São Paulo, segunda, 8 de fevereiro de 1999

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MAMA ÁFRICA
A capital legislativa da África do Sul possui paisagem e violência que se assemelham às do Rio de Janeiro
Cidade do Cabo violenta geografia do belo

Maristella do Vale/Folha Imagem
O monte Cabeça de Leão (à esq.)visto durante um passeio de barco que vai até o Cabo da Boa Esperança


MARISTELA DO VALLE
enviada especial à África

Os crescentes índices de violência registrados na Cidade do Cabo no último ano tornaram a capital legislativa da África do Sul ainda mais parecida com o Rio de Janeiro. Todos os dias, os jornais sul-africanos publicam matérias sobre a Operação Boa Esperança, a campanha de combate à violência da polícia, que atribui os atentados a bomba ao Pagad, uma radical associação de muçulmanos.
Mas, muito antes disso tudo, a Cidade do Cabo já era comparada ao Rio, principalmente pela beleza dos elementos mar-montanha.
Outras coincidências rondam as duas cidades. O Rio de Janeiro já foi capital do Brasil, e a Cidade do Cabo está ameaçada de perder o título de capital legislativa do país, com a possibilidade da transferência do Parlamento para Pretória -que é sede do Poder Executivo- após as próximas eleições, em maio deste ano.
E, se fizer sentido a tese de que a Cidade do Cabo é o Rio amanhã, a harmonia dos prédios com até oito andares, plantados nos pés das cadeias montanhosas do Cabo, pode ser quebrada por uma proliferação de edifícios altos.
Todos esses problemas mundanos, porém, ainda não chegaram ao topo da montanha da Mesa, cujas nuvens dão a impressão de se ter finalmente atingido o céu.
O bondinho que transporta os homenzinhos a 1.086 m de altura é mais uma semelhança entre a Cidade do Cabo e o Rio de Janeiro. O meio de transporte foi construído em 1929, renovado em 1997, e nunca registrou acidentes. A boa diferença em relação ao Pão de Açúcar é a quantidade menor de turistas na Mesa e a boa conservação da área, permitindo que ela vire cenário de piqueniques.
A prática de fazer uma refeição ao ar livre, aliás, é bastante popular na cidade. Nos gramados que margeiam o calçadão da orla e mesmo na areia das praias, famílias inteiras estendem uma grande toalha para fazer sua refeição composta de diversos pratos. A cena lembra levemente os farofeiros do litoral sul paulista, embora os sul-africanos tenham mais classe no cardápio, que sempre inclui uma garrafa do bom vinho sul-africano.
Vale a pena imitar os locais e montar piqueniques nos topos das montanhas da região, que são apreciadas de qualquer ponto da cidade. Quem não bebe álcool pode substituir o vinho pelas águas gaseificadas produzidas na região, com sabores limão, cereja etc.
Montanhas como a Cabeça do Leão, os Doze Apóstolos, a Signal Hill e a própria Mesa convidam os mais esportistas a escalá-las e os românticos a apreciar seus contornos a partir dos inúmeros cruzeiros ao pôr-do-sol que saem do Victoria & Alfred Waterfront, complexo de entretenimento e compras à beira-mar. Os passeios de barco custam, em média, entre US$ 10 e US$ 15 por pessoa.


Maristela do Valle hospedou-se a convite da Judy & Associates.



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