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UVA SEM CHUVA
Nessa região é produzido 70% do vinho argentino
Passeio com visita a duas bodegas custa 30 pesos; Catena Zapata deu pontapé inicial na modernização
DO ENVIADO ESPECIAL A MENDOZA
Mendoza é responsável por
mais de 70% da produção de vinhos da Argentina, que, neste
ano, deve ultrapassar o Chile
no ranking dos maiores exportadores para o Brasil.
A região tem qualidades essenciais para o plantio de uvas:
o contraste entre a temperatura do dia e da noite, o solo pedregoso, a altitude e a possibilidade de controlar a quantidade
de água na irrigação -já que ali
nunca chove. A água, abundante, é proveniente do degelo das
montanhas e forma rios que
abastecem a Província. O rio
Mendoza é o principal.
As melhores bodegas (vinícolas) argentinas têm suas raízes
fincadas em solos mendocinos.
Plantam tempranillo -considerada a primeira uva a ser trazida da Espanha, por Pedro de
Castillo, fundador de Mendoza
em 1561-, chardonnay, cabernet sauvignon, malbec -a especialidade-, entre outras.
Os vinhos fazem parte da cultura local há muito tempo. Alguns moradores gostam de dizer que começou com a chegada de Castillo. A bebida, então,
era usada nas missas celebradas por jesuítas.
Com a imigração dos italianos no final do século 19, a produção de vinhos de mesa aumentou. Mas a quantidade começou a abrir caminho para a
qualidade há pouco tempo. Somente a partir dos anos 1980
Mendoza entrou para o mapa
dos bons vinhos.
Para conferir como eles são
feitos, é importante visitar ao
menos duas das mais de 1.200
bodegas da região. Elas oferecem visitas guiadas, com degustação no final.
Nas maiores e mais famosas,
o turista descobre que a produção perdeu um pouco do "glamour". Os antigos tonéis de
madeira foram substituídos pelos de aço inoxidável, com maquinários que lembram os de
uma fábrica de suco de laranja.
Só depois da fermentação o vinho é colocado em barris de
madeira, para envelhecer.
Na Familia Zuccardi (www.familiazuccardi.com) -que
produz o vinho Santa Julia-, o
visitante é recebido por um
guia, vê a colheita, a seleção, a
retirada do suco, a fermentação, o envelhecimento e o engarrafamento.
Depois, participa de um ritual de degustação -com três
vinhos diferentes- que aguça
os cinco sentidos: o tato, a visão, o olfato, o paladar e a audição. O visitante aprende a segurar a taça corretamente, a diferença entre as cores, os aromas
e os gostos dos vários tipos de
uva. A audição fica por conta do
"tim-tim". A visita é gratuita. E
acaba na lojinha, onde as garrafas são vendidas por menos da
metade dos preços no Brasil.
O turista pode almoçar na
bodega. Depois de atravessar o
parreiral, chega-se ao restaurante. O almoço completo custa 75 pesos.
Catena Zapata
Uma das estrelas entre as vinícolas mendocinas, a Catena
Zapata (www.catenawines.com) também recebe visitantes. De 1902, a casa tem a maior
parte de sua produção voltada
para a exportação. Mas nem
sempre foi assim.
Nicolás Catena, herdeiro de
vinhedos com produção voltada ao mercado interno, estudou na Universidade da Califórnia. Lá, acompanhou a revolução que fez os vinhos californianos entrarem para o ranking de melhores do mundo.
Em 1985, Catena decidiu
transformar a bodega de sua família. Investiu em maquinário,
contratou enólogos conceituados e importou barris de carvalho franceses e americanos.
Agora tem seus rótulos premiados em vários festivais internacionais. A visita pela vinícola inclui degustação de alguns de seus vinhos. Mas a
maior atração é a sede, cuja arquitetura remete à das pirâmides maias.
Na vinícola La Rural funciona o museu San Felipe. Um
pouco da história dos vinhedos,
dos equipamentos e dos meios
de transporte de várias épocas
podem ser conferidos de graça,
com a companhia de um guia.
Também é possível alugar uma
bicicleta para passear pelos vinhedos da região.
As agências de turismo locais
cobram cerca de 30 pesos pelo
passeio que leva os turistas a a
duas bodegas.
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