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PORTOS BRASILEIROS
Apesar de não ser turística, cidade recebe com orla ajardinada, museus e restaurantes tradicionais
Parada em Santos não é tempo perdido
DO ENVIADO ESPECIAL À COSTA BRASILEIRA
Grande porto brasileiro, Santos,
a 72 km de São Paulo, não é uma
cidade turística. Mas, destino de
oito dos nove navios que vêm ao
Brasil nesta temporada, com 128
aportagens já confirmadas, encerra grande interesse, com 5,3 km
de orla ajardinados, shopping
centers, museus, vida noturna
agitada e restaurantes populares
onde imperam os pescados, a cidade recém-revitalizou seu centro
histórico. Os paulistanos que lá
embarcam pouco aproveitam
-mas Santos vale a missa, a comilança e até mesmo a praia.
Quem aporta na cidade durante
um cruzeiro terá, entre as excursões oferecidas a bordo, um interessante passeio de dia inteiro até
o Guarujá -com e sem almoço-, um tour planejado por Santos ou até mesmo a opção de ir para São Paulo.
Para descobrir detalhes de Santos e se informar sobre os horários das atrações, antes mesmo de
passar por lá, é bom navegar pelas
páginas www.alegrecentro.santos.sp.gov.br, www.vivasantos.com.br e www.santos.sp.gov.br.
Passear é preciso
De imediato, para um passeio
na região do porto, bem perto de
onde os navios atracam, convém
visitar a Bolsa e o Museu do Café
(www.museudocafe.com.br), na
rua 15 de Novembro, 95.
Já para sair andando do porto
em direção à Ponta da Praia, onde
fica o mercado de peixe, é preciso
cuidado, pois o local tem tráfego
pesado, calçadas precárias e é ermo o bastante para amedrontar o
caminhante desavisado.
O macete do ônibus gratuito
que leva ao shopping Praiamar,
próximo ao canal 6, ajuda a chegar aos locais mais interessantes.
Desse shopping é possível andar
sossegado até a orla e caminhar à
beira-mar como quem volta em
direção do porto, expediente saudável para quem está fazendo um
cruzeiro transatlântico onde, em
geral, come-se muito e anda-se
pouco. Os barcos de pesca, os
grandes navios e mesmo o velho
aquário -que está em reforma
- compõem o cenário de quem
percorre a orla a pé voltando.
O museu da Pesca, num prédio
de 1908, na rua Bartolomeu de
Gusmão, 192, diante do mar, vale
a visita, especialmente para quem
viaja com crianças.
Na verdade, o prédio foi edificado sobre um forte que, já em 1753,
defendia a cidade de ataques piratas. Em exibição permanente, há
uma ossada de baleia de 23 m e 7 t,
diversos tubarões e lulas gigantes
empalhados, uma coleção de
amostras de areia de todas as
praias brasileiras e até peças de
madrepérola dignas de museus
europeus.
Plasmada em tinta à óleo nos
quadros de Benedito Calixto entre
o final do século 19 e início do século 20, Santos conserva intacta
uma simpática aura passadista
-há obras do pintor na pinacoteca que leva seu nome, na avenida
Bartolomeu de Gusmão, 15.
É o canal
Santos até lembra Gênova, na
Itália, porto que também passou
recentemente por uma enorme
onda de regeneração urbana,
uma das maiores de que se tem
notícia. Mas, na cidade portuária
brasileira, os canais ainda são referência.
Do canal 7, próximo à já mencionada Ponta da Praia, saem as
balsas que ligam Santos ao Guarujá, balneário vizinho que vale a
visita por suas praias, com destaque para Pitangueiras, Enseada e
Astúrias.
Outra atração santista, o velho
bonde escocês, remonta a 1910.
Antes desativado, ele voltou à cena e parte da prefeitura, no centro
histórico, num percurso de apenas 15 minutos, que tem início na
praça Mauá.
Para comer, o velho restaurante
Mar Del Plata, na avenida Almirante Saldanha da Gama, 137/139,
próximo da Ponta da Praia e com
vista para a orla, é a pedida, especialmente para quem gosta de
"marisco lambe-lambe", um ensopado de mexilhões com molho
de tomate e arroz.
Outro local tradicional é o Café
Carioca, que há décadas serve
pastel na praça Mauá, 1, mas que
fica fechado aos domingos.
Torcedores do Santos Futebol
Clube, fundado em 1912, têm no
estádio da Vila Belmiro, na rua
Princesa Isabel, 77, um memorial
dedicado ao time e ao seu maior
jogador, Pelé.
Quem não torce pelo "Peixe"
pode torcer para que o velho
Aquário Municipal, que já abrigou 120 espécies no seu prédio
hoje cercado por tapumes, na rua
Bartolomeu de Gusmão, logo seja
reaberto. Outros passeios importantes são o Orquidário Municipal, um parque zoobotânico na
praça Washington (em José Menino) e o monte Serrat, uma montanha servida por escadaria e funicular, cujo acesso é pela praça
Correia de Melo, 33, que é objeto
de peregrinação desde 1909, descortinando uma bela vista da cidade e da zona portuária.
Rio na escotilha
Quem navega de Santos rumo
ao Rio deve tentar dormir cedo
-e acordar com as gaivotas.
O cenário da chegada à baía da
Guanabara é deslumbrante. Ao
amanhecer, os transatlânticos navegam por entre as ilhas Cagarras
e, a seguir, aproximam-se da costa, desfilam ao largo da Barra da
Tijuca, passam perto de Ipanema
e de Copacabana e quase encostam no Pão de Açúcar, para, então, atracarem no cais.
(SILVIO CIOFFI)
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