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POR DENTRO DE PORTO SEGURO
Índios não festejam a chegada de Cabral
Itambé não
vê motivos
para
comemorar
os 500 do
Brasil
Roda de capoeira na cidade alta, parte histórica de Porto Seguro; os grupos aguardam os turistas para fazer demonstrações da tradicional dança
do enviado especial a Porto Seguro
Os índios da tribo Pataxó que vivem na região de Santa Cruz de
Cabrália sobrevivem da venda de
artesanato, principalmente em
Coroa Vermelha, onde foi realizada a primeira missa no Brasil, e
nas praias do litoral norte de Porto
Seguro.
Alguns vivem reclusos em uma
aldeia de cerca de 1.400 hectares
em uma área chamada de mata
Medonha, onde produzem peças
de artesanato, trabalham na roça e
ainda praticam a caça e a pesca.
O cacique Itambé, 63, é um dos
líderes dos nativos da região. Pai
de oito filhos, nasceu no Monte
Pascoal e mora há 30 anos em Coroa Vermelha, onde vende artesanato e ervas medicinais. Leia abaixo alguns trechos da entrevista
com o cacique.
(
MARCOS PERON)
Folha - O que o sr. acha das comemorações dos 500 anos do descobrimento do Brasil?
Cacique Itambé - Quando Cabral chegou aqui, o Brasil já era habitado pelos índios. Então, para
nós, índios, não há importância
nenhuma, pois nós éramos os donos da terra e ela nos foi tirada. A
nossa festa acontece no Dia do Índio. A descoberta não trouxe beneficio nenhum para os nativos,
muito pelo contrário.
Folha - Quantos índios vivem na
região?
Cacique Itambé - Cerca de 2.000
índios entre os que vivem nas aldeias e os que vivem aqui em Coroa Vermelha.
Folha - Qual o maior problema
dos índios dessa região?
Cacique Itambé - Acho que o
maior problema é a demarcação
das nossas reservas. Quanto mais
rápido o governo desapropriar as
áreas e deixar o índio livre para viver em seu estado primitivo e em
contato com a natureza, melhor
para todos nós.
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