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OLHAR CARIOCA
Santa boliviana rebatizou "Sacopenapã"
No posto 6, imagem da Nuestra Señora de Copacabana originou igreja destruída para dar lugar ao forte
do arquivo do IMS mostra a a igreja de Nossa Senhora de Copacabana, onde hoje fica o forte; ao lado, o aqueduto da Carioca, conhecido como arcos da Lapa
SILVIO CIOFFI
EDITOR DE TURISMO
"Copacabana" (2001), filme
de Carla Camurati -leia entrevista com a cineasta na pág.
F9-, conta a história da praia
carioca que, antes de virar bairro, era habitada pelos tamoios e
se chamava Sacopenapã.
O nome Copacabana chegou
ao Rio vindo da Bolívia, possivelmente no fim do século 18.
Foi então achada no local
uma imagem de Nuestra Señora de Copacabana, num tempo
em que pequenos "milagres"
eram pretexto para a edificação
de uma igreja e a consequente
urbanização. Mais antiga que a
santa venerada na Bolívia, a
história do nome Copacabana
deriva da divindade Cópac
Awana, de origem quíchua, que
o sincretismo transformou numa santa católica às margens
do lago Titicaca.
O fato é que o "achamento"
da imagem da santa no Rio inspirou a construção da capela de
Copacabana, em 1746.
Retratada pelo pioneiro francês da fotografia Marc Ferrez
(1842-1923), essa igreja pairava
solitária na encosta onde, depois, foi edificado o forte de Copacabana, no canto direito da
praia, chamado de posto 6.
Antes de ser anexada ao Rio,
Copacabana ganhou, em 1776,
o forte do Leme, no canto esquerdo da praia, num tempo
em que o sistema de defesa da
cidade era prioridade da Coroa
portuguesa.
A abertura do túnel Velho,
em 6 de junho de 1892, trouxe a
Copacabana o bonde -e, com
ele, o rio desandou a crescer.
Em 1918, em meio a uma Copacabana já relativamente urbanizada, a igreja foi demolida
e, no seu lugar, foi construído o
forte de Copacabana.
Em 5 de julho de 1922, eclodiu a Revolta dos 18 do Forte.
Então, no bojo do movimento
tenentista contra o presidente
Epitácio Pessoa, o Rio entra na
modernidade.
De 1923, o aristocrático hotel
Copacabana Palace, projeto do
francês Joseph Gire, foi construído por Octavio Guinle, colocando o bairro -e a praia-
no mapa-múndi do turismo.
Vieram a Revolução de 1930,
a intensa urbanização e o estilo
art déco virou onipresente nos
prédios que tomaram a orla.
Nos anos 50 e 60, um paredão de edifícios substituiu os
casarões à beira-mar e, afinal, o
bairro enfrentou a decadência.
Quando Juscelino Kubitschek mudou a capital para Brasília, em 1960, tocava nas rádios
cariocas a marchinha "dizem, é
voz corrente, que em Goiás será
a nova capital/ façam o que quiserem, mas não tirem o nosso
Carnaval". Felizmente, tal mudança nunca aconteceu.
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