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FRESTA PARA TURISTA
Restrições persistem, mas Líbia se abre para viajantes
Com sítios arqueológicos significativos, país vive há 38 anos sob o poder ditatorial de Muammar Gaddafi
PEDRO CARRILHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NA LÍBIA
Um dos maiores países da
África, a Líbia é um dos menos
explorados no norte do continente. O Saara domina 90% do
país. Resta uma faixa litorânea,
onde fica Trípoli, a capital, e a
maior parte da população. São
as regiões mediterrâneas da
Tripolitânia, a oeste, e da Cyrenaica, a leste.
É para esta última que rumava o avião fretado pelo governo
líbio para jornalistas rumo à cerimônia de assinatura da "Declaração de Cyrene". A maioria deles jamais havia pisado em solo líbio,
e todos pareciam ansiosos para
conhecer o país que só há pouco tempo abriu -discretamente- as portas aos visitantes.
No aeroporto de Labraq,
vans aguardavam o grupo, com
a efígie do coronel Muammar
Gaddafi colada no capô.
O comboio segue para as ruínas gregas de Cyrene, local do
evento, cercado e vigiado por
soldados e policiais à paisana.
No caminho, outdoors comemoram os 38 anos de poder de
Gaddafi. Quando o assunto é a
Líbia, sabe-se muito mais mundo afora sobre seu polêmico líder do que sobre suas cidades,
monumentos e paisagens. Assim, apesar do propósito turístico da visita, todos pareciam
mais interessados em Gaddafi e
seu filho Saif al-Islam, apontado como seu sucessor, que comanda o projeto.
Por trás do pano de fundo político, o fato é que a Líbia tem
alguns dos mais impressionantes sítios arqueológicos do
mundo e, melhor, pouco explorados. Enquanto a Tripolitânia
ostenta ruínas romanas de dar
inveja a Roma, como Leptis
Magna; na Cyrenaica os gregos
deixaram sua marca.
O norte da Cyrenaica tem
uma das mais ricas concentrações de sítios arqueológicos do
Mediterrâneo. Entre tantas,
destacam-se as ruínas da antiga
cidade de Cyrene, espalhadas
pelas Montanhas Verdes, conhecidas em árabe como Jebel
al-Akhdar, de onde se avista o
azul do Mediterrâneo.
São as mais completas ruínas
gregas no norte africano, apelidadas de Atenas da África. Fundada por gregos da atual ilha de
Santorini no ano de 630 a.C.,
teve seu auge no século 5º a.C.
Era a principal cidade entre
Alexandria, no Egito, e Cartago,
na atual Túnis, Tunísia. Cyrene
tornou-se uma província romana em 74 d.C. Mesmo com insurreições e a concorrência comercial de Alexandria e Cartago, manteve sua importância
como centro urbano. Foi com
um terremoto em 365 d.C. que
o destino da cidade foi selado.
Nos séculos seguintes, a região
ficou deserta, exceto por nômades que vagavam pelas ruínas.
Além da herança arqueológica e das belezas naturais, a região é conhecida pelas manifestações culturais, representadas
principalmente por poetas,
contadores de histórias.
Devido à grande migração de
árabes para lá no início do século 20, os laços culturais com a
península arábica são mais fortes ali que no restante do país,
onde é presente a cultura dos
beduínos. Muitos costumam
dizer que o Oriente Médio começa, de fato, na Cyrenaica.
Quase intocada e inexplorada pelo turismo, a região é descrita pela ONG WWF (World
Wild Foundation) como um
dos últimos "paraísos" no Mediterrâneo pode virar destino
cobiçado.
PEDRO CARRILHO viajou a convite da GMCDA
(sigla em inglês para Autoridade de Conservação e Desenvolvimento Montanha Verde)
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