São Paulo, quinta-feira, 08 de abril de 2010

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Cômodos revelam trajetória de estrangeiros que construíram SP

Antiga hospedaria, hoje memorial, evidencia trajetória vital dos imigrantes

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Entre as casas históricas em que viveram pessoas em São Paulo, o Memorial do Imigrante (www.memorialdoimigrante.org.br) é, sem dúvida, aquela que abrigou o maior número de moradores. "Até 1978, o prédio recebeu 2,5 milhões de imigrantes, representando cerca de 70 diferentes nacionalidades e etnias", diz Silmara Novo, diretora técnica do local.
Em cada cômodo do antigo e imenso casarão, tombado pelo Condephaat em 1982, encontram-se histórias de imigrantes procedentes de diversas partes do mundo. A visita é obrigatória para a maioria dos brasileiros descendentes de estrangeiros que vieram ao Brasil a partir de 1888, quando foi oficializada a hospedaria. É possível pesquisar, pelo sobrenome, se o antepassado desembarcou no local e, em alguns casos, qual foi seu destino a partir de lá.
A Hospedaria do Brás, nome que recebeu o prédio em sua inauguração, acolheu cerca de 70% dos imigrantes que chegaram ao porto de Santos (SP). Eles vinham até o local pela antiga linha ferroviária, que os conduzia diretamente ao prédio, onde era possível pernoitar por até oito dias. Depois, eram encaminhados ao trabalho no Estado de São Paulo e proximidades. Em nossos dias, é possível fazer, às quintas e sextas-feiras, um passeio de locomotiva à vapor. Durante o percurso de 1.200 metros, monitores explicam aos visitantes a história da implantação das ferrovias no Brasil -hoje sucateadas.
O maior fluxo de imigrantes foi de italianos, alemães, portugueses, espanhóis e japoneses. "Estima-se que aproximadamente um milhão de italianos vieram à região paulista. Houve um período, no século 19, em que, a cada três pessoas no Estado de São Paulo, dois eram italianos", afirma Novo.
Procure ir ao memorial nos dias de semana, quando há menos visitantes. Ande calmamente pelos salões e largos corredores, nos quais a vista das janelas ainda davam para o desconhecido, e o som ambiente era uma mistura de diferentes idiomas. Imagine que, a partir de lá, muitas famílias ajudaram a escrever, em muitos casos anonimamente, a história do Brasil. (RM)


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