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velho chico hoje
Viagem pela água revela faces do São Francisco
VARIADO Rio encontra diferentes paisagens ao passar por cinco Estados
DO ENVIADO ESPECIAL A MINAS GERAIS
Olhando do alto -ou navegando pelas suas águas-, o Velho Chico impressiona pelo tamanho e pela beleza. Suas curvas parecem não ter fim e, nas
margens extensas, a vegetação
seca cruza o sertão nordestino
transmitindo uma mistura de
poder e fragilidade. Ele, o São
Francisco, é tudo e nada.
É tudo para as populações ribeirinhas que sobrevivem das
suas águas e o tratam como um
deus. E é nada para os responsáveis pela sua degradação.
Para o escritor Guimarães
Rosa, a história do São Francisco -que atravessa Minas Gerais, Bahia, Sergipe, Alagoas e
Pernambuco- é a história do
sofrimento de um rio que, descoberto há mais de 500 anos, é
fonte de vida e riqueza.
Em lugares como Juazeiro,
na Bahia, crianças com vasto
sorriso pulam acrobaticamente
de barcos encalhados em suas
águas. Já os pescadores lavam
peixes frescos no meio do rio
para não deixar odor nas margens, onde turistas se divertem.
Viajar pelas águas do rio faz
com que seja possível entender
a grandiosidade que compositores como Luiz Gonzaga atribuem ao Velho Chico em suas
canções. Ele é grande -e os índios que habitavam a região da
foz do São Francisco o chamavam de Opará, ou "rio-mar".
Mas o rio generoso também é
cenário de sofrimento: andando de carro pelas estradas, no
sertão, a pouca distância da
margem, é comum ver animais
morrendo de sede. Nessas
áreas, a vegetação abundante é
o mandacaru, cacto retorcido
que sobrevive à seca.
Moradores caminham quilômetros de volta as suas casas
com baldes cheios de água barrenta que, muitas vezes, retiraram do leito quase seco. E há as
lavadeiras, cantando para passar o tempo num cenário que
parece eterno, imutável.
Em cada Estado, os hábitos
dos moradores são diferentes.
Na Bahia, é comum observar
pescadores tomando a água do
rio. Ali, turistas aproveitam as
pequenas praias formadas por
bancos de areia.
Em lugares como no norte de
Minas Gerais, crianças espantam o calor brincando nas margens, sem a mesma confiança
na qualidade da água, que ali é
mais poluída. E, no trecho mineiro, o Velho Chico se renova,
com pedras e correnteza que
formam cachoeiras.
(FERNANDO DONASCI)
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