São Paulo, segunda-feira, 09 de julho de 2001

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LUXO BAIANO

Qualidade dos detalhes impressiona em empreendimento no sul da Bahia que indexa suas diárias ao dólar

Toca do Marlim investe em requinte

MARCELO PLIGER
ENVIADO ESPECIAL À BAHIA

Esqueça os estigmas sobre Bahia, exceto a praia, os coqueiros e a expressão "meu rei". Candidato a primeiro hotel seis estrelas do país, o Toca do Marlim, em Santa Cruz Cabrália, encarna esse espírito ao pé da letra.
A 15 minutos de Porto Seguro (menos de três horas após o embarque em São Paulo), a van cruza a primeira das garantias de tranquilidade do lugar: as águas calmas do rio João de Tiba, cujo mangue é preservado por lei.
Uma estrada de terra e as discretas iniciais PPV (Porto Pero Vaz) escondem um hotel construído em oito anos ao custo de R$ 14 milhões. O valor chama a atenção, considerando-se que a casa só possui dez quartos. Talvez preço e tempo sejam justificados pela soma de tantos detalhes excepcionais resultando num local charmoso e relativamente discreto.
No terreno de 700 mil m2, a construção de madeira aproveita a vista dos 2,5 km de praia. "Um lugar onde é possível perceber que a terra é redonda", diz Bennett Nisencwajg, idealizador do empreendimento, referindo-se ao mar verde que domina quase 180 graus de horizonte. A praia é praticamente exclusiva num dos pontos mais planos da região, visitada por golfinhos em algumas épocas do ano.

Passeio
Na maré baixa, o mar se afasta até 1 km, o que é ideal para a criação dos cavalos lusitanos do hotel, preciosidades de até US$ 160 mil à disposição dos hóspedes.
Ex-sócio de Walter Zanine Caldas -arquiteto já morto e conhecido pelos trabalhos inovadores com madeira-, Nisencwajg assumiu a obra do hotel, cuja arquitetura é funcional, com estruturas em ipê e ambientes amplos, abertos para o exterior. Na casa, a qualidade dos detalhes chama a atenção. O piso cerâmico é espanhol, e os azulejos, italianos.
Fazem parte da decoração uma marquesa (espécie de sofá de madeira) que pertenceu à família real de Java e um oratório português do século 16. Já foram encomendadas cadeiras desenhadas pelo catalão Gaudí. Na praia, espreguiçadeiras francesas. Os quartos têm em média 85 m2. O pé-direito, cerca de seis metros.
Uma ficha questiona o hóspede sobre suas preferências. Frutas, bebidas, serviço de fax, temperatura ambiente. Nas camas "king size", vindas da Suíça, é possível regular a inclinação por controle remoto. Lençóis e toalhas são de algodão egípcio. Nos travesseiros, penas de ganso inglês. No banheiro, o chuveiro inglês feito à mão é folheado a ouro.
O Toca não está pronto. Mais 30 quartos estão sendo construídos, assim como sala de ginástica, sauna, cinema, salão de jogos e quadras esportivas. As obras acontecem quando não há hóspedes.
O paisagismo de Isabel Duprat ainda não está acabado. A discípula de Burle Marx assina também a piscina na beira da praia.
Por R$ 50 é possível submeter-se a uma sessão de massagem suíça, na praia, entre os coqueiros e o mar, sob o sol da tarde ou apreciando estrelas na noite quente.

Comida
A comida é baseada na escola francesa e faz uso de produtos da região, como a salada de lentilhas e pequenos camarões servidos em volta de um saquinho feito de uma folha de repolho amarrada por uma cebolinha. Dentro, um tomate cozido e sem pele.
As taças de cristal recebem os vinhos da adega planejada pelo sommelier Paulo Nicolai. Pitanga, manga e capim bravo estão entre os ingredientes dos sucos naturais. Os pães são feitos ali mesmo.
Na praia, peça raspas de coco assadas e salgadas, iguaria criada pelo barman do hotel.
O Toca do Marlim foi inaugurado em dezembro e os donos planejam terminá-lo até 2002. As diárias são indexadas ao dólar. Custam a partir do equivalente a US$ 399 (meia-pensão, solteiro) e US$ 426 (pensão completa). Um sanduíche pode chegar a R$ 25. O preço salgado é uma das estratégias para selecionar a clientela.


Marcelo Pliger viajou a convite da Teresa Perez Tours, da Rio-Sul e do hotel Toca do Marlim


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