ERNESTO KLOTZEL
free-lance para a Folha

É até compreensível que se visite Toulouse somente para desfrutar a beleza, a tradição (data do século 4º a.C.) e as jóias arquitetônicas que tornaram a "Cidade Rosa" uma relíquia renascentista.
Mas, além de sítios históricos, a cidade é famosa por uma preciosidade contemporânea, a empresa aeroespacial Airbus.
A cor, sempre presente, transpira dos prédios antigos, erguidos com o tijolo feito do barro do rio Garone, pois não existem muitas pedras por ali.
A região de Toulouse começou a ser habitada já na pré-história -e os traços dessa época estão presentes em Pech-Merie, Mas d'Azil e Aurignac. Já o nome dessa cidade às margens do Garone veio dos condes de Toulouse, que governaram a região por longos anos.
Durante a Idade Média, as peregrinações para Santiago de Compostela (Espanha) passavam obrigatoriamente por Toulouse, e a criação da basílica Saint-Semin se deve a isso.
Assim, Toulouse é hoje o maior monumento da arquitetura romântica existente na França. Com uma igreja, um claustro, uma sala capitular e a capela de Santo Antonino, construídos nos séculos 13 e 14, os jacobinos são exemplo dessa arquitetura.
As cidades medievais fortificadas da região, os castelos e as construções antigas reforçam a importância histórica de Toulouse -e até hoje atraem viajantes.
Outro destaque é o Capitólio, edifício que abriga a prefeitura. Na ala direita, o prédio tem um teatro que funciona como centro de música erudita. Também devem ser visitados a catedral de Saint-Etiènne e o museu do Augustins.
Já o canal Midi, tombado pela Unesco, faz parte de uma grande rede que permite a navegação por todo o país e liga o oceano Atlântico ao mar Mediterrâneo.

Alta tecnologia
A "outra" Toulouse é hoje um dos centros europeus de tecnologia aeroespacial avançada. Reúne o consórcio europeu Airbus Industrie, a tradicional Aerospatiale (Caravelle e Concorde) e o novo consórcio ATR. O conglomerado espacial Ariane também tem sede na região.
Assim, não dá para pensar em Toulouse sem pensar em aviação. Mesmo porque a ligação aérea entre a França e o Brasil nasceu inquestionavelmente na cidade.
Foi dali que a Latecoere, e depois a Aeropostale, iniciaram, nos anos 20 e 30, os primeiros vôos comerciais -e com sabor de aventura- para o Atlântico Sul.



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