros. De arquitetura rica e dono de um belo patrimônio da humanidade decretado pela Unesco -infelizmente mal conservado-, Belmonte é para quem gosta do singelo e da natureza, despontada num passeio pelo rio Jequitinhonha.
A viagem deve ser um bate e volta para quem se hospeda em Santa Cruz Cabrália ou em Porto Seguro, porque Belmonte ainda não tem boa estrutura ao turismo -faltam hotéis, e as pousadas são muito simples.
Em homenagem à terra natal de Pedro Álvares Cabral, no norte de Portugal, a cidade, que até o final do século 19 chama-se São Pedro do Rio Grande, foi rebatizada de Belmonte. Acredita-se que o principal rio dali, o Jequitinhonha, foi responsável por lançar troncos de árvores e plantas no mar, fato que confirmou a existência de terra para a esquadra portuguesa.
Na fronteira entre a costa do Descobrimento e a costa do Cacau, Belmonte já foi alimentada pela riqueza vinda das grandes produções cacaueiras no século passado, com seus barões.
Como a linha que separa a bênção da maldição é tênue, a decadência da era do cacau deixou sua marca. Belmonte foi sendo abandonada por seus moradores que procuraram trabalho nas cidades vizinhas e pelo poder público. E tudo que foi construído também foi sendo deixado para trás.
No centro, uma das principais atrações de Belmonte é um conjunto arquitetônico com prédios coloniais do final do século 19 e início do século 20. As fachadas neogóticas revelam vestígios da gloriosa era do cacau, mas, hoje, muitas dessas construções estão em ruínas.
No entanto, está em andamento um trabalho de recuperação desse patrimônio. Muitas fachadas foram restauradas, e a próxima obra será a recuperação de um prédio na via do cais que destaca um brasão da Coroa portuguesa do período de 1897. Ali funcionará o Museu da Imagem e do Som da cidade.
O roteiro das praças é o melhor jeito de conhecer essa história. Em 1.500 metros, visitam-se casas onde moraram pessoas que tiveram importância para a cidade e ouvem-se curiosidades (leia abaixo).
No final do passeio, aproveite para provar os doces artesanais da "tia" Pombinha, que fica na praça da Matriz. Todos os produtos são feitos pela família, com cacau orgânico plantado por eles mesmos, sem conservantes. Fazem doces e licores com frutas da região, além dos clássicos queijadinha e beijinho. (MÁRCIO FREITAS)


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