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ESTADOS UNIDOS
No Norte do país, no Estado de Wyoming, a reserva presta-se à contemplação pura nos meses mais frios
Parque Yellowstone esquenta no inverno
FRED SETTERBERG
The New York Times"
Max Morgan girou sua cabeça
como se ela fosse um compasso e
jogou os cabelos ao vento. "Coiote!", ele gritou. Os olhos de Max
haviam se fixado na plumagem coberta de neve de um abeto (planta
ornamental da América do Norte e
Europa). O resto de nós (seis "urbanóides") esforçou-se para orquestrar uma aproximação ao local onde estaria o coiote.
Na linguagem animal, exercitávamos nossa "busca da imagem"
treinando as faculdades visuais para distinguir um pássaro de uma
rocha, um alce de uma tora e um
coiote de qualquer outra coisa.
Foi então que um coiote do tamanho de um cão enorme surgiu
em um banco de neve quase à borda do lago Yellowstone, no parque
do Zé Colméia e do Catatau, personagens de Hanna Barbera.
"Veja só cara!", festejou Max, o
guia. Seu rosto iluminou-se enquanto a temperatura girava em
torno de muitos graus negativos
-era um final de semana de fevereiro. A excitação de Max era enorme e palpável. "Cara, é um lindo
coiote, sem dúvida."
A atitude de Max, nosso guia no
parque Yellowstone, me preocupou. Seriam as aparições da "vida
selvagem" de fato tão raras a ponto
de suscitar esse nível de entusiasmo? Saberia a resposta a seguir,
quando nos aproximamos mais do
lago -o coração do parque no
quase impenetrável inverno. Logo
uma lontra se materializou no alto
de uma colina.
Mas o animal não era o alvo do
coiote, que estava ali perto. A lontra é um adversário perigoso para
qualquer animal. O coiote pretendia ficar com alguma sobra da truta que a lontra tinha entre os dentes. De novo, Max, o guia, exultou
de contentamento. Sua alegria ia
nos contagiando a ponto de aquecer nossa estada no parque.
Em algumas semanas, esse sentimento teria fim. As estradas de
Yellowstone, seus hotéis e serviços
fecham no final de fevereiro, com o
inverno rigoroso, e os funcionários temporários são dispensados.
A vantagem de estar lá na baixa
temporada é poder usufruir de
uma neve virginal e, claro, não ter
de conviver com outros turistas.
Com um suprimento adequado
de casacos e um lugar aquecido para passar a noite, o lugar sugere
uma imagem de paraíso em meio
ao frio invernal. Contemplando os
cartões-postais do parque no inverno, você se sente como Adão, o
primeiro homem.
Planejar a viagem no inverno é
evitar o pesadelo do parque
Yellowstone: as "paradas" de verão lideradas por turistas que
mantêm uma distância de no máximo um quilômetro em relação a
seus carros. No inverno, há menos
de 50 visitantes no parque. Resultado: sobra espaço e tempo para a
contemplação.
Tradução de
Carla Aranha
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