São Paulo, segunda-feira, 08 de janeiro de 2001

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SEM GLOBALIZAÇÃO
Região do Pantanal tem 3.000 representantes da espécie
Projeto defende arara-azul

DO ENVIADO ESPECIAL A MIRANDA

Considerada em alto risco de extinção, a arara-azul, uma bela ave que no mercado clandestino pode atingir o valor de até US$ 15 mil, parece ter finalmente encontrado no homem mais um parceiro do que um carrasco.
Junto com o Refúgio Ecológico Caiman e com a Uniderp (Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal), o Projeto Arara Azul, criado em 1990, visa à preservação e à reprodução da espécie, por meio do estudo do comportamento dessa ave.
O projeto foi idealizado pela bióloga Neiva Maria Robaldo Guedes, 38, logo depois de uma expedição pelo Pantanal, quando avistou pela primeira vez cerca de 30 araras-azuis em uma árvore.
"Foi paixão à primeira vista. Quando descobri que praticamente não se tinha informações sobre a espécie, decidi que eu mesma as buscaria", conta.

Captura ilegal
Segundo a bióloga, o principal motivo para o risco de extinção é a captura ilegal para o comércio nacional e internacional, na maior parte das vezes, feita por índios com armas de fogo.
"É o caso em que a imagem de "protetor da natureza" acaba sendo contrariada", afirma ela.
Atualmente, existem aproximadamente 3.000 araras-azuis na região do Pantanal, onde se encontra a maior concentração da espécie, sobretudo no Brasil, já que na Bolívia e no Paraguai ela está praticamente extinta.

Reprodução
Outra ameaça para a arara-azul é a dificuldade que a espécie tem em se reproduzir, já que as aves não constroem seus ninhos, mas utilizam as cavidades disponíveis em duas espécies de árvores, o manduvi e a ximbuva. Além disso, a espécie alimenta-se exclusivamente de sementes de bocaiúva e acuri (dois tipos de palmeira), que nem sempre podem ser facilmente encontradas.
Para evitar que a arara-azul seja extinta, a equipe do projeto monitora as aves desde a postura dos ovos até o momento em que os filhotes voam, instalando também ninhos artificiais para facilitar a reprodução.
Semanalmente, os biólogos saem a campo para fazer a medição de peso e de tamanho dos filhotes, além de rastrear sua rota de vôo por meio de um equipamento conhecido como rádio-colar, um dispositivo colocado no pescoço da arara capaz de emitir sinais para calcular a distância em que a ave se encontra.
O projeto está orçado em cerca de R$ 65 mil anuais e tem o patrocínio da Toyota e da ONG WWF-Brasil (Fundo Mundial para a Natureza) até o ano que vem, quando termina o prazo do contrato. (CÁSSIO AOQUI)


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