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SEM EXCESSO DE PESO
Pequeno lanche dura 15 minutos
Músculos causam decepção na balança
MAURÍCIO TUFFANI
enviado especial a Gramado (RS)
Após 15 dias de dieta e de exercícios em um hotel-clínica especializado, subi na balança para ver meu
peso. Só havia perdido 5,8 kg. Não
podia ser possível. Minhas roupas
já estavam folgadas demais. Para
quem havia chegado lá com 136 kg
isso era muito pouco.
Mas a verdadeira surpresa chegou alguns minutos depois. Eu havia na verdade perdido 12,92 kg de
gordura e tinha ganho 7,12 kg de
músculos.
Estava conseguindo caminhar
cerca de 5 km em uma hora e antes
não conseguia completar 200 metros por causa de dores nas costas.
Tinha a pressão arterial normal,
apesar de ter suspendido a medicação que tomava diariamente havia
dez meses. E estava conseguindo
controlar a fome sem usar inibidores de apetite.
Comecei com muito ceticismo
essa história de misturar turismo
com tratamento. Já havia passado
por todos os tipos de inibidores de
apetite, desde as grotescas anfetaminas às mais evoluídas drogas
que agem sobre o sistema nervoso
central. Sempre foi fácil emagrecer. Consegui fazê-lo várias vezes.
Mas desta vez consegui uma mudança radical de hábitos alimentares. Foi preciso ir até Gramado, a
120 km de Porto Alegre (RS), para
ter esse empurrão inicial. Parecia
loucura ter esse objetivo ao ir para
perto das guloseimas alemãs, dos
caprichados vinhos da serra gaúcha e dos famosos chocolates dessa
cidade tipicamente germânica.
De repente, lá estava eu no Kur
Gramado Hotel Clínica. Já tinha
me preparado psicologicamente
para uma longa e torturante rotina
de fome e privações. Mas não foi
nada disso que aconteceu.
²
"Relax"
Ao entrar no Kur, me pareceu
que o ambiente estava mais para o
de uma luxuosa e aconchegante
pousada do que para o de um spa.
Todos os detalhes de arquitetura e
decoração pareciam conspirar em
conjunto para uma só finalidade: o
relaxamento.
Minha grande preocupação naquele momento era que eu havia,
durante a viagem de avião, dispensado as refeições de bordo para poder dormir. Estava faminto e, no
aeroporto Salgado Filho, em Porto
Alegre, fui rapidamente apanhado
pelo motorista do Kur.
Ao chegar ofereceram-me a primeira refeição: um lanche da tarde
com biscoitos de trigo integral,
meio kiwi e um copinho com suco
de melancia. "Isso não vai dar nem
para o começo", pensei. Porém,
quando terminei o lanche, eu, que
normalmente "traçava" um prato
em poucas garfadas, percebi que
havia levado 15 minutos para comer e beber tudo.
Mas ainda estava com fome e já
eram 16h. E eu me lembrei que devia ter um chocolate guardado na
mala que uso para trabalhar. Só foi
nessa hora que dei conta de que os
spas revistam a bagagem dos clientes. Corri para o quarto pensando
nos direitos e garantias individuais
previstos pela Constituição e na legislação de defesa do consumidor.
Mas as malas estavam intactas, devidamente fechadas e desarrumadas do jeito que as havia deixado.
Porém não havia nenhum chocolate. Depois me lembrei que ele ficou em casa.
E a tal revista das bagagens? Liguei para a recepção e fui informado que eles não fazem isso. "E se eu
tivesse guloseimas escondidas?",
perguntei a mim mesmo. Só depois percebi que eles não forçam
ninguém a nada. E me dei conta de
que não estava mais faminto.
Maurício Tuffani viajou a Gramado a convite do
Kur Gramado Hotel Clínica e da Transbrasil.
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