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SEM GLOBALIZAÇÃO
Região do Pantanal tem 3.000 representantes da espécie
Projeto defende arara-azul
DO ENVIADO ESPECIAL A MIRANDA
Considerada em alto risco de
extinção, a arara-azul, uma bela
ave que no mercado clandestino
pode atingir o valor de até US$ 15
mil, parece ter finalmente encontrado no homem mais um parceiro do que um carrasco.
Junto com o Refúgio Ecológico
Caiman e com a Uniderp (Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal), o Projeto Arara Azul, criado em 1990, visa à preservação e à
reprodução da espécie, por meio
do estudo do comportamento
dessa ave.
O projeto foi idealizado pela
bióloga Neiva Maria Robaldo
Guedes, 38, logo depois de uma
expedição pelo Pantanal, quando
avistou pela primeira vez cerca de
30 araras-azuis em uma árvore.
"Foi paixão à primeira vista.
Quando descobri que praticamente não se tinha informações
sobre a espécie, decidi que eu
mesma as buscaria", conta.
Captura ilegal
Segundo a bióloga, o principal
motivo para o risco de extinção é
a captura ilegal para o comércio
nacional e internacional, na
maior parte das vezes, feita por índios com armas de fogo.
"É o caso em que a imagem de
"protetor da natureza" acaba sendo contrariada", afirma ela.
Atualmente, existem aproximadamente 3.000 araras-azuis na região do Pantanal, onde se encontra a maior concentração da espécie, sobretudo no Brasil, já que na
Bolívia e no Paraguai ela está praticamente extinta.
Reprodução
Outra ameaça para a arara-azul
é a dificuldade que a espécie tem
em se reproduzir, já que as aves
não constroem seus ninhos, mas
utilizam as cavidades disponíveis
em duas espécies de árvores, o
manduvi e a ximbuva. Além disso, a espécie alimenta-se exclusivamente de sementes de bocaiúva
e acuri (dois tipos de palmeira),
que nem sempre podem ser facilmente encontradas.
Para evitar que a arara-azul seja
extinta, a equipe do projeto monitora as aves desde a postura dos
ovos até o momento em que os filhotes voam, instalando também
ninhos artificiais para facilitar a
reprodução.
Semanalmente, os biólogos
saem a campo para fazer a medição de peso e de tamanho dos filhotes, além de rastrear sua rota
de vôo por meio de um equipamento conhecido como rádio-colar, um dispositivo colocado no
pescoço da arara capaz de emitir
sinais para calcular a distância em
que a ave se encontra.
O projeto está orçado em cerca
de R$ 65 mil anuais e tem o patrocínio da Toyota e da ONG WWF-Brasil (Fundo Mundial para a Natureza) até o ano que vem, quando termina o prazo do contrato.
(CÁSSIO AOQUI)
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