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ESTADOS UNIDOS
Cidade renasceu das cinzas há 90 anos
do enviado especial a Chicago
Construir e reconstruir faz parte
da história de Chicago, a cidade
que queimou e renasceu, seguindo
o traçado de Daniel Hudson Burnham (1846-1912) há 90 anos.
Seu primeiro habitante, Jean
Baptiste DuSable, um comerciante
de peles de ascendência franco-africana nascido em Santo Domingo, construiu um entreposto na
nascente do rio Chicago em 1779.
Mas a cidade tem mesmo origem
no forte Dearborn, plantado na foz
do mesmo rio, em 1803.
Os norte-americanos haviam
derrotado os índios da região e,
com a fortificação, planejavam tomar posse do território que viria a
ser o Estado de Illinois.
Mas, em 1812, o forte Dearborn
foi destruído pelos índios. Reconstruído em 1816, só deixou de ter
importância estratégica 20 anos
depois, quando os índios já não representavam ameaça.
Com a vitória dos Estados do
Norte na Guerra de Secessão
(1860-65), Chicago iniciou sua industrialização frenética e acolheu
diversas levas de imigrantes, que
mudaram o perfil humano local.
Em meados do século 19, às vésperas do Grande Incêndio, era
uma potência econômica e um
emaranhado urbano.
Entreposto de alimentos, centro
da indústria siderúrgica e do entroncamento ferroviário, Chicago
queimou para ser reconstruída como uma metrópole moderna.
²
Vaca no início do caminho
Meio lenda, meio história real, a
versão de que a vaca de uma certa
senhora O'Leary teria derrubado
um lampião num paiol está na gênese da Chicago que se tornou
uma capital da arquitetura contemporânea.
As narrativas que emergiram da
fumaça da história dão conta que,
numa noite de 8 de outubro de
1871, Chicago foi consumida pelo
Grande Incêndio, que durou quase
quatro dias.
Para sobreviver, as pessoas pularam nas águas frias do lago Michigan e viram a cidade virar cinza.
Nos anos seguintes, arquitetos
visionários como Burnham, Dankmar Adler (1844-1900) e Louis
Henry Sullivan (1856-1924) puseram Chicago no rumo da modernidade. Frank Lloyd Wright, um dos
mais importantes arquitetos do século, foi outro que emprestou sua
marca à cidade.
Em 1938, quando o século já se
preparava para a Segunda Guerra
Mundial (1939-45), foi a vez de um
dos papas da Bauhaus, a escola
funcionalista de artes aplicadas e
arquitetura da Alemanha, se mudar para Chicago.
Ludwig Mies van der Rohe (1886-1969) chegou para lecionar, mas
acabou criando as bases da Chicago construída em aço e vidro
quando projetou, no International
Style, o prédio do Federal Building,
que abriga o correio e é ornamentada pela escultura "Flamingo"
(1974), de Alexander Calder.
Em oposição ao estilo ascético de
Van der Rohe, que costumava dizer "less is more" (menos é mais)
para justificar o funcionalismo de
seu projetos, surgiram, nos anos
80 e 90, os arquitetos pós-modernos. Helmut Jahn, César Pelli e
Philip Johnson, que consideravam
que "less is a bore" (menos é aborrecido), plantaram em Chicago
torres geométricas de aço e vidro
coloridos, que precisam ser vistas
-até para serem criticadas.
(SILVIO CIOFFI)
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