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História e religião andam juntas na rota de Anchieta
DO ENVIADO ESPECIAL AO ESPÍRITO SANTO
Uma boa opção para quem,
além de se exercitar, quer aprimorar seus conhecimentos histórico-religiosos é a caminhada Passos
de Anchieta. A idéia do projeto é
reconstituir a rota percorrida regularmente pelo padre José de
Anchieta nos dez últimos anos de
sua vida, entre 1587 e 1597, compreendida entre a antiga vila de
Rerigtiba (atual cidade de Anchieta) e o colégio de São Tiago (atual
Palácio de Anchieta, sede do governo capixaba), em Vitória.
Atualmente, o trecho, de 105
quilômetros (medidos pela linha
da orla), inclui Vitória, Vila Velha,
Guarapari e Anchieta. O projeto
se inspira na tradição das rotas
místico-históricas que atraem milhões de adeptos à Europa.
A caminhada que reúne o maior
número de pessoas se realiza a
partir do primeiro fim de semana
anterior ao Dia de Anchieta (9 de
junho), mas o trajeto é permanente e aberto o ano inteiro.
Neste ano, a caminhada contou
com brasileiros de diversos Estados, além de franceses, japoneses
e alemães, entre outros. "Sou protestante, mas admiro a cultura
brasileira e seu exemplo de convivência", afirmou a dinamarquesa
Signe Stokholm Mortensen, 16.
Entre os pontos turísticos do caminho, estão a catedral metropolitana de Vitória, o morro do Penedo, o sítio histórico de Vila Velha, a igreja do Rosário, o convento da Penha, a praia da Costa, Itapoã, Itaparica, a ponte da Madalena, a reserva ecológica de Setiba,
as praias de Guarapari, a praia de
Meaípe e o santuário de Anchieta.
Em 16 pontos diferentes, a credencial do andarilho recebe um
carimbo com um desenho que representa o local. Se o papel contiver 80% dos carimbos, recebe-se
um certificado da Abapa (Associação Brasileira dos Amigos dos
Passos de Anchieta).
Em Anchieta, vale a pena visitar
o museu Anchieta, inaugurado
em 1965 com o intuito de preservar a história do beato, imagens e
objetos litúrgicos da igreja que estavam fora de uso e vestígios arqueológicos. Além do acervo de
arte sacra, marcam a exposição
obras de Anchieta e documentos
do seu processo de canonização,
incluindo um pergaminho, do
início do século 18, com abaixo-assinado ao papa pedindo-lhe a
beatificação do padre jesuíta.
Fica ainda na cidade a cela (nome que se dá ao aposento de moradia simples de um religioso) de
José de Anchieta. No local, o padre se isolava para escrever, rezar
e dormir. Foi ali que ele morreu,
em 9 de junho de 1597. Atualmente, a cela abriga um pedaço do osso da tíbia de Anchieta.
A igreja de Anchieta, onde o padre morou, é hoje um santuário
simbólico. Com pinturas indígenas no interior, foi construída há
cerca de 450 anos.
Outros testemunhos da memória histórica do município são os
poços para abastecimento de
água, instalados na fase de colonização. A fonte de Anchieta se localiza na ponta dos Castelhanos.
Moradores contam que Anchieta,
ao retornar de uma viagem com
os índios, teria batido com seu cajado na pedra e teria feito jorrar a
água, que também possuiria poderes de cura.
José de Anchieta nasceu em 19
de março de 1534 em Tenerige,
ilha do arquipélago das Canárias,
que pertence à Espanha.
Em 1551, estudante em Coimbra
(Portugal), entrou na Companhia
de Jesus e, pouco depois, adoeceu
de tuberculose óssea. Os médicos
o aconselharam a vir para o Brasil,
com o argumento de que o clima
ajudaria sua saúde.
Em 13 de julho de 1553, chegou a
Salvador. Logo começou a trabalhar na catequese dos índios, fundou várias cidades e tornou-se
mestre em tupi. Em 22 de junho
de 1980 foi beatificado.
(PDF)
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