São Paulo, segunda-feira, 08 de janeiro de 2001

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Cruzeiros pela costa brasileira

TRANSATLÂNTICOS QUEREM CONQUISTAR TURISTA NACIONAL


Empresas apostam na queda do preconceito do viajante brasileiro para lotar navios como o Splendour of the Seas e o Costa Marina, que passam o verão no país


MAR À VISTA
O gigantesco Splendour of the Seas chega ao país de olho no incipiente mercado nacional
Brasil entra na rota dos meganavios

Sebastião Nascimento/Folha Imagem
Passageiros do Splendour of the Seas aguardam-no zarpar do Rio de Janeiro


SEBASTIÃO NASCIMENTO
ENVIADO ESPECIAL À COSTA BRASILEIRA

No passado procurada por pouquíssimos transatlânticos internacionais de luxo -e muitas vezes apenas como passagem-, a bela região costeira do Brasil passa a ser cada vez mais assediada por empresas estrangeiras à caça do ainda incipiente, mas promissor, mercado nacional.
E o melhor: elas temperam com um toque nativo a sisudez (se comparada à forma muito mais alegre de o brasileiro se divertir) dos navios norte-americanos e europeus que por aqui navegam, incorporando, por exemplo, a feijoada e a caipirinha ao cardápio e apresentando a boa música de cantores como Pery Ribeiro.
Muitas das embarcações, cujos roteiros duram de três a sete dias pelo pedaço brasileiro do Atlântico, são familiares: Funchal, Costa Allegra e Costa Marina (leia mais sobre este último na pág. G4).
Algumas delas chegam com a proposta de ""popularização" das viagens, que, pelo menos no Brasil, são consideradas ""restritas aos ricos" devido aos altos preços.
É o caso do maior transatlântico que por aqui já chegou, o Splendour of the Seas, cujas medidas chegam a impressionar.
O meganavio tem 274 metros de comprimento, 60 metros de altura (11 andares) e 902 cabines para os turistas. Pode navegar com 1.804 passageiros e 723 tripulantes, ou seja, o correspondente à população de algumas cidadezinhas do interior paulista. Pesa 70 mil toneladas. Imagine quase três campos de futebol (área do gramado). É o seu tamanho.
E o Splendour não é o principal transatlântico da Royal Caribbean, sua proprietária. Perde para o Voyager, que tem 311 metros, capacidade para 3.100 pessoas e pesa 142 mil toneladas.
À disposição, o turista tem no interior do ""resort flutuante" um teatro que acomoda 800 pessoas, três piscinas, sete bares temáticos, dois restaurantes (são consumidas 7.000 refeições ao dia), cassino, um minicampo de golfe com 18 buracos, pista de jogging, fitness center e um spa completo.
""Quem não vê o transatlântico realmente não acredita, e com razão", dizia espantado um passageiro no porto de Santos no dia 23 de dezembro, de onde o Splendour zarpou para o seu primeiro giro de sete dias, que incluía o Rio de Janeiro, Búzios e Ilhabela.
Por uma cabine interna pagava-se US$ 879 (o equivalente a cerca de R$ 1.700) por pessoa, cifra que Eduardo Vampré do Nascimento, presidente da Sun & Sea, representante no país da empresa proprietária, acredita ser acessível ao bolso do brasileiro.
""São seis refeições diárias, além de shows, peças teatrais e outros entretenimentos a bordo. Sem contar que o navio visita muitas cidades e em nenhuma delas é necessário ao passageiro fazer e desfazer malas", afirma Nascimento.
Mas atenção: bebidas alcoólicas, lembranças que evocam a viagem, telefonemas, tudo isso é muito caro. Um caneco de cerveja custa US$ 4,50; o minuto de ligação sai por US$ 7,80.
Quem não entende o inglês, língua oficial do navio, não deve se intimidar: 60% da tripulação fala espanhol, o que facilita o entendimento. A tripulação está tendo aulas de português e 60 brasileiros foram contratados para o giro, segundo a Royal Caribbean.
O Splendour navega até abril pela costa brasileira, percorrendo 17 roteiros que incluem cidades como Salvador, Recife, Fortaleza, Búzios, Ilhabela e Florianópolis. Alguns roteiros passam também por Punta del Este, no Uruguai, e Buenos Aires, capital argentina (veja datas e preços dos roteiros na pág. G3).
Segundo Nascimento, 60 mil brasileiros procuraram a Royal Caribbean para fazer turismo marítimo no ano passado. Isso, para uma população de 160 milhões, é "insignificante", entende ele. A maioria dos cruzeiristas brasileiros costumava frequentar as rotas internacionais. Nascimento acredita que, devido à desvalorização do real frente ao dólar em janeiro de 99, os brasileiros se voltaram para o turismo nacional.
Até a passagem de ano, a Sun & Sea havia vendido 9.000 vagas para as viagens do Splendour. ""Devemos chegar a 25 mil vagas nesta temporada", prevê Nascimento.

Sebastião Nascimento viajou a convite da Royal Caribbean


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