São Paulo, segunda-feira, 08 de julho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

História e religião andam juntas na rota de Anchieta

DO ENVIADO ESPECIAL AO ESPÍRITO SANTO

Uma boa opção para quem, além de se exercitar, quer aprimorar seus conhecimentos histórico-religiosos é a caminhada Passos de Anchieta. A idéia do projeto é reconstituir a rota percorrida regularmente pelo padre José de Anchieta nos dez últimos anos de sua vida, entre 1587 e 1597, compreendida entre a antiga vila de Rerigtiba (atual cidade de Anchieta) e o colégio de São Tiago (atual Palácio de Anchieta, sede do governo capixaba), em Vitória.
Atualmente, o trecho, de 105 quilômetros (medidos pela linha da orla), inclui Vitória, Vila Velha, Guarapari e Anchieta. O projeto se inspira na tradição das rotas místico-históricas que atraem milhões de adeptos à Europa.
A caminhada que reúne o maior número de pessoas se realiza a partir do primeiro fim de semana anterior ao Dia de Anchieta (9 de junho), mas o trajeto é permanente e aberto o ano inteiro.
Neste ano, a caminhada contou com brasileiros de diversos Estados, além de franceses, japoneses e alemães, entre outros. "Sou protestante, mas admiro a cultura brasileira e seu exemplo de convivência", afirmou a dinamarquesa Signe Stokholm Mortensen, 16.
Entre os pontos turísticos do caminho, estão a catedral metropolitana de Vitória, o morro do Penedo, o sítio histórico de Vila Velha, a igreja do Rosário, o convento da Penha, a praia da Costa, Itapoã, Itaparica, a ponte da Madalena, a reserva ecológica de Setiba, as praias de Guarapari, a praia de Meaípe e o santuário de Anchieta.
Em 16 pontos diferentes, a credencial do andarilho recebe um carimbo com um desenho que representa o local. Se o papel contiver 80% dos carimbos, recebe-se um certificado da Abapa (Associação Brasileira dos Amigos dos Passos de Anchieta).
Em Anchieta, vale a pena visitar o museu Anchieta, inaugurado em 1965 com o intuito de preservar a história do beato, imagens e objetos litúrgicos da igreja que estavam fora de uso e vestígios arqueológicos. Além do acervo de arte sacra, marcam a exposição obras de Anchieta e documentos do seu processo de canonização, incluindo um pergaminho, do início do século 18, com abaixo-assinado ao papa pedindo-lhe a beatificação do padre jesuíta.
Fica ainda na cidade a cela (nome que se dá ao aposento de moradia simples de um religioso) de José de Anchieta. No local, o padre se isolava para escrever, rezar e dormir. Foi ali que ele morreu, em 9 de junho de 1597. Atualmente, a cela abriga um pedaço do osso da tíbia de Anchieta.
A igreja de Anchieta, onde o padre morou, é hoje um santuário simbólico. Com pinturas indígenas no interior, foi construída há cerca de 450 anos.
Outros testemunhos da memória histórica do município são os poços para abastecimento de água, instalados na fase de colonização. A fonte de Anchieta se localiza na ponta dos Castelhanos. Moradores contam que Anchieta, ao retornar de uma viagem com os índios, teria batido com seu cajado na pedra e teria feito jorrar a água, que também possuiria poderes de cura.
José de Anchieta nasceu em 19 de março de 1534 em Tenerige, ilha do arquipélago das Canárias, que pertence à Espanha.
Em 1551, estudante em Coimbra (Portugal), entrou na Companhia de Jesus e, pouco depois, adoeceu de tuberculose óssea. Os médicos o aconselharam a vir para o Brasil, com o argumento de que o clima ajudaria sua saúde.
Em 13 de julho de 1553, chegou a Salvador. Logo começou a trabalhar na catequese dos índios, fundou várias cidades e tornou-se mestre em tupi. Em 22 de junho de 1980 foi beatificado. (PDF)


Texto Anterior: ES tem maior circuito de arvorismo do país
Próximo Texto: Pacotes
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.