São Paulo, segunda-feira, 07 de outubro de 2002

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Região tombada da capital da Paraíba tem construções dos séculos 17 a 20 e passa por revitalização

Centro histórico acomoda bares e ateliês

Odinaldo Costa
Fachadas coloridas de casário do centro histórico de João Pessoa, onde existem bares, atêlies de artistas e instituições culturais


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O centro histórico de João Pessoa está passando por um processo de revitalização, financiado pelos governos brasileiro e espanhol, que já deu cara nova para algumas áreas tombadas pelo Patrimônio Histórico Nacional.
Entre elas está a praça Antenor Navarro, com seus sobrados coloridos dos séculos 19 e 20, construídos originalmente para abrigar lojas. A maior parte dessas construções tem o estilo batizado de eclético, explica o arquiteto Claudio Nogueira, 33, coordenador do projeto de revitalização do centro histórico: "Mistura o clássico, o barroco e o neogótico, mas alguns prédios já têm características mais modernas, sem muita ornamentação".
Atualmente, funcionam nessas casas bares, ateliês de artistas plásticos e a Fundação de Cultura de João Pessoa. O objetivo é, segundo Nogueira, movimentar a área histórica com atividades e estabelecimentos ligados à cultura.
Próximo à praça Antenor Navarro, na colina às margens do rio Sanhauá, onde teria sido feito um acordo de paz entre os índios e os colonizadores portugueses, está o largo São Pedro Gonçalves, com mais casario do século 19.
Um dos destaques é a igreja São Frei Pedro Gonçalves, reinaugurada em janeiro, após passar por dois anos de reformas.
Durante a recuperação da igreja, uma escavação revelou a fundação da primeira capela de São Pedro Gonçalves, datada do final do século 17. O visitante vê suas ruínas por um vidro colocado na entrada da igreja.
O material arqueológico encontrado no local, como faianças, cerâmica, moedas e ossos, passa por um processo de análise e catalogação na Universidade Federal de Pernambuco.
"Havia muitos ossos porque, no século 18, era costume enterrar as pessoas nas igrejas ou ao redor dela", explica Nogueira. Outra descoberta arqueológica recente na área do largo foi uma muralha, que provavelmente fazia parte de um forte que cumpria a função de defender a cidade.
O hotel Globo, composto por dois prédios em estilo eclético, também vale uma visita. A construção tem influências do neoclássico e do art nouveau, além de motivos art déco. Foi erguido nos anos 20 do século passado e, até a década de 50, o Globo era o principal hotel de João Pessoa.
Hoje, além de abrigar instituições culturais, empresta seu espaço para a realização de exposições e lançamentos de livros, entre outras atividades.
Dos jardins do hotel, tem-se, principalmente ao pôr-do-sol, uma bela vista do rio Sanhauá, onde a capital foi fundada, em 1585. A área do antigo porto, com suas construções, também deve ser restaurada, mas o projeto depende da captação de recursos.
Ainda no centro da cidade, o teatro Santa Roza, construído em 1889, ostenta estilo neoclássico com influência greco-romana em sua fachada. No seu palco, o poeta paraibano Augusto dos Anjos (1884-1914) deu palestras sobre a escravidão.
A Casa da Pólvora, edificação de 1710 que, na época, era usada para guardar armamentos, é outro monumento histórico. Hoje ela funciona como o Museu Fotográfico Walfredo Rodriguez e o prédio é tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional.
Ainda vale a pena visitar a igreja de Nossa Senhora do Carmo, do final do século 16, em barroco romano, com trabalhos em pedra calcária em seu interior, como altar, púlpitos e elementos decorativos, e painéis em azulejaria portuguesa de meados do século 18.
Em frente à igreja existe também o casarão de Azulejos, do final do século 19, um dos últimos prédios da cidade que tem azulejos portugueses no exterior.
(AUGUSTO PINHEIRO)


Teatro Santa Roza - Pça. Pedro Américo, s/nš, centro, tel. 0/xx/83/218-4383; Igreja de Nossa Senhora do Carmo - Pça. D. Adauto, s/nš, centro; Casa da Pólvora - Ladeira de São Francisco, s/nš, centro.


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