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LUXO BAIANO
Qualidade dos detalhes impressiona em empreendimento no sul da Bahia que indexa suas diárias ao dólar
Toca do Marlim investe em requinte
MARCELO PLIGER
ENVIADO ESPECIAL À BAHIA
Esqueça os estigmas sobre Bahia, exceto a praia, os coqueiros e
a expressão "meu rei". Candidato
a primeiro hotel seis estrelas do
país, o Toca do Marlim, em Santa
Cruz Cabrália, encarna esse espírito ao pé da letra.
A 15 minutos de Porto Seguro
(menos de três horas após o embarque em São Paulo), a van cruza
a primeira das garantias de tranquilidade do lugar: as águas calmas do rio João de Tiba, cujo
mangue é preservado por lei.
Uma estrada de terra e as discretas iniciais PPV (Porto Pero Vaz)
escondem um hotel construído
em oito anos ao custo de R$ 14 milhões. O valor chama a atenção,
considerando-se que a casa só
possui dez quartos. Talvez preço e
tempo sejam justificados pela soma de tantos detalhes excepcionais resultando num local charmoso e relativamente discreto.
No terreno de 700 mil m2, a
construção de madeira aproveita
a vista dos 2,5 km de praia. "Um
lugar onde é possível perceber
que a terra é redonda", diz Bennett Nisencwajg, idealizador do
empreendimento, referindo-se ao
mar verde que domina quase 180
graus de horizonte. A praia é praticamente exclusiva num dos
pontos mais planos da região, visitada por golfinhos em algumas
épocas do ano.
Passeio
Na maré baixa, o mar se afasta
até 1 km, o que é ideal para a criação dos cavalos lusitanos do hotel,
preciosidades de até US$ 160 mil à
disposição dos hóspedes.
Ex-sócio de Walter Zanine Caldas -arquiteto já morto e conhecido pelos trabalhos inovadores
com madeira-, Nisencwajg assumiu a obra do hotel, cuja arquitetura é funcional, com estruturas
em ipê e ambientes amplos, abertos para o exterior. Na casa, a qualidade dos detalhes chama a atenção. O piso cerâmico é espanhol, e
os azulejos, italianos.
Fazem parte da decoração uma
marquesa (espécie de sofá de madeira) que pertenceu à família real
de Java e um oratório português
do século 16. Já foram encomendadas cadeiras desenhadas pelo
catalão Gaudí. Na praia, espreguiçadeiras francesas. Os quartos
têm em média 85 m2. O pé-direito,
cerca de seis metros.
Uma ficha questiona o hóspede
sobre suas preferências. Frutas,
bebidas, serviço de fax, temperatura ambiente. Nas camas "king
size", vindas da Suíça, é possível
regular a inclinação por controle
remoto. Lençóis e toalhas são de
algodão egípcio. Nos travesseiros,
penas de ganso inglês. No banheiro, o chuveiro inglês feito à mão é
folheado a ouro.
O Toca não está pronto. Mais 30
quartos estão sendo construídos,
assim como sala de ginástica, sauna, cinema, salão de jogos e quadras esportivas. As obras acontecem quando não há hóspedes.
O paisagismo de Isabel Duprat
ainda não está acabado. A discípula de Burle Marx assina também a piscina na beira da praia.
Por R$ 50 é possível submeter-se a uma sessão de massagem suíça, na praia, entre os coqueiros e o
mar, sob o sol da tarde ou apreciando estrelas na noite quente.
Comida
A comida é baseada na escola
francesa e faz uso de produtos da
região, como a salada de lentilhas
e pequenos camarões servidos em
volta de um saquinho feito de
uma folha de repolho amarrada
por uma cebolinha. Dentro, um
tomate cozido e sem pele.
As taças de cristal recebem os
vinhos da adega planejada pelo
sommelier Paulo Nicolai. Pitanga,
manga e capim bravo estão entre
os ingredientes dos sucos naturais. Os pães são feitos ali mesmo.
Na praia, peça raspas de coco
assadas e salgadas, iguaria criada
pelo barman do hotel.
O Toca do Marlim foi inaugurado em dezembro e os donos planejam terminá-lo até 2002. As
diárias são indexadas ao dólar.
Custam a partir do equivalente a
US$ 399 (meia-pensão, solteiro) e
US$ 426 (pensão completa). Um
sanduíche pode chegar a R$ 25. O
preço salgado é uma das estratégias para selecionar a clientela.
Marcelo Pliger viajou a convite da Teresa Perez Tours, da Rio-Sul e do hotel Toca do Marlim
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