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Cômodos revelam trajetória de estrangeiros que construíram SP
Antiga hospedaria, hoje memorial, evidencia trajetória vital dos imigrantes
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Entre as casas históricas em
que viveram pessoas em São
Paulo, o Memorial do Imigrante (www.memorialdoimigrante.org.br) é, sem dúvida,
aquela que abrigou o maior número de moradores. "Até 1978,
o prédio recebeu 2,5 milhões
de imigrantes, representando
cerca de 70 diferentes nacionalidades e etnias", diz Silmara
Novo, diretora técnica do local.
Em cada cômodo do antigo e
imenso casarão, tombado pelo
Condephaat em 1982, encontram-se histórias de imigrantes
procedentes de diversas partes
do mundo. A visita é obrigatória para a maioria dos brasileiros descendentes de estrangeiros que vieram ao Brasil a partir de 1888, quando foi oficializada a hospedaria. É possível
pesquisar, pelo sobrenome, se
o antepassado desembarcou no
local e, em alguns casos, qual
foi seu destino a partir de lá.
A Hospedaria do Brás, nome
que recebeu o prédio em sua
inauguração, acolheu cerca de
70% dos imigrantes que chegaram ao porto de Santos (SP).
Eles vinham até o local pela antiga linha ferroviária, que os
conduzia diretamente ao prédio, onde era possível pernoitar
por até oito dias. Depois, eram
encaminhados ao trabalho no
Estado de São Paulo e proximidades. Em nossos dias, é possível fazer, às quintas e sextas-feiras, um passeio de locomotiva à vapor. Durante o percurso
de 1.200 metros, monitores explicam aos visitantes a história
da implantação das ferrovias
no Brasil -hoje sucateadas.
O maior fluxo de imigrantes
foi de italianos, alemães, portugueses, espanhóis e japoneses.
"Estima-se que aproximadamente um milhão de italianos
vieram à região paulista. Houve
um período, no século 19, em
que, a cada três pessoas no Estado de São Paulo, dois eram
italianos", afirma Novo.
Procure ir ao memorial nos
dias de semana, quando há menos visitantes. Ande calmamente pelos salões e largos corredores, nos quais a vista das
janelas ainda davam para o
desconhecido, e o som ambiente era uma mistura de diferentes idiomas. Imagine que, a
partir de lá, muitas famílias
ajudaram a escrever, em muitos casos anonimamente, a história do Brasil.
(RM)
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