São Paulo, segunda-feira, 09 de fevereiro de 2004

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MIAMI DE SALTO ALTO

Estabelecimentos disputam avaliação e tamanho de seus acervos, que podem valer milhões de dólares

Coleções de arte viram curinga de hotéis

Silvio Cioffi/Folha Imagem
O " skyline" da baía de Biscayne visto de noite a partir do hotel Mandarin Oriental, que construiu no ano passado uma praia artificial em seu entorno


DA ENVIADA ESPECIAL A MIAMI

Conforto de sobra e serviços personalizados são praxe -e obrigação- nos cinco estrelas. A disputa travada agora pelos recém-inaugaurados empreendimentos hoteleiros de luxo de Miami é pela maior e mais bem avaliada coleção de arte original.
Inaugurado em outubro de 2003, o Four Seasons investiu US$ 3,3 milhões em obras de arte moderna de cerca de 40 autores.
Produzida principalmente por artistas de origem latina que vivem em Miami, a coleção de pinturas, esculturas, fotografias e litografias procura refletir a diversidade cultural da cidade.
Fernando Botero, o colombiano que se notabilizou pelas figuras rechonchudas existentes em seus óleos e esculturas, é autor dos bronzes "Adão", "Eva" e "Mulher Sentada", que estão expostos no lobby do hotel . Eles ancoram sua coleção, que conta ainda com obras de Beatricia Sagar, Edouard Duval-Carré e Jesus Rafael Soto, entre outros.
Por uma diária de a partir de US$ 325, o hóspede pode desfrutar de três piscinas externas aquecidas, saunas e da maior academia de Miami, o Sports Club/LA.
O hotel oferece ainda spa e um programa de recreação supervisionado para crianças de quatro a 12 anos. O Kids for All Seasons entretém as crianças enquanto os pais trabalham ou relaxam.
Instalado no prédio mais alto de Miami, o Four Seasons descortina belas vistas de qualquer um dos quartos ou suítes. Porém sua localização no centro do distrito financeiro da cidade, em meio a prédios de bancos e escritórios, não recomenda passeios a pé pelo bairro. O turista não tem o que fazer nos arredores do hotel. Mas, além de o agito acontecer a apenas alguns minutos de carro dali, em Miami Beach, o Four Seasons é uma boa opção para quem vai para Miami a negócios.

Estilo South Beach
O suntuoso hotel Ritz-Carlton, inaugurado no dia 31 de dezembro, é resultado de uma megarreforma do histórico hotel DiLido, na esquina da Lincoln Road com a Collins Avenue.
Além de preservar o estilo art déco do lugar (movimento artístico que dominou a década de 1930 e que priorizava principalmente o equilíbrio dos volumes e a singeleza linear), o mais novo hotel à beira-mar teve de se adaptar ao ritmo badalado de South Beach para atrair hóspedes dispostos a pagar diárias de a partir de US$ 349. Mas os investimentos não ficaram restritos à badalação.
O Ritz-Carlton encomendou uma série de trabalhos modernos de artistas latino-americanos e europeus para incrementar seus ambientes luxuosos. Uma coleção original de 26 telas que retratam a fauna amazônica, de Dario Basso, forma um mural que se destaca no restaurante Americana. Outro destaque é uma tela de Joan Miró, de 1,6 m por 1,21 m, no lobby.
Diana Lowenstein, proprietária do Ritz-Carlton, cuidou pessoalmente da seleção dos artistas que produziram a coleção, avaliada em US$ 2 milhões. "Procurei artistas cujos estilo e visão contemporânea estivessem em sintonia com a arte do período em que o DiLido foi construído [1953]."
O clima constante de festa e o entra-e-sai nos bares do hotel podem espantar famílias interessadas em férias tranqüilas, mas é ideal para os que querem freqüentar a noite da cidade.
Ainda na Ocean Drive, o hotel Sagamore é pura arte contemporânea. Há cerca de dois anos, o designer de interiores Scott Hankes foi convidado a participar da reforma do prédio, que data de 1948. Hankes teve a idéia de criar um hotel-galeria. Cada ambiente do local ficou sob inspiração de um dos 25 artistas contratados, entre eles o brasileiro Vik Muniz.
Resultado: lobbies e quartos têm características e objetos únicos, sempre privilegiando o conforto, sem muita frescura.

78 anos de história
A grande relíquia do tradicional hotel Biltmore, dono da maior piscina com estátuas dos EUA e cercado por campo de golfe, em Coral Gables, é a sua própria história, que já dura 78 anos e é contada em uma exposição permanente de 300 fotos espalhadas pelo hotel, com diárias a partir de US$ 290 -baratas, se comparadas às de outros destinos luxuosos. A trajetória do hotel se mistura com a de Coral Gables e Miami.
A primeira fase do Biltmore, 1926-1942, pode ser considerada um ícone da era do jazz. O duque e a duquesa de Winsdor, Ginger Rogers, Judy Garland e Bing Crosby eram hóspedes freqüentes. Shows musicais, bailes de gala e apresentações na grande piscina do hotel atraíam de políticos, como o presidente Franklin Roosevelt, a gângsteres famosos, como Al Capone. Ainda nesse período, o hotel sofreu com a quebra da Bolsa de Nova York, em 1929.
Na fase seguinte, 1942-1968, o Biltmore foi convertido em hospital para soldados que lutaram na Segunda Guerra (1939-45), abrigou uma escola de medicina e, mais tarde, um centro de recuperação de veteranos de guerra.
O hotel voltou a florescer em 1983, com uma restauração de US$ 55 milhões. Em 1987 foi reaberto, mas faliu em 1990. A fase atual começou em 1992, quando foi comprado pelo consórcio Seaway e recebeu uma reforma de US$ 40 milhões. (Veja diárias e telefones de reservas dos hotéis no quadro ao lado.)
(NOELI MENEZES SOARES)


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